Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do reajuste dos soldos dos militares, tendo em vista a situação crítica em que vivem. Discordância da política externa adotada pelo Presidente Lula, que tem resultado em gastos e em derrotas nos foros internacionais.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. POLITICA EXTERNA. REFORMA POLITICA.:
  • Defesa do reajuste dos soldos dos militares, tendo em vista a situação crítica em que vivem. Discordância da política externa adotada pelo Presidente Lula, que tem resultado em gastos e em derrotas nos foros internacionais.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2005 - Página 26849
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. POLITICA EXTERNA. REFORMA POLITICA.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, DESCUMPRIMENTO, COMPROMISSO, MINISTERIO DA DEFESA, INDICE, REAJUSTE, SALARIO, MILITAR, COMPARAÇÃO, DIFERENÇA, TRATAMENTO, FORÇAS ARMADAS, JUDICIARIO.
  • CRITICA, POLITICA EXTERNA, BRASIL, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, TENTATIVA, PARTICIPAÇÃO, CONSELHO DE SEGURANÇA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ANALISE, POLITICA, OPOSIÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), EXPECTATIVA, LIDERANÇA, AMERICA LATINA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • APOIO, INICIO, REFORMA POLITICA, ANTERIORIDADE, ELEIÇÕES, PROTESTO, TENTATIVA, ACORDO, IMPUNIDADE.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª. Presidente, alguma coisa há entre nós, porque, sempre que estou falando, V. Exª é quem está presidindo.

Srs. Senadores, desejo tratar de dois assuntos. Amanhã tratarei de uma série de outros, mas hoje quero tratar de dois assuntos que considero importantes. O primeiro diz respeito, Srª Presidente, à situação dos militares que foram e estão sendo humilhados pelo Presidente da República. O Presidente da República vai dar um aumento aos militares de 13% em outubro - ainda há pouco, deu ao Judiciário 21%, retroagindo - e vai dar 10% em agosto de 2006. Ele tinha um compromisso, tanto ele quanto o Ministro da Defesa, seu Vice-Presidente, de dar um aumento de 23% desde maio. É uma humilhação para os militares do País. Evidentemente, às vezes, há o propósito de humilhar os militares para que fiquem enfraquecidos cada vez mais e o MST possa trabalhar mais à vontade para as desordens no campo e para ser linha auxiliar dos sem-teto na cidade. Quero fazer um protesto veemente em relação a isso.

Em segundo lugar - é pena que o Senador Aloizio Mercadante não esteja no plenário -, ouvi aqui tantos discursos de elogio à política externa do País, mas nunca dei uma palavra de apoio, porque a política externa do Brasil é a pior que existe. Mas a imprensa dava esse apoio.

Gastam-se fortunas, enquanto o povo passa fome, para dar empréstimos do BNDES ou perdoar dívidas de países africanos e sul-americanos. Tudo isso visando a algo que aparentemente pode ser muito importante, mas na realidade não o é: a presença do País no Conselho de Segurança da ONU, como membro efetivo.

Fez-se uma viagem à China, que foi cantada em prosa e verso. Acredito até que, por causa dessa viagem, se comprou o aerolula, o qual andou por toda a parte a distribuir recursos de um país pobre, paupérrimo como o nosso, que não pode cumprir o programa da fome, mas que pode dar recursos para os países estrangeiros. Tudo isso visando o Conselho de Segurança. Hoje, está já estabelecido que o Brasil não entrará como membro efetivo do Conselho de Segurança. Por quê? Porque se fez uma política anti-Estados Unidos para agradar a Hugo Chávez. Eu quero ver agora o Hugo Chávez carregar o Presidente Lula e colocá-lo como membro efetivo do Conselho de Segurança!

Afinal de contas, a cegueira tem um limite, mas a do Presidente, nesse caso, é ilimitada. Ele não sabe o que é política internacional e, por isso, o País passa agora por essas humilhações.

Nós tínhamos para o BID um homem de valor, João Sayad, derrotado no BID pela Colômbia. É inacreditável, mas é verdade. Como é que não se sabe que 26 votariam de um lado e só nós tivemos nove e, ainda, três abstenções?

Essa é política cantada em prosa e verso pelos nossos companheiros do PT. Essa é a política, Sr. Presidente, que, infelizmente, prejudicou o País internacionalmente. E agora, com a falta de credibilidade interna, o Brasil praticamente não existe, a não ser nos noticiários dos jornais importantes da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos, falando na corrupção existente em relação ao Governo.

O Senador Mercadante disse que o Lula ficou emocionado, porque não tinha estudado em Garanhuns. Mas ele veio tão cedo para São Paulo! Se não pôde estudar por pobreza, tudo bem. Mas, se tivesse gosto pelo estudo, ele não se candidataria tantas vezes a Presidente da República sem preparar um lastro de conhecimento. Não preparou. Duvido que o Presidente Lula tenha lido até o fim um livro qualquer. O Senador Mão Santa, que gosta da leitura, deve ter visto. O Presidente não faz uma citação de um autor. Não faz. Mesmo nas viagens internacionais, aqueles que redigem o seu discurso não têm esse cuidado.

De modo que o Brasil cai internamente e, pior ainda, externamente. Enquanto isso, o Presidente, arrogante, fica a desafiar gregos e troianos, com a sua linguagem inadequada para o Presidente da República, em uma hora que não tem sequer o apoio do seu Partido, porque ele próprio desprezou os seus correligionários, aqueles que ele colocou no Governo para trabalhar juntos. E o exemplo maior é Delúbio Soares, pessoa de sua confiança total, tesoureiro do Partido, secretário de Marcos Valério nos “mensalões”.

Essa é a situação do Brasil de hoje. Amanhã, virei a esta tribuna com casos mais graves, para que o Senhor Presidente da República responda a esta Casa. Nós queremos as respostas sobre os problemas que lhe dizem pessoalmente respeito.

Portanto, nesta hora, antes de dar o aparte ao Sr. Senador Mão Santa, que é realmente um homem sempre presente nesta Casa, com seus belos discursos e o apoio da sua terra, quero dizer que o Presidente Lula não vai ter nenhum acordo aqui. Se o Líder Mercadante quer realmente uma comissão do Presidente da Casa e Líderes para se fazer uma minirreforma política - minimíssima, porque o momento não é para reforma política e, sim, para moralizar o País -, diminuir custos de campanha, acabar com listas etc, evidentemente ele encontrará, até da minha parte, apoio - não sei se do meu Partido.

Ouço V. Exª.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Antonio Carlos Magalhães, nós votamos no Presidente Lula pela esperança que deve existir. Não foi por medo, não, porque nós dois representamos o Nordeste. Nós nordestinos somos, antes de tudo, um bravo, esse Nordeste verdadeiro. Mas o Presidente Lula - tenho de lamentar, como V. Exª - mesmo disse que não gosta de ler, que não se dá bem. Não sei se é alergia - sou médico - aos livros. Mas eu ouvi o povo, a sabedoria popular, os provérbios, os ditados. Nas ruas da Bahia, aprendemos: pau que nasce torto morre torto. Este Governo nasceu torto. V. Exª fez da Bahia um país, que faz com que nós, nordestinos, tenhamos crença - não é esperança, não, é crença, é certeza - de que tem soluções. Guariba, Guariba. Por isso, eu fiquei contra, que eu contestei. Guariba, na serra das confusões. Quiseram utilizar o povo bravo e honrado do Piauí para fazer marketing, para enganar, para mentir. V. Exª sabe que eles perderam lá. Eu os derrotei, o PMDB, o Prefeitinho. Mas, Senador Antonio Carlos Magalhães, a quadrilha era tão avançada que eles cantaram aí, a Líder do PT mentiu ali da tribuna. Água? Que nada! Eles levaram dois milhões para um projeto de colocar água. Fizeram, primeiro, a adutora, os canos, lá na serra confusões, no semi-árido cristalino e não encontraram a água. Espalharam os canos, roubaram e não tem água.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Entraram pelo cano.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Quer dizer, na Guariba, perderam, e esse foi o desastre do Governo. Faltou ao Presidente Lula, que fala, fala, fala e não tem tempo nem para ouvir o povo, a sabedoria do povo, que dizia: governo que nasce torto morre torto. Pau que nasce torto morre torto.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - É, e nesses comícios que faz, usa realmente de artifícios. Entra pelo fundo dos palanques, quando ele sabe que será vaiado. Evidentemente que na televisão não aparecem as vaias que ele recebe. Aparecem, às vezes, aplausos dos seus apaniguados. Mas os Delúbios não estão mais aí para sustentar essa gente toda e, conseqüentemente, o Presidente.

Tome juízo, Presidente - eu não creio que ele vá tomar mais, já não é tempo, mas devia tomar juízo e governar -, mas não pense em fazer acordo aqui não, porque acordo, acordinho, acordão, se existir no Parlamento, seremos todos sepultados pela vontade da opinião pública, que não deseja o Parlamento submisso e, muito menos, cheio de imorais.

Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2005 - Página 26849