Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos quatrocentos e vinte anos de fundação da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba.

Autor
José Maranhão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Targino Maranhão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos quatrocentos e vinte anos de fundação da cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2005 - Página 26587
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, JOÃO PESSOA (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), COMENTARIO, HISTORIA, ANALISE, DESENVOLVIMENTO, LUTA, COMBATE, POBREZA, DESIGUALDADE SOCIAL, ELOGIO, TRABALHO, POVO.

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste 5 de agosto, a Paraíba está comemorando os seus 420 anos de fundação. Sua capital, João Pessoa, nasceu cidade sem nunca ter sido vila. É a terceira capital mais antiga do Brasil, depois de Salvador, sede do Governo Geral, e do Rio de Janeiro.

Nasceu cidade pela circunstância de ser conquistada e fundada às custas da fazenda real, não porque o colonizador quisesse assim privilegiá-la, mas como estratégia de conquista. Foram necessárias cinco expedições, cruentas lutas seguidas por mais de onze anos e milhares e milhares de vidas, a grande maioria de indígenas, para que essa pequena faixa de terra semi-árida do nosso extremo oriental fosse efetivamente ocupada. É que o avanço do domínio europeu no rumo do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Maranhão somente seria possível depois de rompida a barreira da Paraíba.

Nasce, pois, como cidadela de resistência. E os mesmos bastiões levantados pelo colonizador contra os nativos potiguares são utilizados, quatro décadas depois, pela união de portugueses e paraibanos, contra o invasor holandês.

A Restauração Pernambucana também leva o sangue e a resistência dos nascidos na Paraíba. Aqui invoco a memória do grande Barbosa Lima Sobrinho, que via na espada do paraibano André Vidal de Negreiros o marco fundador da nacionalidade, o primeiro ato efetivo de nossa soberania nacional.

Pequenina e heróica, como era tratada na retórica de Epitácio Pessoa, veio mostrar, através da ação corajosa de um seu sobrinho, que a expressão não era de mera retórica. Negando apoio ao candidato do Catete, com os estados irmãos acampando tropas ostensivas de intervenção, acuado em seu próprio território, o Presidente João Pessoa, sem a isso se propor, fez partir da Paraíba a Revolução de 1930. Seu próprio governo, exercido em menos de dois anos, era um dos inspiradores da Revolução. Tanto assim que Lindolfo Collor, ao tomar conhecimento do seu programa, não teve outro vaticínio: “Este ou sai deposto ou morto”. Fora escolhido pelo tio para manter a oligarquia e se encarregara, pelo seu senso de justiça, de derrubá-la.

Ocupada, inicialmente, mais por estratégia de guerra do que por fins econômicos, cedo a Paraíba ascendeu à terceira posição na economia colonial do início do século XVI. Menos de um quinto do seu território rendeu ao colonizador o melhor açúcar e a mais cobiçada madeira de tinta da colônia.

O mais da terra é seco e pobre, mas assim mesmo cultivada, mais de tenacidade do que de fruto econômico, reunindo, em seu pequeno espaço, todas as variantes de solo e clima do Nordeste.

Fundada num remoto 5 de agosto dos fins do século XVI, somente na República pôde experimentar alguma conquista destinada a seu povo. E não fez mais, em todo esse tempo, do que lutar contra a seca e a injustiça social.

Expressão dessas lutas contra o castigo do homem e da terra é o grito das suas letras ou da sua poesia. Augusto dos Anjos, em 1912, quando a capital experimentava o progresso da energia e do abastecimento de água na grande solidão do restante do Estado, consegue entoar a sua dor, a dor do seu povo sofrido, num Brasil que sonhava com o Parnaso. Poeta triste, poeta da morte e da melancolia que a metrópole cultural olha com desdém. É o poeta que se antecipa à Revolução Modernista, antecipando igualmente, “os do Norte que vêm”, em que o paraibano José Américo aparece como divisor do romance brasileiro, trazendo com ele as vozes mais representativas da literatura da região: o conterrâneo Zé Lins, a cearense Rachel de Queiroz, o alagoano Graciliano, o baiano Jorge Amado, o grito de nacionalidade e de redescoberta do romance brasileiro.

É este cinco de agosto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que não vejo como não ser incluído entre as efemérides da Nação brasileira.

Se sempre houve ganhos extraordinários na galeria dos seus expoentes - e isto se repete com freqüência: há pouco dias a Academia Brasileira de Letras reunia pensadores e instituições para uma reflexão sobre o pensamento de Celso Furtado -, o mesmo não acontece nas conquistas sociais do seu povo.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador José Maranhão, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) - Concedo o aparte, com muito prazer, ao eminente Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador José Maranhão, primeiro, entendo que o nome de V. Exª deveria ser José Paraíba; em segundo lugar, José Piauí; a terceira opção deveria ser José Maranhão.

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) - Obrigado. Tenho igual simpatia pelo Piauí e pelo Maranhão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2005 - Página 26587