Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a matérias publicadas na imprensa sobre o Presidente Lula. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Comentários a matérias publicadas na imprensa sobre o Presidente Lula. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2005 - Página 27754
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, CONCLUSÃO, IMPOSSIBILIDADE, SOLICITAÇÃO, IMPEACHMENT, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, FATO, NATUREZA JURIDICA.
  • REGISTRO, ANTERIORIDADE, ENTREVISTA, TELEJORNAL, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, INEFICACIA, RESULTADO, MANIFESTAÇÃO, ESTUDANTE, APOIO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, POSIÇÃO, ORADOR, JORGE BORNHAUSEN, SENADOR, PAIS, QUESTIONAMENTO, INCOMPETENCIA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, CHEFE DE ESTADO, SOLUÇÃO, CRISE, NATUREZA POLITICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a impressão que me assalta - neste País, está ficando complicado se usar, mesmo em sentido figurado, esse verbo - é que o Presidente Lula está olhando erradadamente a realidade brasileira.

A reunião das Oposições ontem, que foi madura, ponderada, pensada, concluiu que não é hora - não ainda - para impeachment, até porque impeachment é algo que deve nascer da sociedade para o Congresso. Mais ainda: é preciso um fato jurídico incontrastável que nos diga da necessidade imperiosa de encetarmos um passo que é traumatizante e grave para a Nação.

O Presidente Lula amanheceu o dia hoje eufórico, já meio blindado, se achando acima do bem e do mal outra vez. Foi por isso que o Governo dele entrou em tantos descaminhos.

Soube outro dia - o Senador Jorge Bornhausen também - que ele teria dito ao grupo de empresários que o visitou que não me perdoaria por aquele discurso, aquele em que eu disse aquela história de corrupto, idiota, enfim; e não perdoaria o Senador Jorge Bornhausen pelo discurso em que disse “sente o traseiro para trabalhar”. Então, o Presidente Lula é vingativo também. Se é assim, então, lá vai, Presidente.

Três pessoas traçam um perfil do caráter do Presidente da República: o Sr. Paulo de Tarso Venceslau, o Sr. César Benjamin e o Jurista Hélio Bicudo.

Começo com César Benjamin, na sua recente entrevista a Roberto Cabrini, Fernando Mitre e Antonio Teles, na TV Bandeirantes, Canal Livre, em 31 de julho de 2005.

César Benjamin: “Eu acho que ele é um Presidente fraco. Vai terminar o mandato de maneira melancólica”. Mais adiante: “Ele terminará muito mal o Governo, até porque está fazendo um Governo muito ruim”. Mais adiante: “O que está acontecendo hoje é a longevidade desses esquemas que estão aparecendo nesse momento. É uma prática sistêmica que tem pelo menos 15 anos no âmbito do PT, da CUT e da esquerda em geral”.

Nesse ponto, a responsabilidade do Presidente Lula e do ex-Ministro José Dirceu é enorme. Portanto, para César Benjamin, que o conhece bem, o Presidente Lula sabia de tudo há quinze anos.

César Benjamin continua: “Isso que está aparecendo agora é o desdobramento de uma série de práticas que começaram na gestão do FAT no fim dos anos 90, quando o Sr. Delúbio Soares foi nomeado representante da CUT na gestão do FAT. Até onde eu sei, começaram ali práticas de financiamento muito heterodoxas. Isso se desdobra na campanha de 94”.

            César Benjamin diz, em outro trecho: “Esse esquema pessoal do Lula começou a gerenciar quantidades crescentes de recursos, e isso foi um fator decisivo para que o grupo político do Lula pudesse obter a hegemonia dentro do PT e da CUT”.

            Mais adiante, ele se refere à naturalidade com que o Presidente teria aceito aquilo que, publicamente, denunciou ter sido uma manipulação pela TV Globo do seu debate com o Collor e depois teria dito que havia confraternizado com a direção da emissora. Para César Benjamin, isso teria sido uma manifestação de caráter ruim, de caráter fraco.

César Benjamin participou da coordenação da campanha de 1994 - atenção, Srªs e Srs. Senadores - e disse que, nessa campanha, viu o levantamento de recursos paralelos, recursos não contabilizados, sem que isso tivesse sido discutido pela direção.

César Benjamin disse que o que está ocorrendo no Brasil hoje é prosseguimento da corrupção que havia em Santo André e fala ainda que devemos prestar atenção no que está ocorrendo no Banco do Brasil e na Petrobras em relação às verbas de publicidade, aos fundos de pensão, precisamente ao que me parece ser a pedra de toque da CPMI dos Correios.

Passo, agora, ao Sr. Paulo de Tarso Venceslau. Esse foi expulso do Partido, porque denunciou a proteção ao Sr. Roberto Teixeira, que teria negociatas com empresas e prefeituras petistas pelo interior de São Paulo e em outros lugares do País. Esse denuncia, é expulso porque denunciou, e a conclusão a que se chega é que, se tivesse sido ouvido, talvez não tivesse ocorrido nada do que se passa hoje, desmoralizando o Partido dos Trabalhadores e desnudando, apenas agora, o mito chamado Lula da Silva.

Vejo o Jurista Hélio Bicudo, um homem de bem, que foi meu colega na Câmara dos Deputados. Ele diz: “Lula sabia, sim, porque Lula sempre foi um homem centralizador, sempre foi Presidente de fato do Partido”. Afirma mais Hélio Bicudo - não sou eu quem está dizendo nem ninguém da Oposição; é Hélio Bicudo, companheiro dele de tantos anos -: “Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete”.

Mais ainda: ele, Hélio Bicudo, presidiu a Comissão de Sindicância do PT para apurar denúncias contra o empresário Roberto Teixeira, que estava usando o nome de Lula para obter contratos na Prefeitura de São Paulo. Roberto Teixeira é compadre dele, e o único punido foi Paulo de Tarso Venceslau, autor da denúncia.

Peço que tudo vá para os Anais, Sr. Presidente. Não quero ultrapassar o tempo e apenas pedirei, também, a inclusão nos Anais do artigo da jornalista Miriam Leitão, que hoje mostra e antecipa o fiasco que seria essa manifestação velha de jovens que imaginavam que poderiam enganar outros jovens, fingindo que combatiam a corrupção e defendendo o Governo que patrocina a corrupção, que é o Governo Lula.

O Presidente Lula diz, para empresários sérios - nenhum mentiroso ali presente -, que não perdoaria o Senador Jorge Bornhausen nem a mim. Então, digo ao Presidente: quem não perdoa Vossa Excelência sou eu. Não o perdôo por ter engendrado e estabelecido no País o mais requintado, aparatoso e tentacular caso de corrupção sistêmica já visto pela República brasileira.

            Quem não o perdoa sou eu, Presidente.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Quem não o perdoa sou eu, pela fraude contra 53 milhões de brasileiros que votaram em Vossa Excelência e pela fraude contra 33 milhões de brasileiros que, votando contra Vossa Excelência, respeitavam o seu passado e tinham de Vossa Excelência impressão diferente da que tem César Benjamin, Paulo de Tarso Venceslau e Hélio Bicudo.

Se Vossa Excelência não me perdoa, Senhor Presidente, é problema seu. Estou pouco ligando. Sua opinião tem muito pouco valor para mim, não mexe comigo nem um pouquinho. Eu é que digo a Vossa Excelência que não perdôo Vossa Excelência por estar nos obrigando a nos preocuparmos com uma transição de um ano e meio, porque o seu Governo está à deriva. O senhor não é capaz de conduzir este País, e nós temos que nos preocupar aqui com a maneira de fazer a transição até 31 de dezembro de 2006.

Portanto, Sr. Presidente, aprenda que comigo será sempre assim. Se o seu caráter é vingativo, o meu nem é. Mas saiba que acredito sempre que o vento tem duas direções. O vento que venta lá termina ventando cá. Então, como meu signo é mesmo o signo do combate, da luta, da afirmação, saiba que eu pouco me preocupo se Vossa Excelência me perdoa ou não por aquele discurso. Eu faço outro igual ou pior quando eu quiser.

Eu não perdôo Vossa Excelência pela traição que cometeu contra o povo brasileiro e pelo desrespeito à coisa pública do País e por ter montado esse esquema que durante muitos anos haverá de significar até desconfiança contra o Brasil por parte de todos aqueles que nos analisam do ponto de vista da história e de fora para dentro.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Concluo, Sr. Presidente, dizendo que não vamos poder mais continuar vendo esse jogo enfermo praticado pelo Senhor Presidente. É enfermiço, é doentio. Sua Excelência já imagina que está forte outra vez porque as oposições mostraram que não são golpistas. Vou repetir, ao encerrar, Sr. Presidente: não dissemos que não há impeachment! Dissemos que não há ainda condição para se pedir impeachment do Presidente, até porque não há o fato jurídico incontrastável e não há uma demanda da sociedade. Se as duas coisas se casarem, e as duas, a meu ver, nasceriam ou não juntas, não pense que teremos qualquer compromisso em mantê-lo de qualquer jeito! O compromisso que temos, de qualquer jeito, é com a Constituição brasileira, é com a democracia neste País, é com a lisura no trato da coisa pública, é com o respeito às gerações que estão a nos analisar e as que lerão a história que estamos escrevendo.

Portanto, Sr. Presidente, vou aproveitar estes 50 segundos para dizer, mais uma vez: Presidente Lula, se V. Exª não me perdoa, volto a repetir, não tem mesmo nenhuma importância para mim. Nenhuma! N-E-N-H-U-M-A! N-E-N-H-U-M-I-N-H-A! Nenhuminha! Nenhuminhazinha da silvinha! Nenhuma, Presidente! Não perdôo V. Exª pelo desgoverno, pela desmontagem do País, pela menoridade política, por essa arrogância incurável que faz um moribundo político imaginar que pode ameaçar quem quer que seja neste País.

Era o que eu tinha a dizer!

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2ºdo Regimento Interno)

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Matérias referidas:

Veja - “Lula esconde a sujeira”

O Globo - “Panorama Econômico - Miriam Leitão - Protesto a favor”

Exame: “Onde o PT se perdeu”

“Fundador do PT e coordenador da campanha de Lula a presidente...”

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2005 - Página 27754