Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.:
  • Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27104
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, SUPERIORIDADE, INVESTIMENTO, EMPRESA ESTRANGEIRA, EMPRESA PRIVADA, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IRREGULARIDADE, PRESIDENTE, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), PAGAMENTO, VIAGEM, CHEFE DE ESTADO.
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), TENTATIVA, OBSTACULO, INVESTIGAÇÃO, ALEGAÇÕES, CRIME ELEITORAL, COMENTARIO, IRREGULARIDADE, MEMBROS, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • PROPOSTA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, DEFESA, HONRA, EDUARDO AZEREDO, SENADOR.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, ESCLARECIMENTOS, OPINIÃO PUBLICA, CRISE, GOVERNO.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Com revisão do orador. ) - Pois não, Sr. Presidente.

           O Líder do Governo parece que não observou uma máxima do Marechal Eurico Gaspar Dutra.Ele dizia que, no Governo, não se deve comprar nada nem vender nada. Esse já é o primeiro equívoco nesse episódio.

           Segundo, e eu não quero me deter nesses assuntos, trinta e uma empresas faturaram, nesse setor que é incipiente, R$18 milhões brutos. Eu não considero razoável que alguém invista R$5 milhões numa delas, uma das menores. Não considero razoável.

           Sobre o Senador Aloizio Mercadante, ninguém colocou nenhuma dúvida sobre S. Exª , que explicou como pagou o que não teria sido um empréstimo do PT. Mas S. Exª não explica o do Presidente Lula. Quem pagou o do Lula foi o Sr. Okamotto. Só isso aí absolve o Senador Mercadante e condena o Presidente Lula com muita clareza.

           Terceiro, não somos nós que devemos ser reptados a cuidar de nível qualquer aqui. Estamos vendo uma CPI de encontros em garagens. Volto a dizer que se encontrar com o Sr. Valério no Maracanã cheio já é comprometedor; encontrar com o Sr. Valério numa garagem, dentro de um carro, é para lá de comprometedor, é indesculpável. E, mais ainda: como querem que haja uma relação de confiança entre nós, Senador Sérgio Guerra - e V. Exª é testemunha disso -, se há sinais claros de impressão digital da assessoria do PT na divulgação dessa lista espúria que fizeram circular, que fizeram vazar?

           Portanto, quem falou em cultura de desconfiança foi precisamente o partido que a implantou, o partido que condenava todos e que, depois, no medo, absolveu Eduardo Jorge, que não aceitou as desculpas esfarrapadas e pouco sinceras que determinado ex-Ministro, na tentativa de se salvar, e não salvará, tentou lançar ao ar.

Nós aqui dizemos que há hipocrisia no ar. Se querem discutir campanhas eleitorais - e nós não aceitamos discutir campanhas eleitorais sem discutir algo diferente, que é o assalto sistêmico, organizado, aos cofres públicos, que é invenção deste Governo -, nós vamos discutir campanhas eleitorais no Rio Grande do Sul, onde o presidente-tampão, Tarso Genro, teria de explicar R$150 mil que foram para as mãos dos seus companheiros ou dele por via do Sr. Marcos Valério.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Um milhão e duzentos para o Diretório.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Um milhão e duzentos para o Diretório.

           Goiás. A Deputada estadual Neide Aparecida teria mesmo recebido recursos procedentes de São Paulo?

           Ceará. E os recursos do famoso “cuecão de ouro”?

           Santa Catarina. Quinhentos e cinqüenta mil reais para o Diretório do PT em Santa Catarina via “valerioduto”.

           Distrito Federal. Agora, milagrosamente, Senador Tasso Jereissati, mais um é demitido desse tal Banco Popular. Parece uma casa mal assombrada, lá não pára ninguém. O Sr Magela, que foi para lá porque não era candidato, está saindo dizendo que é candidato. Para mim, ele não está saindo porque é candidato coisa alguma; é porque tem alguma coisa de muito negativo do ponto de vista ético nesse tal Banco Popular.

           Pará. O ex-Líder do PT na Câmara, Paulo Rocha, teria explicação convincente para quase R$1 milhão sacados do Banco Real via valerioduto?

           Rio de Janeiro. Como se explica o excessivo volume de recursos encaminhados à campanha, no Rio de Janeiro, do Sr Jorge Bittar?

           Pernambuco. E o Sr Humberto Costa? Como explicaria ele os recursos direcionados ao PT de Pernambuco?

           Minas Gerais. O Prefeito reeleito de Belo Horizonte, que está sumido. É impressionante! Mineiro costuma ser discreto, mas o prefeito Pimentel está mergulhado em águas profundas. Virou um daqueles tubarões que mergulham lá embaixo. Não se ouve falar mais do prefeito Pimentel. Quando vejo alguém sumir muito - e aprendi isso com o PT -, logo me ponho com a orelha em pé. Teria recebido ou não o Prefeito Pimentel recursos da SMP&B?

           Maranhão. E as irregularidades do Diretório do PT no Maranhão?

           São Paulo. E a riquíssima campanha de D. Martha Suplicy? Reprovadas as suas contas no Tribunal Eleitoral.

           Muito bem. O que proponho, com clareza, como pacto nosso diante da Nação e da imprensa? Discutimos ou não campanha? Se discutimos, fazemos uma CPI própria ou fazemos uma sub-relatoria para discutir campanha. Aí vamos discutir a fundo a campanha do Sr. Eduardo Azeredo. Fora disso, não querer discutir o que eu aqui arrolei e tentar colocar uma pessoa honrada como o Sr. Eduardo Azeredo no meio dessa corja, dessa trupe, dessa camarilha, que está assaltando, com apoio oficial, a República, nós não aceitamos. O que queremos mesmo é saber o que se passou no IRB. Queremos saber o que se passa no Banco do Brasil, o que se passa na Petrobras, o que se passa nos Correios, sem colocarmos a mão na cabeça de quem quer que seja.

           Agora, fazem um cavalo-de-batalha incrível em cima de um fato e ao mesmo tempo fingem não ver as ligações tipo caixa dois com toda essa turma boa. E ninguém venha me dizer que isso aqui é caixa dois socialista, que isso aqui é caixa dois ético, que isso aqui é caixa dois pelo bem do Brasil, que isso aqui é caixa dois para salvar os pobres, que isso aqui é caixa dois bolsa-família, que isso aqui é caixa dois de quem nasceu pobre e a mãe era analfabeta. Isso é caixa dois, pura e simplesmente. E precisa ser examinado no momento próprio, sem obscurecermos o fato de que há um quadro de corrupção fora de campanha, durante a campanha, depois da campanha, um verdadeiro vício!

Eu quero saber se nós somos ou não capazes de ir a fundo, inclusive com a autocrítica do Governo. O Presidente da República precisa ir à televisão e dizer que errou e perdeu o controle do seu Governo. Errou! Perdeu o controle do seu Governo! Não fique agora tentando dividir culpas com pessoas não culpadas, tentando fazer aquele espetáculo de um soldadinho após o outro, como ontem, tentarem reavivar...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - V. Exª conclua, Senador.

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.

           Tentarem, cada soldadinho indo ali, tarefeiramente, dizendo: e o caso do Sr. Eduardo Azeredo? E o caso de Minas Gerais? E o caso...

           Que conversa fiada de boca mole! Vamos falar com a boca dura, dizer que há corrupção no País. Vamos examinar caixa dois do PT, do PSDB, de quem quer que seja! Vamos examinar roubo de dinheiro público, porque essa é a satisfação que o povo está a exigir de nós.

           Era, por enquanto, Sr. Presidente, exatamente o que eu tinha a dizer.


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