O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperdiça, perante a História, uma oportunidade única de se afirmar como estadista ao adotar posturas incompatíveis com a de um Chefe de Estado num momento de crise. As declarações do Presidente Lula proferidas ontem nos palanques por onde passou desafiam todos os limites do bom senso e da sensatez humana. O Presidente afirmou que “não precisa de favor nem de piedade de ninguém”. Na verdade, Srªs e Srs. Senadores, o que o Presidente Lula precisa, realmente, é de equilíbrio.

Ninguém suporta mais - chegamos à exaustão - assistir ao Presidente Lula repetir os mesmos “chavões”, orientado pelo “marketeiro de plantão”. A postura do Presidente da República, desde que eclodiram as denúncias de corrupção, têm sido mescladas pelo autoritarismo e pela arrogância. Nas últimas 24 horas, o discurso do Presidente incorporou um rancor explícito, demonstrando que a fase do Lula “paz e amor” foi apenas um figurino escolhido pelo Sr. Duda Mendonça, a ser usado na campanha.

“Com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir”, bradava o Presidente na sua terra natal, a cidade de Garanhuns.

O tom raivoso do discurso de Sua Excelência representa um perigo real e imediato para o País.

A maneira como se conduz demonstra que o Presidente prioriza a mola-mestra do hoje esfacelado projeto de poder - a reeleição - e ao mesmo tempo adota todas as estratégias diversionistas para desviar o foco da crise.

No plano internacional, todos os lances da crise interna estão sendo acompanhados. A cobertura da mídia internacional vem sendo incansável. Hoje, por exemplo, o jornal argentino Clarín traz uma reportagem que afirma que “no Brasil, joga-se uma partida desconcertante”. No plano interno, a sociedade acompanha os desdobramentos da desconcertante crise.

A Transparência Brasil denunciou hoje as manobras diversionistas em curso e apontou de forma incisiva “a imensa dimensão do esquema de corrupção posto a nu nesta que é a maior crise da história brasileira recente.”

A Transparência Brasil alerta que “o suceder-se de depoimentos na CPMI dos Correios, na Procuradoria-Geral da República, na Polícia Federal, todos obedecendo a uma mesma diretriz jurídica, e todos caracterizados por um cinismo desavergonhado, tem por finalidade limitar as eventuais punições ao plano político, desviando-se dos planos criminal e fiscal. A prosperar essa estratégia, os malfeitores permanecerão impunes.”

Nesse contexto, Sr. Presidente, solicito a Vossa Excelência a transcrição, nos Anais da Casa, na íntegra, do documento divulgado pela Transparência Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Documento da Transparência Brasil”