Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A contaminação da economia em razão da incompetência gerada pela crise política. O retardo do governo no atendimento dos pleitos dos integrantes do "Tratoraço" realizado recentemente em Brasília. (como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • A contaminação da economia em razão da incompetência gerada pela crise política. O retardo do governo no atendimento dos pleitos dos integrantes do "Tratoraço" realizado recentemente em Brasília. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2005 - Página 27743
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, DESMENTIDO, DECLARAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, PREJUIZO, ECONOMIA NACIONAL, CRISE, POLITICA NACIONAL, LEITURA, DADOS, IMPRENSA, REDUÇÃO, COTAÇÃO, PRODUTO AGRICOLA, EMPREGO, SALARIO, INDUSTRIA, PERDA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), AGRICULTURA, CRITICA, INCOMPETENCIA, POLITICA AGRICOLA, GOVERNO, ESPECIFICAÇÃO, AUSENCIA, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, PRODUTOR, ARROZ, MARCHA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, as manchetes de hoje desmentem todos os pronunciamentos oficiais. Elas apontam que a economia está, e muito fortemente, sendo contaminada pela incompetência que gerou a crise política, e não só incompetência, mas também os desvios da ética, da moralidade pública.

Sr. Presidente, o aprofundamento das investigações vão revelando o envolvimento direto do Governo e do Partido, principalmente o Partido dos Trabalhadores, o PT, nesses escândalos que foram denunciados e que estão a indignar a população brasileira.

Vou ler algumas manchetes, olhando para os três Senadores da Bahia:

Cacau atinge a menor cotação desde julho de 2004.

Suco de laranja fecha em queda.

Preço do algodão continua caindo.

Preço do café despenca.

Milho cai 3,3% em um dia.

Soja cai hoje 4,3% e testa limite de baixa. Está no preço histórico mais baixo do produto.

Comercialização da safra de trigo emperrada preocupa setor.

Produtores de arroz, quebrados, não conseguem plantar a próxima safra.

Empregos e salários na indústria caem em junho, diz IBGE.

Essa eu vou repetir.

Empregos e salários na indústria caem em junho, diz IBGE.

            A manchete desse mesmo mês de 2004 era a seguinte:

Exportação e agronegócio criaram empregos no setor automotivo.

Quando a agricultura, o agronegócio, ia bem no ano passado, conseguiu criar empregos no campo e também na indústria. As manchetes se inverteram e, por isso, eu tomo aqui alguns dados que comprovam a queda brutal da renda do setor produtivo e dos empregos, o que mostra claramente que a economia está não apenas contaminada, mas já está se debilitando, o que trará reflexos profundos no ano que vem, especialmente.

Aqui está: “PIB da agricultura tem queda de 14,23 bilhões”. Isso significa 9% do PIB da agricultura, que cai de 160 para 146 bilhões. “Vendas de insumos estão em queda”. Na média, 30% a menos do que se comprou no ano passado. Com a venda de insumos 30% menor, duas são as conseqüências: aqueles que fabricam e revendem os insumos agrícolas em nosso País estão desempregando mão-de-obra, estão demitindo; e aqueles que compram insumos para plantar estão diminuindo o nível de tecnologia no campo, o que vai repercutir na próxima safra, negativamente, com uma safra menor. “Renegociação da dívida rural atrasa e venda recua em 45% nas máquinas agrícolas”.

Vejam a gravidade! São manchetes que eu estou lendo dos jornais de hoje. Peguei um jornal de cada Estado, praticamente: “Venda de máquinas agrícolas recua 45%. Máquinas vendidas em julho são 45% menores do que julho do ano passado e, no ano, 36% menores do que em 2004; tratores e pneu, 48% a menos, e colheitadeiras, 76%”.

Onde é que a economia não está sendo atingida? Se temos uma venda menor de tratores em torno de 45%, de colheitadeiras em torno de 76%, é claro que a indústria não está fabricando. Se não está fabricando, está demitindo, como já ocorreu no Estado do Rio Grande do Sul, como já está ocorrendo no Estado do Paraná, como está ocorrendo em todos os Estados onde a indústria de fabricação de equipamentos e tratores sente os reflexos da crise. A única coisa que cresceu foi a exportação de máquinas e equipamentos agrícolas, que cresceu 15%.

Aí, nós vamos concluir o seguinte: se o PIB agrícola teve uma queda de 14 bilhões, se máquinas e equipamentos estão sendo vendidos 45% abaixo do que eram vendidos no ano passado, se insumos agrícolas estão sendo vendidos 30% do que eram vendidos no ano passado, isso é reflexo da absoluta falta de decisões que o Governo Federal está adiando a cada dia, porque não tem capacidade de resolver o problema em que se meteu quando não foi honesto na campanha eleitoral e não está sendo honesto na gestão dos recursos públicos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sr. Presidente, vou usar o minuto final para encerrar.

O Governo se “enlinhou” tanto, se enrolou tanto, que não consegue dar respostas ao “tratoraço”, por exemplo, que veio a Brasília, e aqui está o resultado: nenhuma medida do “tratoraço”, do movimento dos agricultores, foi atendida até hoje. Nenhuma medida! O Governo está enrolando. Com isso, Estados que dependem basicamente da economia rural estão hoje debilitados e muito mais ficarão no ano que vem, quando os reflexos da safra que está sendo plantada serão ainda mais fortes e incidirão fortemente também nos outros segmentos da economia.

A economia não está só contaminada, Sr. Presidente, está debilitada. Os empregos estão caindo, porque a renda de quem emprega caiu - e caiu muito! - nesta crise toda que se formou neste País.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2005 - Página 27743