Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Ações realizadas por S.Exa. quando ocupou o Governo do Estado do Piauí. Comentários ao texto intitulado "A fraude de Nelson Jobim", de autoria do ex-governador Leonel Brizola.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Ações realizadas por S.Exa. quando ocupou o Governo do Estado do Piauí. Comentários ao texto intitulado "A fraude de Nelson Jobim", de autoria do ex-governador Leonel Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2005 - Página 26786
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRISE, POLITICA NACIONAL, PERDA, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, REGISTRO, VIDA PUBLICA, ORADOR, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, JUDICIARIO, PERSEGUIÇÃO, ORADOR, REITERAÇÃO, IDONEIDADE.
  • EXPECTATIVA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTICIPAÇÃO, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Tião Viana, Senadoras e Senadores aqui presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes ou que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, está no livro de Deus, Senador Tião Viana, que depois da tempestade vem a bonança. Outros dizem, Suassuna: depois do dilúvio. Aqui, é do Delúbio. Mas estamos nós com essa fé e essa crença, Senador José Jorge, e entendemos que nunca dantes, jamais, o Brasil passou por tantas dificuldades.

Senador Tião Viana, gosto de conhecer a História universal, a do Brasil, a do Piauí. E fazendo uma reflexão daquilo que estudamos - todos nós, brasileiros -, vemos que esta é a mais vergonhosa página de nossa história.

Atentai bem, auscultem as crianças. Todos, desde as crianças, estão envergonhados com a imagem do político. Vim para cá, para a política, Senador Tião Viana, não como um desesperado, mas como um vitorioso da minha profissão, porque, Senador José Jorge, que, no tempo em que eu trabalhava numa sala de cirurgia de uma Santa Casa, essas mãos guiadas por Deus conseguiam salvar um aqui e acolá com um bisturi. Mas entendi que essas mesmas mãos, com outro instrumento, uma caneta, poderiam fazer muito mais bem. E é só isso. Foi isso que me atraiu. Foi isso que me fez estar aqui. E como é difícil!

Falo aqui tendo enfrentado a ditadura militar. A minha cidade foi a primeira do Piauí, Parnaíba, a vencer os candidatos da ditadura pelo MDB.

Mil novecentos e setenta e dois. Senador Augusto Botelho, Senador Papaléo Paes, antes de Ulysses e Sobral Pinto aqui serem candidatos, nós lá enfrentávamos e já vencíamos os candidatos da ditadura. Essa é a história aberta.

Então, com a gratidão do povo pela decência com que exerci a Medicina, fizeram-me político. E esse mesmo povo me trouxe para cá. E não foi fácil, não. Tombamos na mais vergonhosa página de injustiça. Eleito, contas aprovadas no Estado, seis a um, e de repente, na calada da madrugada, me botaram para fora. E disseram, Papaléo - olhem a falta de vergonha! - que eu tinha dado luz para os pobres. Eles não pagavam não. Quem tinha conta de menos de trinta quilowatts, um, dois, três, quatro - aprenda, Lula -, o serviço social pagava.

Água? Eu nunca deixei cortar água de um pobre. Se eu via esses malandros ricos parcelarem suas contas nos bancos em até dez anos, por que eu não faria isso com as contas dos pobres? Fiz.

E que eu dei comida para os pobres. Quem criou esse negócio de restaurante popular fui eu, Lula: Sopa na Mão. Disseram que era propaganda falar em “mão”. Então, “contramão” e “mão” também não se podia falar.

E que eu dei remédio. Ah, Justiça! Eles me tiraram. E essa vergonha que está aí ninguém fala. Imagina-se até sair candidato desse mar de corrupção.

O PMDB é esse partido de luta que eu represento. Papaléo, a Veja diz aqui: “Um Juiz para Presidente”.

Brasileiros, José Jorge, V. Exª é engenheiro. Leonel Brizola também foi engenheiro, brasileiro, Deputado, Prefeito, duas vezes Governador, vibrante, honrado, honesto, mas não chegou à Presidência - Rui Barbosa também não chegou. E eu sei que ele criou esse Partido, o PDT, grandioso partido. Atentai bem: Brizola escrevia uns “tijolaços”, e eu os li, admirador dele que era. O último “tijolaço”, lá no jornal do Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil, era a fraude de Nelson Jobim. É! É!

Eu só quero dizer: o Poder Executivo está comprometido? Está. O Poder Legislativo está. O Poder Judiciário está condenado por Leonel Brizola. Entendeu, Tião Viana? Essa é a verdade.

Eu fui vítima, mas o povo, o povo soberano, o povo forte, o povo corajoso, bravo, o povo do Piauí nos fez Senador da República. Em nosso hino, Senador Tião Viana - atentai bem -, temos: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador, na luta o teu filho é o primeiro que chega”.

E eles me mandam para cá, para esta luta, para esta transparência. Eu fui o primeiro aqui, e para fazer Oposição.

Sibá, que também nasceu no Piauí, e nós o emprestamos para o Acre - e o Acre tem um grande Governador, e eu ouvi o conselho que ele deu ao Presidente da República: para pedir desculpas, para enfrentar a verdade, para fazer uma agenda mínima para entregar este País na paz.

Mas estamos aqui nesta ciência para dizer, Tião Viana, José Jorge, que, como os piauienses deram a vida lá, em 13 de março, para expulsarmos os portugueses e garantirmos a unidade, nós estamos aqui com a mesma coragem, neste momento de maior dificuldade da política do País.

Entendo, e entendo bem, que essa democracia repousa... Não chamo de Poder, mas instrumentos, porque entendo que poder é Deus, poder é o povo de Deus! Somos instrumentos da democracia: o instrumento Executivo, o instrumento Judiciário e o instrumento - aqui nós - Legislativo. Todos nós precisamos aproveitar essa tempestade, esse dilúvio, esses delúbios para limparmos esses três instrumentos, conscientes, Papaléo, de que o poder é o povo, de que o povo é soberano, de que é o povo quem decide. E que saiam disso Partidos limpos, puros e fortes!

Não quero o PT acabado não. Acho que ele deve vir limpo e forte. Não admito ele cooptar, trocar a nossa luta e a nossa história de Partido que redemocratizou este País. Venham os mortos relembrar: Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek, que foi cassado, como eu. Venham à esta luta para, então, salvar uma democracia que nos dá o instrumento e a tranqüilidade, compreendendo, Senador Papaléo Paes, como Winston Churchill - o maior Líder político da nossa geração, que venceu a guerra contra os ditadores -, que a democracia não é boa, mas é complicada e difícil. Entretanto, afirmou Churchill que não conhecia, Senador Tião Viana, nenhum regime melhor.

Então, vamos preservá-la! Vamos defendê-la! Vamos aperfeiçoá-la! Vamos protegê-la, porque ela nos oferece a alternância do Poder. Mas que a alternância venha da força do povo, da independência do povo e de todos nós, todos os instrumentos desta democracia - porque eu não chamo Poder; o poder é o povo, o Poder é Deus!

Então, conscientes, façamos leis boas e justas, regras claras, limpas e puras, que não permitam a injustiça do passado. Senador Tião Viana, Senador Papaléo, para este posicionamento que eu manifestei aqui, é necessário ter coragem - que eu tenho, por ser um homem do Piauí - e vida limpa. E cadê? Eles souberam separar o joio do trigo, transformar o trigo em joio? O povo não. O povo identifica, o povo respeita, o povo qualifica. Eles têm o entendimento. Vamos respeitar esse povo.

Seu irmão, Tião Viana, bem novo, dentro do Partido, mas tem umas reflexões que buscam a verdade. Por que isso? Eu acho que nasceu como nasci eu, de gratidão ao povo. E estamos aqui pelo povo, e não por dinheiro. Não é dinheiro não! As nossas contas são verdadeiras. Esse negócio de dizer que todo mundo faz? Não faz, não. Eu nunca fiz! José Jorge, atentai bem! Ó José Jorge - não deveriam ter expulsado Nassau, que tinha uma formação européia. José Jorge, atentai bem: esse negócio de dizer que todo mundo... Não! Eu já perdi eleições, Papaléo Paes, Tião Viana, já ganhei eleições, mas nunca perdi vergonha e a dignidade! Aí é que está! Rui Barbosa perdeu eleições. Abraham Lincoln perdeu eleições, mas ele deixou escrito “governo do povo, pelo povo e para o povo.” O que estamos fazendo pelo povo? Nós estamos aqui é carimbando um regime de corrupção, de malandragem, de desigualdade, de injustiça! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça. Nós todos, brasileiros, é que somos. Justiça não é um privilégio dos que estão no instrumento judiciário. Justiça somos nós. Como Montaigne disse, é o pão de que mais a humanidade precisa.

Sr. Presidente Tião Viana, olha a falta de vergonha. Guariba - Senador José Jorge, V. Exª, que é engenheiro -, aqui declarado: dois milhões. Vamos colocar os malandros, os traquinas do PT traquina, porque tem o PT bom. Eu acreditei nele e respeito. Tenho admiração pelo Líder Delcídio, por V. Exª, pelo Senador Sibá. Se o Senador Sibá quiser, eu até o levo para o Piauí e ele se elege lá. É possível obter mais votos do que...Então, há admiração. Mas os malandros, os picaretas foram lá em Guariba. Eu disse que não dava certo. Foram lá para levar água, uma adutora. Na ânsia de ganhar dinheiro, levaram os canos, implantaram tudo. Mas lá é uma zona de cristalino e não descobriram água suficiente para abastecer. Receberam logo o caminho da malandragem de ganhar dinheiro fácil. Então, é isso que estamos a combater.

Quis Deus chegar e adentrar neste plenário, porque Deus escreve certo por linhas tortas, o Senador Ramez Tebet, homem que representa Abraham Lincoln, Rui Barbosa, do Direito: “Caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no direito”, assim falou Abraham Lincoln.

Sr. Presidente, faltam 13 segundos, tempo suficiente para eu dizer aqui - nasci no dia 13 - que não abriremos mão, o PMDB, nosso, autêntico, simbolizado por Ramez Tebet - o Teotônio Vilela deste novo século -, o Papaléo, que nós não vamos deixar voar, ele já quer voar com asas de tucano, para oferecermos ao País a possibilidade de uma alternância do poder e juntos, abençoados por Deus, construirmos uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, acabando com aquela de que a esperança venceu o medo, a corrupção afogou a esperança. Que sejam as próximas eleições a esperança de um melhor governo para o Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2005 - Página 26786