Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Resposta ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2005 - Página 26971
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, OPINIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APOIO, DIREITO DE DEFESA, REGISTRO, INCOERENCIA, ATUAÇÃO, ANTERIORIDADE, CRITICA, CRISE, MORAL, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, EFEITO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ouvi com muita atenção a palavra do Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante, e não deixa de ser uma grande alegria, Senador José Agripino, e até um grande conforto, nós percebermos agora este novo PT.

Veja como existe a Lei da Compensação! Se tem desabado sobre o Partido toda essa onda de desmoralização pública que não atinge a imensa maioria dos seus Parlamentares, pessoas dignas, nem a imensa maioria dos seus militantes, pessoas digníssimas, atinge meia dúzia que arruinou vinte e cinco anos de história de um Partido. Isso é verdade! E atinge aqueles que parecem acumpliciados com essa meia dúzia, a ponto de não terem coragem de, por exemplo, expulsar o Sr. Delúbio Soares do Partido. Isso, para mim, é um marco. Imaginei que, aguerridos, agressivos e combativos como são, deveriam ter partido, com toda a santa ira do mundo, para extirpar dos quadros partidários alguém que eles próprios dizem que é o culpado principal, junto com o Sr. Sílvio Pereira, da desgraça do Partido. Então desgraçou o Partido, desgraçou o Governo Lula, mas não o expulsam. Não dá para entender isso. Dá a impressão daquela figura jurídica das culpas concorrentes: fulano não denuncia beltrano porque tem medo que beltrano na volta o denuncie. É um pouco o que me parece.

Todavia, fico feliz. Tudo na vida tem compensação. Se, de um lado, existe esse pólo negativo, por outro lado, hoje temos um PT doce, que fala em contraditório, em direito de defesa, em não se prejulgar. Outro dia, vi, estupefato e - confesso-lhe, Senador Ney Suassuna - enternecido, o ex-Ministro José Dirceu pedindo desculpas ao ex-Ministro Eduardo Jorge. Incrível! Eduardo Jorge não aceitou, alegando que eram desculpas pedidas em tom hipócrita e insincero, até porque o Deputado José Dirceu sabia, o tempo inteiro, que Eduardo Jorge era inocente, mas, mesmo assim, difamou-o, achincalhou-o e o enxovalhou durante todo aquele período que foi de verdadeira provação para o ex-Ministro do Governo passado.

Mas fico impressionado porque é sempre bom saber que, daqui para frente, não caberia mais um PT dono da verdade, um PT que não garantisse o direito de defesa. Contudo, antes da instalação desta CPI, Senador João Capiberibe, o argumento central do Governo era o de que bastava mandar para o Conselho de Ética e que não precisava CPI nenhuma para fazer justiça, inclusive punindo os Deputados puníveis e absolvendo os “absolvíveis”. Agora não, agora já acham que não devem ir ainda para o Conselho de Ética, querem passar por toda aquela fase de CPI, contrariando a idéia do Relator e do Presidente que eles próprios indicaram para a CPI de Correios, que é a de baseados nos elementos de convicção que já viram na CPI, pedir o processo do Conselho de Ética imediatamente até para não fazermos nenhum tipo de pizza neste País. Há uma diferença e uma distância muito grande entre o jargão de palanque do Governo, sobretudo o do Presidente Lula, e a prática de, na verdade, não querer a apuração dos fatos. Até quando o fazem, falam sempre...

Ainda agora, ouvi do Líder mais uma heresia: “todos os partidos estão envolvidos, alguns desde 1998”, referindo-se ao caso do PSDB de Minas Gerais. E eu estou dizendo que não tem nada, e nunca teve, no Pais nada parecido com o que se vê hoje. Para mim, é uma quadrilha organizada, com todas as suas ramificações funcionando praticamente em todas as repartições públicas deste Governo, enxovalhando a honra desta Nação, e eles na tentativa de misturar para dar a impressão de que todos são iguais.

Um Deputado estadual do PSDB da Bahia disse uma frase que nos dá inveja de não a termos proferido antes. Ele disse que “o PT passou a vida toda dizendo que era diferente e agora ele quer pretender que é igual”. Não era diferente, as suas mazelas vêm de longe, e está se vendo agora que não é igual. Já concluo, Sr. Presidente. Está-se vendo agora que não é igual, porque o que aconteceu neste Governo exige uma frontal explicação do Presidente da República para o povo, existe o fim dos meios discursos e das meias medidas. Exige que o Presidente da República explique claramente qual é o seu papel, qual é a sua responsabilidade, que papel que lhe tocou, em todo esse processo, sob pena de Sua Excelência deixar deteriorar completamente a credibilidade que ainda possa lhe restar.

Portanto, Sr. Presidente, nós ficamos felizes só com uma coisa: com o fato de que o PT já fala em direito de defesa e em contraditório. Não era essa a linguagem, que era quase fascista. Não sei se era stalinista. Antes era totalitária a linguagem. Fico feliz de ter pelo menos esse conforto. Mas, quanto à pizza, não precisa ninguém do Governo garantir que não vai haver. Não vai haver porque a Oposição não vai deixar; não vai haver porque não vai haver acordo espúrio qualquer; não vai haver porque a sociedade não tolerará; não vai haver porque a imprensa não vai admitir; não vai haver porque este não é um país de pizza; não vai haver porque nós queremos os culpados todos punidos e queremos os inocentes todos absolvidos. Isso é basicamente fazer justiça. Fazer justiça é investigar de cabo a rabo e até o fim.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2005 - Página 26971