Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o pronunciamento do Presidente Lula em Vitória da Conquista, Bahia. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários sobre o pronunciamento do Presidente Lula em Vitória da Conquista, Bahia. (como Líder)
Aparteantes
Jefferson Peres.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2005 - Página 28056
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESTADO DA BAHIA (BA), AUSENCIA, ESCLARECIMENTOS, CRISE, POLITICA NACIONAL, NEGLIGENCIA, RESPONSABILIDADE, CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, NOTA OFICIAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ALEGAÇÕES, DESCONHECIMENTO, CORRUPÇÃO, OCULTAÇÃO, RESPONSAVEL, PREVISÃO, DEMORA, CONCLUSÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabei de ouvir trechos do pronunciamento do Senhor Presidente da República, em Vitória da Conquista, no mesmo estilo diante do tal pedido de desculpas. Em outras palavras, quase que repetindo o “vão ter que me engolir”.

Aqui temos uma notícia on line que diz assim: “Lula: ‘Se mexerem com vocês, também mexerão comigo’.” E ninguém está mexendo com o povo de Vitória da Conquista a não ser o próprio Presidente da República, trazendo instabilidade a partir da incapacidade que tem de controlar o avassalador esquema de corrupção que grassa no seu Governo.

Depois ele diz: “Não são poucos os que querem jogar a corrupção para dentro do Planalto”. Aí, ele tem razão, são muitos: a complacência dele é uma, o Sr. José Dirceu é outro, o Sr. Delúbio Soares é outro, o Sr. Luiz Gushiken é um quarto, o Sr. Sílvio Pereira é um quinto, o Sr. Marcos Valério é um sexto, o Sr. Duda Mendonça é um sétimo, são muitos. Não são poucos os que querem jogar a corrupção para dentro do Palácio do Planalto. Mais do que esses poucos ou esses mais ou menos que querem jogar a corrupção para dentro do Palácio do Planalto, são milhões os que querem tirar a corrupção de dentro do Palácio do Planalto. Eu diria que é a população brasileira inteira.

Sr. Presidente, em seguida àquela manifestação com jovens de boa-fé liderados por uma juventude caquética da UNE, tivemos, depois da manifestação “Chapa Branca”, um protesto a favor. Foi o primeiro que vi na minha vida. Protesto a favor: “vamos sair a favor”. Aprenderão que não é slogan, não é consigna, não mobilizarão ninguém se saírem com alguma coisa do tipo: “Corrupto unido jamais será vencido!” Isso não vai dar em coisa alguma. O povo só sai se for o contrário, para enfrentar a corrupção.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na nota assinada hoje pelo Deputado Ricardo Berzoini, Secretário do PT, divulgada com o título de “Resolução”, o PT passou um certo atestado de óbito para si próprio. Comprova que já morreu. Falta lavrar o documento.

Em um passado não muito distante, existiu no País uma agremiação com a alcunha de “O Maior Partido do Ocidente”. Foi a Arena. Agora, passamos a ter - se é que ainda temos - um Partido que agia sem o conhecimento de suas instâncias formais, o que, bem traduzido, significa que ali se fazia o que bem se entendia, já que as instâncias formais, Senador Jefferson Péres, não sabiam de nada. No seu suposto mea culpa, o Partido dos Trabalhadores confessa que ainda de nada sabe e promete se recompor, para consolidar importantes conquistas para o povo brasileiro e para recuperar a economia e a geração de empregos, num País que estava à beira de um desastre. O desastre, em 2002 - é preciso que parem de mentir de uma vez por todas -, se chamava Lula, se chamava Lula e sua trajetória de vida, se chamava Lula e suas concepções sobre a economia, se chamava Lula e o medo que os mercados e a economia real do País tinham de que seu Governo fosse um governo de negar de vez a estabilidade econômica.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO  (PSDB - AM) - O mais interessante foi a vacina que a nota do PT prega: as confusões já vistas eles colocam lá; e aquelas por vir, as possivelmente vindouras.

Com essa absurdidade sem tamanho, o PT erra, desde logo, o tempo do verbo. Não, Dr. Berzoini, o País entregue ao governo petista não estava na beira do desastre. Quanto aos dados econômicos, sociais e o que mais queira, o partido do mensalão comprova o contrário. Por favor, use o verbo no tempo correto. Agora, sim, o País está à beira do desastre.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Arthur Virgílio, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO  (PSDB - AM) - Concedo o aparte, com muita honra, ao Senador Jefferson Péres.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Arthur Virgílio, isso é o que se chama de inverter as coisas, subversão das coisas. O pouco que este Governo está fazendo e mostrando, como aumento enorme das exportações, agronegócio - pelo menos no ano passado - exuberante, inflação sob controle, não seria a colheita dos frutos do Governo Fernando Henrique Cardoso? Embora tenha sido Oposição ao Governo no segundo mandato, tenho que reconhecer isso. E ele disse que recebeu o País em desastre?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Perfeitamente, Senador Jefferson Péres. Eles têm a síndrome do marco zero. Tudo não havia antes. Em algumas coisas, eles têm razão: mensalão, por exemplo, é invenção genuinamente deles. Inovaram nesse terreno da corrupção, porque havia em outros Governos, em outros momentos, mas mensalão é deles, é criação deles.

Sr. Presidente, vejo que faltou ao PT, como faltou ao Presidente Lula - portanto, a coerência entre ambos - sinceridade. Criaram a chamada república do mensalão. Pecaram feio.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Fingem pedir desculpas à Nação, porque não mencionam o nome dos tais pecadores, não dão o nome dos corruptos, evitam, com clareza - já concluo, Sr. Presidente -, que as apurações se dêem de maneira mais célere. Ou seja, é uma luta para se conseguir aprovar um requerimento convocando alguém. Depois, é outra luta para se conseguir que esse alguém seja ouvido, e o tempo vai passando. E o tempo não vai passando a favor. Já estou prevendo que, nesse ritmo, essas CPIs vão ser prorrogadas, e não vai ter recesso, e teremos o tempo do recesso dedicado a se completarem, antes do período eleitoral, essas investigações todas, para que todos sejam punidos.

Encerro, dizendo que o Presidente Lula fez mais do mesmo, o Presidente Lula fez a mesma coisa de antes. Um pouco de respiro, voltou à arrogância, voltou à imprevidência, voltou ao populismo.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO  (PSDB - AM) - A única coisa que o Brasil pede do Presidente é que o Presidente pare de falar insinceramente à Nação e retome o compromisso da verdade, dando nome aos bois da corrupção, dando nome aos bezerros de ouro da corrupção, dizendo quais são as providências concretas, porque não está ganhando tempo. Sua Excelência está perdendo tempo, porque perder tempo político significa estar o Presidente perdendo credibilidade, perdendo densidade.

Há pouco, eu falava com um Deputado, um dos mais experimentados Parlamentares com assento neste Congresso, que nos estava dando a honra de sua visita. S. Exª saiu e disse: “Olha, Arthur, o caldo está entornado, e essa gente não percebe. O caldo está entornando, o barco está à deriva, e essa gente não nota; essa gente não providencia. Então, está ficando quase irreversível a situação”. Percebi desalento no velho analista da cena brasileira, lúcido como sempre foi. Notem que não se trata de alguém que vê com antipatia este Governo - ele tentou ver com simpatia -, mas os fatos falam mais forte...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - … do que qualquer simpatia. Portanto, não sei mesmo o que dizer. A crise se avoluma.

Concluo, Sr. Presidente, e desta vez realmente o faço. Pobre do país cujo Presidente e cuja estabilidade política dependem de o doleiro não falar; dependem de o Silvinho calar; dependem de o Delúbio silenciar; dependem de o Dirceu não se zangar; dependem de o Marcos Valério dizer apenas metade da verdade; dependem de o Duda não contar tudo. Pobre do país, pobre do Presidente, pobre do Governo, cuja estabilidade política se assenta em bases tão tíbias, tão frágeis, porque o ideal seria que os tivéssemos visto preservarem a majestade do poder que conquistaram. Hoje, não. São reféns do doleiro Barcelona, são reféns do Seu Land Rover, são reféns do Seu Delúbio, são reféns de todos aqueles que sabem que outros sabem dos malfeitos que uns praticaram...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... outros autorizaram e de que muitos tomaram conhecimento.

Era o que eu tinha dizer, Sr. Presidente.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DIRCURSO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Nota do Partido dos Trabalhadores, de 16 de agosto de 2005”; artigos: “Lula: se mexerem com vocês, também mexerão comigo” e “Ex-assessor de Palocci está preso em Ribeirão Preto”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2005 - Página 28056