Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre os questionamentos feitos pelo Senador Antonio Carlos Magalhães em seu pronunciamento.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Esclarecimentos sobre os questionamentos feitos pelo Senador Antonio Carlos Magalhães em seu pronunciamento.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27102
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, INSUFICIENCIA, ADIAMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PAGAMENTO, VIAGEM, ORADOR, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERIODO, CAMPANHA ELEITORAL.
  • DEFESA, HISTORIA, INTEGRIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • ESCLARECIMENTOS, LEGALIDADE, AQUISIÇÃO, EMPRESA ESTRANGEIRA, TELEFONIA, EMPRESA PRIVADA, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, SETOR PUBLICO.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Em primeiro lugar, por mais que eu me esforce, não tenho a vivência política, a experiência e a sabedoria de V. Exª, mas tento aqui, com empenho e porque realmente é o que acredito, explicar o que aconteceu.

Se V. Exª pegar aquilo que eram adiantamentos de despesas de viagem e que deveriam ser diárias de viagem, V. Exª vai perceber que, do dia 9 de maio a 29 de junho, o Presidente Lula foi à China acompanhado de sua esposa. Nessa viagem, houve um adiantamento de despesas, sobretudo para pagamento de passagem da sua esposa e para a presença dele na China. Depois, retornaram.

Na viagem que fizemos a Europa - na qual eu estava junto -, do dia 29 de setembro a 9 de outubro de 2001, ele recebeu R$3.750,00, o mesmo que eu recebi. Recebeu R$1 mil para passagem e R$2.750,00 para despesas. Vou repetir: US$100.00 por dia não pagam uma estada na Europa, sobretudo numa missão presidencial, em que temos deslocamento. Recebemos R$1 mil para a passagem.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA. Fora do microfone) - Mas V. Exª completou.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Lógico que completei do meu bolso, como ele teve que completar. Lógico que completei do meu bolso.

Não sei exatamente os valores em relação às passagens, não os tenho aqui, mas é razoável pensar que R$ 3.750,00 não pagam as despesas. Então, parte da viagem eu paguei do meu bolso e alguns eventos que tivemos. Eu era Secretário de Relações Internacionais, e os núcleos do PT em Portugal e na Espanha, ali na Península Ibérica, pediram uma reunião comigo. Eu fiz a reunião com os companheiros e paguei o almoço do meu bolso. Não havia os recursos necessários.

O PT nós sempre construímos assim. Somos de um tempo em que fazíamos bandeira em casa, porque não havia bandeirinha de plástico para carregar na rua.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA. Fora do microfone) - Depois do Marcos Valério, não.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - A saudade que eu tenho do PT é essa. É esse PT que quero voltar a construir, esse PT que tinha integridade, história e, infelizmente, alguns dirigentes abandonaram essa trajetória e comprometeram a construção do Partido.

O que o Presidente disse: “Eu não fiz empréstimo”. Ele não fez empréstimo. É um adiantamento de despesa de viagem. Ele falou: “Não reconheço como dívida, porque fiz uma viagem - e ele fez várias outras viagens -, e isso era para pagar as despesas de viagem”. Ele disse: “Não reconheço. E está errado o Partido.” Eu particularmente também acho que o Partido estava errado, mas fiz o cheque e paguei.

Seguramente, o nosso companheiro Paulo Okamotto tenha pensado: “Deixa eu pagar isso e liquidar essa questão, porque não tem sentido essa discussão”. Mas o que o Presidente está dizendo é que se trata de um adiantamento de uma viagem oficial que ele fez pelo PT, como eu fiz.

Agora, vejam o que estamos discutindo: vou a serviço do Partido - e podem pegar as matérias publicadas na imprensa da época que comprovam que foi uma viagem oficial -, não fui para passear, não tive tempo para nada, tinha uma agenda extremamente sobrecarregada. Fizemos a viagem exatamente com esse objetivo. Então, o caso do Presidente é o mesmo. Por favor, vamos colocar as coisas no seu devido lugar.

Não é possível tratarmos uma questão como essa da forma como está sendo tratada. É só o ambiente em que a gente vive, nessa cultura de desconfiança, que permite que as coisas sejam equacionadas dessa forma.

Para concluir, porque gosto de deixar todas as coisas claras, quero dizer que fiz uma pergunta a uma pessoa de quem eu gosto muito, e V. Exª também, e que me parece ser um empresário bastante sério. Assim que saiu a notícia sobre o Fábio, filho do Presidente Lula, fui perguntar ao Di Gênio: “O programa da televisão é feito por essa mesma empresa?” Ele falou: “São quatro horas por dia.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Esses garotos fazem o programa. Eu estou aumentando a audiência e é da maior competência o serviço deles. Nessa questão de jogos juvenis de computador, é o melhor trabalho que nós temos no País”. Eu perguntei: “Tem algum patrocínio público?” Ele respondeu: “Nenhum. Estou absolutamente admirado, porque a nossa audiência está melhorando, a participação em interatividade é muito boa e esses meninos são realmente de ponta.”

O que aconteceu? Uma outra empresa já quis comprar a participação acionária na empresa dos rapazes. Não conseguiu. A Telemar comprou. É um negócio entre duas empresas privadas. É um negócio entre empresas privadas; não há nenhuma participação do setor público nesse evento; nenhuma participação.

Eu me lembro quantas vezes nós tivemos... se formos também criminalizar esse tipo de relação, vamos entrar por um caminho descabido. O filho do Presidente...

(Interrupção no som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC. Fazendo soar a campainha.) - Concederei a V. Exª mais um minuto improrrogável, Senador.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Vou concluir, Sr. Presidente. Pedem explicações, mas são três falando, fica difícil.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Precisamos dar início à Ordem do Dia, com a votação do salário mínimo.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Está certo. Vou encerrar.

Nessa área da nova economia, da economia eletrônica, os negócios perdem ou ganham muito valor exatamente em função da criatividade e da competência. Empresas se consolidaram exatamente pela capacidade de produzir softwares inteligentes, que têm um valor, que têm um significado. Nesse segmento da juventude, todas as informações que eu tenho é que é uma empresa eficiente, competente, criativa e disputada. Portanto, foi feito um aporte de recursos.

Essa nova economia, alguns anos atrás, era um setor de grandes investimentos. Aquela bolha perdeu a importância. E vejo que é um negócio entre empresas privadas. Se houver alguma irregularidade, seguramente, o Presidente tomará providências. Se houver alguma coisa feita de forma ilícita, descabida, seguramente, o Presidente tomará providências. Mas, até o momento, eu não vi...

(Interrupção de som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Vou concluir. Até o momento, não vi qualquer tipo de irregularidade mencionada nesse fato.

Portanto, estou fazendo os esclarecimentos que posso, com as informações de que disponho. Se houver, evidentemente, algum fato que eu desconheço, seguramente, me apresentem que eu encaminharei ao Presidente. Tenho certeza de que, pela história dele, pela biografia, pela seriedade - e essa discussão aqui só demonstra isso - ,ele tomará as providências cabíveis.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2005 - Página 27102