Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Refere-se às palavras do Senador Aloízio Mercadante e anseia que sejam levadas as investigações até o fim. Repudia o incidente provocado pelo Vice-Presidente da CPI do Mensalão, que recebeu das mãos do empresário Marcos Valério, na garagem do Senado, lista de nomes que não havia sido entregue à Comissão.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.:
  • Refere-se às palavras do Senador Aloízio Mercadante e anseia que sejam levadas as investigações até o fim. Repudia o incidente provocado pelo Vice-Presidente da CPI do Mensalão, que recebeu das mãos do empresário Marcos Valério, na garagem do Senado, lista de nomes que não havia sido entregue à Comissão.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2005 - Página 27108
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
Indexação
  • CONTRADIÇÃO, DISCURSO, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SENADO, ATUAÇÃO, MEMBROS, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, TENTATIVA, DESVIO, ATENÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, CORRUPÇÃO, CRITICA, ENCONTRO, PUBLICITARIO, ACUSADO, RECEBIMENTO, RELAÇÃO, NOME, DEPUTADO FEDERAL, MESADA, APOIO, GOVERNO, AUSENCIA, VALOR, INVESTIGAÇÃO.

O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria muito de poder acreditar nos conceitos aqui proferidos pelo Líder do Governo neste momento e em outros momentos. Trata-se de conceitos em que se pede a cada um de nós, Senadores, que, antes de fazermos qualquer ofensa, qualquer acusação, nós nos asseguremos de que a denúncia seja fundada, bem fundamentada, e tenha alguma relação direta com a realidade.

Outro conceito que tem sido aqui com freqüência emitido pelo Líder do Governo é o de que sejam descobertos os culpados, que sejam dados a conhecer à sociedade brasileira e sejam punidos todos os culpados, se estes existem, e o de que, se houve corrupção, sejam punidos aqueles que fizeram a corrupção e que sejam levadas até o fim as investigações.

Infelizmente, temos visto ultimamente que esses conceitos nada têm a ver com a realidade das ações das Lideranças do Partido Trabalhista, do Partido dos Trabalhadores, neste Senado Federal e nas CPIs.

O que temos visto?

É feito o pedido de serenidade dos ânimos e de que nenhuma acusação seja feita sem que seja bem fundamentada - fora as várias acusações que acontecem diariamente, praticamente todos os momentos, vindas de todos os lados de Lideranças do PT -, mas assistimos hoje a um espetáculo verdadeiramente desavergonhado feito pelo Vice-Presidente da CPI do Mensalão. O homem que tem a responsabilidade de ser o condutor das discussões que levem à verdade dos fatos e mostrem a este País que ainda existem nestas duas Casas, Câmara e Senado, homens sérios e capazes de revelar a realidade ao País, esse homem se reúne com um dos mais notórios - talvez o mais notório - meliantes dessa contenda toda, às escuras, à noite, na garagem do Senado Federal. Pega provas apócrifas, listas já desmoralizadas várias vezes, de dentro de um veículo escondido na garagem, como costuma fazer gangster de filme americano, e traz à Comissão.

Vejam bem: o Vice-Presidente da Comissão, Deputado do PT, para desviar todo o foco da discussão que se planejava e se planeja - o País todo a pede - para conhecer a verdade, para deslindar esse imenso lamaçal de corrupção que vem do Governo Federal, que tem origem e operação no Governo Federal e em mais lugar nenhum, joga isso de uma maneira completamente despudorada, com o fim de enlamear pessoas inocentes que nada têm a ver com esse enorme lamaçal que está por aí.

É lamentável, profundamente lamentável! E mais lamentável ainda é vermos neste momento o Líder do Governo vir a esta tribuna pedindo o contrário, fazendo o papel que tem feito a maioria dos petistas e o próprio Presidente da República. Diz que não tem nada a ver com isso, que não tem nada a ver com o que o Líder do PT fez hoje de manhã, que não tem nada a ver com o que fez o Sr. Delúbio - esse já é acusado de ser incompetente e de malversar os recursos do PT.

Ora, Senador José Agripino, V. Exª se lembra de quando tive a infelicidade, alguns meses atrás, de numa conversa acusar a PPP de estar sendo montada, quando tive a infelicidade de levantar a hipótese de que a PPP poderia servir ao Sr. Délubio Soares para que ele a usasse para fins indevidos. E fui objeto de vários discursos indignados dessas mesmas Lideranças que estão acusando aqui hoje o Sr. Delúbio. E, ainda mais, fui objeto de processo, quando naquela época era ele quem reinava dentro do Partido, distribuindo benesses e recursos do dinheiro público para militantes e partidários do PT Brasil afora, por todo o Brasil, como estamos vendo hoje acontecer por aí comprovadamente.

Sr. Presidente, Senador Tião Viana, permita-me finalizar. É preciso, das duas uma, ou fazer um discurso para ser verdadeiro, ou esconder e fazer virar isso tudo num grande problema de financiamento de campanha nos Estados brasileiros. Ou podem dizer que vão, sim, enfrentar e, ao falar, fazer. Mas fazer o Partido como um todo. Não é um falar que não tem nada a ver com o que o outro fez.

Há uma enorme desordem dentro desse Partido, dentro desse Governo, que estabeleceu uma relação promíscua entre Partido, estatais, Governo e Parlamento e que confundiu imensamente até onde ia um e onde terminava outro. Isso precisa ser esclarecido de fato. Só de discurso não aceitamos mais. Discurso que venha acompanhado de ação coerente com as palavras. Agora, discursos soltados aqui no ar e, do outro lado da rua, as coisas acontecendo diferente, não dá mais!

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2005 - Página 27108