Discurso durante a 122ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do jogador Jair Rosa Pinto, o Jajá, que defendeu a seleção brasileira de futebol na Copa de 1950.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do jogador Jair Rosa Pinto, o Jajá, que defendeu a seleção brasileira de futebol na Copa de 1950.
Publicação
Publicação no DSF de 30/07/2005 - Página 25976
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Vítima de uma embolia pulmonar, o jogador Jair Rosa Pinto, o Jajá, que defendeu a seleção brasileira de futebol na Copa de 1950, tinha 84 anos e estava internado no Hospital da Lagoa, zona sul do Rio, desde o dia 11, onde se recuperava de uma cirurgia no abdômen.

Jair Rosa Pinto deixou viúva, dois filhos e seis netos. O corpo foi velado no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio, e vai ser cremado hoje.

Jajá começou no Madureira, em 1938, formando com Lelé e Isaías um trio conhecido como os “Os Três Patetas”, que rapidamente chegou à seleção.

Durante sua carreira, Jair defendeu também o Vasco (1943 -1946), o Flamengo (1947 - 1949), o Palmeiras (1950 - 1955), o Santos, meu time (1956 - 1960), o São Paulo (1961 - 1962) e a Ponte Preta (1963 - 1964). Tentou ainda carreira de técnico. Na seleção, o meia foi titular da equipe vice-campeã da Copa de 1950 (participou daquele jogo tão difícil para nós, brasileiros, o final da Copa do Mundo, quando o Brasil perdeu para o Uruguai, no Rio, o “Maracanazo”) e foi campeão e artilheiro da Copa América de 1949. Ganhou também um Carioca (1945), três Paulistas (1950, 1956 e 1958), além da Copa Rio (1951).

“Ele era uma pessoa querida por muita gente. Nem gosto muito de ficar falando sobre ele para não me emocionar”, comentou um dos seus filhos, Luiz Antônio.

“Marcar o homem não era mole. Ele tinha as pernas fininhas, mas chutava forte demais. Além de craque, era um sujeito sensacional”, diz Pinheiro, que costumava freqüentar a roda de amigos de Jair na praça Saens Peña, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, onde morava o ex-jogador. No ponto de encontro na praça, conhecido como Canto do Jajá, existia uma placa, retirada devido a obras municipais. Amigos disseram que há pedido encaminhado à Prefeitura do Rio para que o ponto se torne logradouro oficial.

“O Jair era fora de série, pena que não tive o prazer de jogar ao seu lado. Quando cheguei ao Vasco, ele já tinha saído”, lembra Lima, meia-esquerda, campeão pelo Vasco em 1949 e 1950. O diretor de futebol da equipe paulista, Salvador Hugo Palaia, vai além: “Foi uma das glórias do Palmeiras. O melhor jogador do clube na sua posição, ao lado de Ademir da Guia”, disse.

Pelé sentiu muito a morte de Jair Rosa Pinto, o Jajá, seu companheiro da época em que iniciou no Santos. “Fiquei bastante chateado quando soube. Tenho por ele muita admiração e também uma enorme gratidão, porque me orientou muito no início da carreira”, conta. “Eu tinha 17 anos quando comecei a jogar no Santos. Na época, o Jajá estava no time e me ajudou bastante passando muito da sua experiência”.

Segundo o Atleta do Século, o relacionamento profissional se transformou em amizade durante os anos de trabalho na Vila Belmiro. Pelé também lembrou de uma coincidência que o aproximou de Jair Rosa Pinto: o fato de ter o mesmo nome de batismo de Zoca, seu irmão.

Outro jogador com muitas lembranças de Jair é o goleiro Oberdan Cattani. Os dois atuaram juntos no Palmeiras e também na seleção paulista. “Ele era um cara muito fechado. Não gostava muito de brincadeiras. Tinha um gênio diferente, mas foi um bom companheiro e sempre teve o respeito dos dirigentes”, lembra. Cattani ressaltou a precisão dos chutes de longa distância do meia. “Ele fazia uns lançamentos precisos de 50 metros. Com eles o Humberto foi artilheiro, e o Aquiles também fez muitos gols. Mas Jair também driblava e chutava bem”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Das muitas partidas que disputou no Palmeiras ao lado de Jair, Cattani recorda de uma em especial. “Em 1952, a gente fez uma viagem para o México, e como ele (Jair) era habilidoso, fazia muitos gols de falta. Por isso, sempre que tinha jogada de bola parada, a torcida mexicana pedia para ele fazer a cobrança, gritando o nome dele de um jeito engraçado”. Com ele. Para o Vice-Presidente do time da Vila Belmiro, Norberto Moreira da Silva, o Jair era um palito, mas batia na bola melhor que o Gérson”.

Jair Rosa Pinto, o Jajá, foi um dos grande jogadores brasileiros.

Há uma lembrança em especial, Sr. Presidente, da qual volta e meia me recordo: eu era rapaz, quando ele veio para o Santos, e o Pelé o conheceu. Havia um time muito jovem, e eis que, ali, entrou um veterano. Jair era aquele veterano,...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ... que sabia colocar ordem no time, orientar os novos jogadores e mostrou o que era a experiência ao lado da juventude, fazendo dos Santos, em 1958, um extraordinário campeão paulista.

Concluo lembrando a entrevista concedida por Pelé, ontem, que falou também sobre o Robinho. Faço uma recomendação ao Robinho, dirigindo-me ao Presidente do Santos, Marcelo Teixeira - eu, como torcedor dos Santos: Presidente Marcelo Teixeira, vê se chega logo a um acordo com Robinho. Como o Real Madrid já pagou 30 milhões ao Santos para ter direito ao jogador Robinho - o jogador teve a sua mãe seqüestrada, todos nós o respeitamos -, e, como o próprio Pelé tem dito, vamos deixar o Robinho ter a oportunidade de jogar na Espanha, no Real Madrid. Em vez de se exigirem 20 milhões, Presidente Marcelo Teixeira, por que não entrar em entendimento? Quem sabe se possa dizer ao Real Madrid, em vez da exigência de mais esses 20 milhões: “Façamos o seguinte: o Robinho joga aí por três, quatro anos ou pelo tempo que for necessário; depois, o clube empresta o Robinho para jogar no Santos, no campeonato brasileiro, para que nós, santistas, e os brasileiros, possamos assistir novamente a algumas partidas de futebol com o jogador mesmo que seja por um breve período de seis meses ou um ano”.

Eles vão chegar a um entendimento. Que o façam e liberem o Robinho, para que, juntamente com a sua mãe e a sua família, ele possa realizar o seu sonho. E, quem sabe, em pouco tempo, ele não retorne para jogar no Santos e no Brasil, até porque, jogando no Santos, em São Paulo, ou em qualquer estádio do Brasil, os estádios ficam cheios. Até os estrangeiros vêm assistir a ele. Esse é um ponto positivo para o turismo em Santos e onde ele estiver jogando.

Em homenagem ao grande Jair Rosa Pinto, que o Santos e o Robinho possam chegar a um bom entendimento, para que o jogador seja feliz e continue honrando o Brasil e todos nós, que torcemos pelo Santos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/07/2005 - Página 25976