O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em meu pronunciamento de ontem, afirmei que este Governo é o do “ninguém sabe, ninguém viu”.

Senador Mão Santa, para tudo o que se pergunta a qualquer Ministro, responde-se que ninguém viu e que ninguém sabe. Por isso, chamei este Governo atual do Presidente Lula de “República dos Esquecidos”. Ninguém se lembra de nada.

Ontem, após ouvir o pronunciamento do Presidente Lula, no meu Estado, Pernambuco, na Cidade de Garanhuns, onde ele nasceu, estou chegando à conclusão de que o Governo se está especializando em criar ilusões. Primeiramente, o Presidente da República diz que está sendo perseguido pelas elites, logo ele, que tem tratado os banqueiros com um farto banquete dos juros altos.

Não há ninguém da elite, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que não esteja feliz com o Governo, que mantém a taxa de juros tão alta, porque a elite, na realidade, ganha dinheiro aplicando recursos - ao contrário da classe trabalhadora, que recebe dinheiro trabalhando.

Tenta-se iludir a população dizendo que a imprensa e a Oposição são os responsáveis pela crise política que se abate sobre seu Governo, como se o escândalo não tivesse origem e personagens entre os Parlamentares da base Parlamentar do Governo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quem são as principais estrelas dessa crise? O Deputado Roberto Jefferson, o Sr. Delúbio, o Sr. Silvinho, o Sr. Marcelo Sereno, o Sr. Genoino, o Ministro José Dirceu e outros mais. Esses diretores das estatais foram nomeados e admitidos pelo Governo, portanto não há ninguém da Oposição, pessoa alguma, personagem algum da Oposição que seja importante nesta crise. Esta é uma crise interna do Governo, de má gerência, de roubo, de uma série de questões erradas que agora estão aparecendo.

Até o propalado crescimento da economia brasileira está se mostrando, infelizmente, mais uma ilusão. Sabemos que o País não cresceu no primeiro ano do Governo Lula, ficou estável, até decresceu um pouco; depois, no segundo ano, cresceu 4%; e agora, relativamente ao terceiro ano, o relatório da Cepal, que é a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, diz: “O Brasil só crescerá mais, este ano, do que o Haiti e El Salvador”. O Haiti, um dos países mais pobres do mundo, está em guerra, então esse vai crescer menos do que o Brasil.

As ações na área social, arremedo malfeito dos programas do Governo anterior, não passam de ilusionismo, mantidos à custa de vultosas campanhas de marketing que, agora sabemos, era mantido pelo “valerioduto”.

Na realidade, temos os tais programas sociais: o Fome-Zero, de que ninguém nunca mais ouviu falar, aparentemente está funcionando apenas no Piauí; o Banco Popular, que gastou mais em publicidade - diga-se de passagem, com a agência do Sr. Marcos Valério, Senador Maranhão - do que com empréstimos para a população carente. Gastou, se não me engano, R$29 milhões em propaganda que ninguém viu. Não sei se V. Exª viu alguma propaganda do Banco Popular na televisão. Ou seja, gastou-se mais em propaganda do que em empréstimo para a população pobre.

A última ilusão presidencial é que tem o controle da vontade da sociedade brasileira. Uma cerimônia oficial ontem, financiada com recursos públicos, o Presidente Lula transformou em comício eleitoral, no qual acabou lançando a sua candidatura à reeleição, antecipando a campanha presidencial em 14 meses.

Normalmente, toda pessoa que está no poder adia o máximo que pode o início da campanha eleitoral. O Presidente Lula, ontem, lançou a campanha eleitoral em Pernambuco e já escolheu até o slogan, Senador Mão Santa, já começou com o slogan para a próxima campanha, que é: “Vocês vão ter que me engolir outra vez”. Esse foi o slogan que ele lançou ontem no Estado de Pernambuco para a campanha eleitoral. Até não é muito criativo porque esse foi o slogan lançado pelo Zagalo, antigo técnico da seleção, que depois veio a perder a Copa do Mundo. É o que eu acho que vai acontecer com ele: com esse slogan ele vai perder a eleição.

Ilude-se o Presidente Lula quando imagina que a população brasileira, enganada pelo PT em 2002, engolirá novamente a fraude eleitoral que é o Governo do valerioduto.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Vou encerrar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Vou dar mais dois minutos a V. Exª.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Obrigado.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª permitiria que eu participasse?

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Pois não, com muito prazer, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador José Jorge, eu já o conhecia como Ministro. Diante do “apagão”, V. Exª deu luz. Eu fui testemunha disso quando governava o Piauí. Mas eu quero contestar. Passei aqui dois anos, sete meses e quatro dias aplaudindo os pronunciamentos de V. Exª, como todo o País, mas hoje eu quero contestar V. Exª. Esse negócio de estrela? Estrela está no céu, está na bandeira. O Piauí tem uma estrela, uma estrela de cimento. Eu ficaria com Ulysses Guimarães, que disse: “a corrupção é o cupim da democracia”. Eles são cupins, não são estrelas não.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Mas eu, por acaso, disse que ele era estrela, Senador?

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Da crise.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Eu não falei em estrela aqui, Senador.

Eu gostaria de informar também, Senador Mão Santa, Sr. Presidente Senador Romeu Tuma, que nós vamos entrar com representação junto ao Ministério Público imputando ao Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva crime de responsabilidade ao usar um evento público para dar início a sua campanha à reeleição. Na realidade, no momento em que o Presidente Lula utilizou um ato público governamental, viajou no avião oficial, com assessores, com carros oficiais, gastando dinheiro público, ele não pode transformar esse evento num comício. Então nós vamos sugerir ao nosso Partido que entre com representação junto ao Ministério Público para que o Presidente Lula seja processado por crime de responsabilidade e mau uso da máquina pública.

Era isso, Sr. Presidente.