Discurso durante a 129ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos oitenta anos do jornal O Globo.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos oitenta anos do jornal O Globo.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2005 - Página 26923
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, IMPORTANCIA, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, IMPRENSA, ELOGIO, TRABALHO, JORNALISTA, ROBERTO MARINHO, EMPRESARIO.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srs. Ministros representantes do STJ e do Superior Tribunal Militar, Sr. José Roberto Marinho, representante das Organizações Globo, inicialmente gostaria de dizer que uma instituição que sobrevive oitenta anos produzindo informações, defendendo a liberdade de expressão e prestando serviços à sociedade num País marcado, ao longo desse período, por tantas crises, por processos tão difíceis do ponto de vista econômico, por longos períodos de exceção, seguramente é uma instituição que merece atenção muito especial da sociedade, em particular quando estamos tratando do jornal O Globo.

Em 1925, estávamos sob a Primeira República, época em que o Brasil era um país predominantemente agrícola e em que havia a exuberância da economia cafeeira. Durou pouco esse ambiente: a crise de 29 foi devastadora do ponto de vista da economia, exigiu respostas muito criativas e ousadas. Logo em seguida, houve a Revolução de 30, que representou também uma mudança do ponto de vista do Estado brasileiro, do regime político: o governo provisório e, depois, o governo constitucional. Em 1937, houve uma ditadura, o jornal sofreu sob a ditadura do Estado Novo - do ponto de vista da liberdade de expressão, foi uma ditadura. É verdade que foi um período de grandes avanços econômicos, um período difícil, de guerra, mas uma ditadura. Nesse seu início, nessa sua primeira fase, o jornal resistiu a todas essas adversidades econômicas, sociais e políticas.

Se olharmos para a história do Brasil dos últimos 60 anos, veremos que apenas três Presidentes da República foram eleitos democraticamente, pelo voto popular, e terminaram os seus mandatos. Portanto, temos uma marca muito profunda de instabilidade política, de longos períodos de exceção, de violação dos direitos fundamentais e da liberdade de organização, de manifestação, de expressão. Nesse contexto, essa instituição teve um papel fundamental na construção dos valores democráticos, da cidadania e da liberdade de expressão no Brasil e, por isso, é depositária desse acúmulo e dessas conquistas da cidadania brasileira.

Neste momento, essa instituição é chamada, mais uma vez, a um grande desafio: o desafio de preservar a independência do Estado, o desafio do jornalismo investigativo, que cresceu muito na história do Brasil, mas também o desafio da responsabilidade, do equilíbrio, do direito à defesa dos princípios que são fundamentais na construção do Estado de direito.

Por tudo isso, estou aqui prestando esta homenagem, por meio do meu partido, o PT, e do Bloco do Governo. Esta homenagem é extensiva a Nelson Rodrigues, Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Rubem Braga, grandes nomes que construíram esse jornal na literatura e no jornalismo brasileiro. Mas eu queria, em particular, destacar aqueles que estão todos os dias nesse nosso tapete azul do Senado Federal correndo atrás da notícia, entrevistando, ponderando, questionando, ajudando a produzir as notícias que levam ao País o trabalho do Senado Federal, do Congresso Nacional.

Queria destacar aqui o jornalista Jorge Moreno, hoje diretor do jornal, que tem uma convivência com esta Casa muito antiga e muito respeitada por todos; a diretora Helena Chagas, jornalista que também tem uma participação e uma vivência muito ricas, algo que vem de berço - nasceu na notícia e se dedicou a vida inteira a esse trabalho e o faz com muita competência -; as jornalistas Adriana Vasconcelos e Lídia Medeiros, que, sempre juntas, produzem matérias todos os dias nesta Casa; o jornalista Gerson Camarotti, que, apesar de sua juventude, hoje também faz parte da equipe de O Globo e já é um jornalista renomado; a jornalista Isabel Braga; os colunistas Ilimar Franco e Tereza Cruvinel, que sempre nos brinda com sua coluna que, obrigatoriamente, é lida todos os dias neste nosso Senado Federal; e os fotógrafos também, que nem sempre aparecem, mas nos fazem aparecer ou não nas matérias - o Freitas, o Gustavo.

A homenagem que faço é extensiva a todos os integrantes dessa equipe que acompanha, quotidianamente, o trabalho desta Casa, enriquece a vida do Parlamento, critica-nos recorrentemente, elogia raramente, mas, seguramente, é indispensável à existência do Parlamento e à vida democrática e contribui decisivamente para a construção da identidade nacional, da razão de ser do povo brasileiro, da valorização das liberdades e da cidadania.

Por tudo isso, quero parabenizar o jornalista Roberto Marinho, que começou a dirigir o jornal a partir de 1931, com 26 anos de idade, José Roberto Marinho e toda a família Marinho, bem como todos os profissionais que deram essa contribuição inestimável à cultura, às tradições, aos valores da liberdade de expressão, à imprensa brasileira.

Parabéns ao jornal O Globo!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2005 - Página 26923