Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a diversos pontos da atuação do Senador Delcídio Amaral, na Presidência da CPMI dos Correios. Denuncia a "farsa de Minas Gerais", a respeito das acusações contra o Senador Eduardo Azeredo. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Comentários a diversos pontos da atuação do Senador Delcídio Amaral, na Presidência da CPMI dos Correios. Denuncia a "farsa de Minas Gerais", a respeito das acusações contra o Senador Eduardo Azeredo. (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27094
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), OBSTACULO, APROVAÇÃO, DOCUMENTO, QUEBRA DE SIGILO, FUNDOS, PENSÕES, COMENTARIO, TENTATIVA, BANCADA, OPOSIÇÃO, REMESSA, NOME, PARTICIPANTE, CORRUPÇÃO, COMISSÃO DE ETICA, CRITICA, DIREÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ACUSAÇÃO, HONRA, EDUARDO AZEREDO, SENADOR.
  • NECESSIDADE, QUEBRA DE SIGILO, SOCIO, PUBLICITARIO, RESPONSAVEL, PROPAGANDA, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DENUNCIA, EMPRESTIMO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CHEFE DE ESTADO.
  • REGISTRO, COMPROMISSO, ORADOR, PARTICIPAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), PAGAMENTO, MESADA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
  • DEFESA, APRESENTAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ABERTURA, PROCEDIMENTO, CASSAÇÃO, MANDATO, DEPUTADO FEDERAL, VICE-PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, PAGAMENTO, MESADA, AUSENCIA, DECORO PARLAMENTAR, DIALOGO, PUBLICITARIO, ACUSADO, CORRUPÇÃO, EXISTENCIA, COMPROVAÇÃO, VIDEO, GARAGEM, SENADO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho pelo Senador Delcídio Amaral profunda estima, mas as Oposições colocam algumas ponderações, algumas reclamações a respeito de sua atuação.

Por exemplo, é para ficar claro que não abrimos mão da quebra do sigilo dos fundos de pensão, inicialmente no que tange às aplicações nos bancos BMG, Santos e Rural, por razões mais do que óbvias. Da mesma maneira, é consenso entre os membros das Oposições, na CPMI dos Correios, que tenha havido procrastinação habilidosa na aprovação de documentos nevrálgicos. E, quando o documento é aprovado, a outra história, as calendas gregas, é o que fica reservado para as oitivas propriamente ditas.

Às Oposições interessa, sim, que os nomes devidamente implicados nesse emaranhado de denúncia de corrupção sejam remetidos diretamente para o Conselho de Ética, onde haverá direito de defesa pleno. Senador José Agripino, não queriam antes a CPMI, era no Conselho de Ética que isso ia resolver-se: por que não ser resolvida a situação, portanto, já agora, diretamente naquele Conselho?

Segundo - o assunto já não tem nada a ver com a direção da CPMI -, denuncio, de novo, não sei se pela última vez - se Deus quiser, pela última vez -, essa farsa de Minas Gerais, ou seja, a tentativa de fingirem que é tudo igual, para atingir a honra de um companheiro honrado, como o Senador Eduardo Azeredo. Se S. Exª era obrigado a saber de tudo, como podem alguns ter o cinismo de dizer que Lula não sabia de nada sobre tudo que acontecia no seu Governo e às suas barbas? Não aceitamos essa tentativa de se misturar desiguais. Não aceitamos. Essa farsa de Minas nos remete a fazer com que se tragam às barras da CPMI o Sr. Tarso Genro, Presidente do PT, e a direção do PT no Rio de Janeiro, em Pernambuco, em Minas Gerais, em Santa Catarina, no Ceará - famoso hoje pelos dólares pouco limpos, duas vezes, porque são dólares de corrupção e porque são dólares de cuecão, essa é a absoluta verdade -, no Pará, no Distrito Federal, no Maranhão, em São Paulo, examinando-se a riquíssima e - felizmente, para o povo paulistano - malograda campanha da Srª Marta Suplicy.

Não gostaríamos de discutir, neste momento, até para não desviarmos a atenção da corrupção, porque esta, sim, é que tem que ser desvendada, essa coisa de campanhas eleitorais, muito menos de 1998 ou de 2002 ou de 1989 ou de 1889. Queremos discutir corrupção. Corrupção é fundo de pensão; corrupção é Petrobras; corrupção é IRB; corrupção é Correios, corrupção é Banco do Brasil. Corrupção é Banco do Brasil, repito com muita ênfase, com muita crença, com muita certeza.

Queremos deixar bem claro que estamos dispostos a apurar os fatos. As Oposições exigem a quebra dos sigilos da Srª Zilmar Fernandes, sócia do Sr. Duda Mendonça. E alguns dizem: “Ah, então vamos ter que quebrar o sigilo de quem fez a campanha do Sr. José Serra”. Quebrem o sigilo da tia do José Serra, se quiserem, ou da tia-avó do José Serra; agora, quebrem o sigilo da Srª Zilmar, que recebeu R$15 milhões do dinheiro corrupto do Sr. Marcos Valério. Nada de troca-troca e nada de barganha. Quebrem de quem quiserem, mas nós queremos saber o que há por trás dessa dinheirama toda.

Queremos desvendar o caso Okamoto. O Sr. Paulo Okamoto, tesoureiro do PT, diz que pagou as contas do Presidente Lula. O Presidente Lula pediu dinheiro emprestado ao PT. Eu não sabia que o PT era banco. Gostaria que não fossem bancos o BMG e esse Banco Rural, complicado, mas agora estou sabendo que o PT é banco, empresta dinheiro também.

Queria saber, primeiro, por que o Presidente Lula pediu dinheiro emprestado lá; segundo, como pagou; terceiro, por que o Sr. Okamoto pagou por ele; quarto, se está no Imposto de Renda do Sr. Okamoto o pagamento dos empréstimos do Presidente Lula ou se ele está inadimplente com a Receita Federal; quinto, que lógica e que ética tem o Presidente Lula, ao nomear para o Sebrae o Sr. Okamoto, que, como bom militante do PT, certamente paga o dízimo ao PT. E esse dízimo serve para quê? Para emprestar dinheiro ao Presidente Lula? Que relação é essa em que um pede e o outro paga, e a fonte pagadora é o povo brasileiro, o erário? Não é preciso dizer “erário público”, porque erário é sempre público, neste País de tanta mistura entre o público e o privado.

E mais, Senador José Agripino, está na hora da verdade. Se queremos evitar essa história de fingir que desiguais são iguais, temos de trabalhar mesmo é a Kroll. A empresa Kroll deve ser contratada, Senador Jefferson Péres, pela CPMI dos Correios, para rastrear lavagem de dinheiro, para rastrear dinheiro porco, dinheiro imundo, dinheiro nojento, dinheiro sujo no exterior. A Kroll deve ser posta a funcionar imediatamente. Se ficarmos nessa história de misturar continha de campanha para cá e para acolá, quem de fato é ladrão neste País vai ficar impune. Não podemos aceitar que isso seja perpetrado à vista da consciência desta Nação.

Portanto, trouxe aqui uma proposta muito concreta e completa do que vai fazer a Oposição na CPI dos Correios. No mais, Senador José Agripino, é dar aos meus companheiros uma notícia, algo que certamente teria de fazer. Não gosto de me autonomear, mas me autonomeei membro das três CPIs. Terei agora participação mais direta nelas e entendo que dessa forma vou colaborar bastante, dentro das minhas possibilidades modestas, para que a verdade aflore, com muito orgulho dos companheiros que estão participando dessa CPI. Está aqui o Senador Sérgio Guerra, do meu Partido. Vamos fazer um trabalho muito mais sistêmico, muito mais forte, com o entrosamento que estamos obtendo com as demais bancadas da Oposição.

            Mas, Sr. Presidente, ontem, li aqui 53 tipos de pizza que existem em um restaurante de Brasília. Há de todo tipo. São 53, que dão para todo tipo: para quem quer emagrecer, engordar, ficar mais ou menos. Não pactuaremos com nada que pareça com isso. Encerro, dizendo que hoje presenciei - e isso tira completamente as ilusões minhas a respeito do que possa ser a intenção do PT a nosso respeito - uma cena chocante, deprimente. O Deputado Paulo Pimenta, Vice-Presidente da Comissão do tal mensalão...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... membro do PT - peço a V. Exª um segundo para concluir -, teria estado com o Sr. Marcos Valério dentro do carro dele, para receber instruções, para trocar informações. Qualquer coisa, jamais coisa legal! O Senador Sérgio Guerra fez uma belíssima intervenção. Anuncio que estamos requisitando as fitas da garagem do Senado. Entendo que isso é motivo bastante para processo por cassação de mandato por absoluta falta de decoro, porque alguém que dirige uma Comissão Parlamentar de Inquérito tem que ter a isenção suficiente, a isenção máxima, para portar-se com distância desses fatos e não como parte, não facciosamente, não ao lado de alguém - e, para mim, é um delinqüente, o Sr. Marcos Valério -, num carro, tramando para obter versões que misturem a realidade dos fatos.

Mais ainda: ontem, eu vi, mais uma vez, que o Sr. Valério, que se mostrou sócio do PT, foi leal ao PT, sim, porque, ontem, ele veio aqui como parceiro político do PT; veio para sustentar as versões mentirosas do PT; veio aqui para fazer o que interessava ao Governo; veio para entregar às feras o Sr. José Dirceu; veio para tentar artificializar esse quadro de Minas Gerais; e veio, sobretudo, para mostrar que a parceria financeira e econômica que construiu com o PT não estava no esquecimento dele, no olvido, porque, ontem, ele disse, com todas as letras e indiretas, que era leal ao PT. Até se declarou eleitor, mas leal ao PT, sim, porque agiu ontem como alguém que quer também transformar tudo isso aí numa grande farsa, numa grande fraude.

Senador Antonio Carlos.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - É lamentável que ninguém tenha dito a verdade ao Sr. Marcos Valério: que ele é um ladrão do dinheiro público a serviço do Governo e do Partido dos Trabalhadores.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador.

Senador Sérgio Guerra.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Arthur, participamos hoje de um episódio extremamente comprometedor. Numa reunião conjunta das duas Comissões, a dos Correios e a do Mensalão, o Vice-Presidente da Comissão do Mensalão, Deputado do PT, afirmou que tinha recebido uma determinada relação, que comprometia tucanos e seus aliados; que queria dar conhecimento dessa relação; e que a tinha recebido do Sr. Marcos Valério. Na verdade, ontem à noite, ele se reuniu com o Sr. Marcos Valério no carro deste, com ele conversou sobre assuntos que - imagino - tenham a ver com essa tal relação. Rigorosamente, a relação a que se refere é uma fraude, já publicada em jornal de Minas Gerais há cerca de 10 ou 15 dias, já desmentida, apócrifa. Deixamos muito claro que nós, da Oposição, não subscrevemos documentos apócrifos; não levamos em consideração as dezenas de relações que recebemos e não aceitamos que o Vice-Presidente da Comissão se preste - quebrando rigorosamente os compromissos regimentais e as regras da boa conduta parlamentar - a se misturar com o Sr. Marcos Valério para produzir versões fraudulentas nesse episódio. Outra coisa: não vamos discutir o episódio de Minas Gerais apenas; vamos discutir todas as eleições nas quais entrou dinheiro do Sr. Delúbio Soares, cuja origem é suja, conforme todos reconhecem - as eleições de São Paulo, do Recife, de Salvador, de Fortaleza e outras tantas, e até mesmo de Belo Horizonte.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Do Rio Grande do Sul, do Presidente do PT, Tarso Genro.

Sr. Presidente, encerro dizendo que, para mim, o Sr. Paulo Pimenta deve, a essa altura, já ter renunciado à vice-presidência que ocupa na Comissão. Seu comportamento não foi o melhor; ao contrário, foi o pior. Por esse aspecto micro e pelo macro das definições do Sr. Valério, ficou patente que havia uma parceria e uma sociedade - esta já está provada - muito clara entre o PT, este Governo e o Sr. Marcos Valério. Mais do que nunca, ele mostrou lealdade a esse esquema, aquela lealdade mafiosa, aquela lealdade da omertà, aquela lealdade da lei do silêncio, aquela lealdade do tipo “me proteja depois, porque ficarei com você enfrentando até a lei”. É um pouco esse o espírito do que eu vi, mas não deixaremos isso passar barato.

Peço ao meu Partido que providencie já, hoje, todos os procedimentos para que o Sr. Paulo Pimenta seja processado com vistas a uma possível e eventual cassação do mandato que ele não honrou ao se reunir num carro com o Sr. Marcos Valério. Reunir-se com o Sr. Marcos Valério no Maracanã já é complicado, imaginem dentro de um carro!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2005 - Página 27094