Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a crise política reinante no país. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Comentários sobre a crise política reinante no país. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2005 - Página 28352
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • COMENTARIO, OCORRENCIA, AMEAÇA, BOMBA, SENADO, IMPORTANCIA, CONTINUAÇÃO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), APURAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NEGLIGENCIA, CONDUTA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, CHEFE DE ESTADO, ESCLARECIMENTOS, OPINIÃO PUBLICA.
  • CRITICA, MANIFESTAÇÃO, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), APOIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OFENSA, OPOSIÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, OPOSIÇÃO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, REPUDIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as autoridades policiais e a Polícia do Senado terminaram resolvendo essa história da bomba que foi instalada na Barbearia da Casa. Lá, e com isso concorda o Presidente Tião Viana, teriam morrido três ou quatro pessoas, no mínimo, se não tivessem sido tomadas providências. Já não é o primeiro boato. E dessa vez era verdade, tinha uma bomba mesmo.

Isso significa o quê? Significa uma forma subdesenvolvida e corrupta de terrorismo? Significa o quê? Afinal, estamos em pleno processo de apuração de responsabilidades, com três comissões de inquérito funcionando na Casa, estamos vendo um festival de denúncias grave, estamos vendo carreiras políticas sendo ceifadas pelas denúncias em que certos personagens se envolveram. E, por outro lado, se imaginarmos que isso possa ser algum tipo de reação à decisão do Congresso, à atitude do Congresso de investigar, nós veremos o Brasil indo para descaminhos, para desvãos. Nada, contudo, impedirá a apuração das responsabilidades e a punição dos culpados. Nada! O Congresso vai cumprir com o seu dever. O Congresso tem o dever de apurar as denúncias envolvendo irregularidades e corrupção no Governo Federal e tem o dever de se depurar dos seus membros que praticaram os malfeitos, que entraram na relação promíscua com empresas privadas e com o Executivo.

Vejo com certo estupor o fato de o Senhor Presidente da República não ter mudado nada daquele tal pedido de desculpas para cá. Ele continua com as viagens populistas, continua com as declarações inconseqüentes, continua com as declarações que não subsistem, continua, enfim, como se não tocasse nele, como se não tocasse no seu Governo tudo o que está sendo arrolado no campo da corrupção, no campo da irregularidade! E não é assim. Sua Excelência passará para a história como o Presidente que menos deu explicações a respeito de denúncias de corrupção. Menos! O tempo inteiro fingindo que não é com ele, o tempo inteiro fingindo que não tem nada a ver, que não tem nada a dizer, e isso só vai agravando o seu quadro. Gosta tanto de pesquisa e de eleição que sabe que há uma pesquisa do Ibope, e isso foi noticiado ontem já no blog do jornalista Ricardo Noblat e também pela TV Bandeirantes, mostrando resultados desastrosos, desabando sua perspectiva eleitoral, desabando sua credibilidade administrativa. Então, está na hora da explicação e de mais nada. Não é viagem demagógica para aqui e para acolá. Está na hora do verdadeiro pedido de desculpas, está na hora da explicação ou, quem sabe, está passando da hora da explicação verdadeira.

As manifestações, tipo aquela caquética da UNE, jovens caquéticos liderando jovens de boa-fé, subvencionados por recursos públicos, essa que é a verdade, e tentando convencer que é possível mobilizar fazendo protestos a favor; contra a corrupção, mas a favor do Governo Lula. Não consigo entender isso se o Governo Lula está crivado de denúncias de corrupção. Que alguém diga “quero poupar o Presidente, não acho que seja a hora de impeachement” até a Oposição já disse isso, mas sair por aí como se Lula fosse vitima e não o Presidente que nomeou quem praticou corrupção e que permitiu que a corrupção grassasse sob sua responsabilidade é caquético, isso não faz jus à juventude, isso é inédito na história da UNE.

Aliás, a UNE está precisando de eleição direta. Precisa de eleição direta para acabar de uma vez por todas com essa história de meia dúzia sem representatividade dominar a entidade estudantil. Partidos que dominam a UNE dependem de se rebaixar de cinco para dois por cento a cláusula de barreira para poderem existir. Então, como é que pode ter voto na UNE? Se tem voto, é tranqüilamente direto o voto, e os Partidos não precisariam ser tão fracos e fazer a cláusula de barreira cair para dois por cento. Já tivemos ontem a manifestação do P-SOL, PSTU, enfim, manifestação de esquerda contra o Governo.

A pergunta que faço é muito simples: não estamos querendo fazer isso, mas é um desafio para começarmos a fazer? É um desafio para nós vermos quem põe mais gente na Praça da Sé? Será que é isso que o Presidente está propondo para nós? É um desafio? Eu gostaria de saber se oficialmente é um desafio. Estão nos desafiando a fazer um grande comício na Praça da Sé. Outro na Cinelândia. É um desafio? Estou disposto a ouvir. Se for, vou pensar seriamente em recolher essa luva, Senador César Borges, e vamos ver se é possível se juntar gente na Praça da Sé para defender ou justificar este quadro de descalabro que aí está. Ou na Cinelândia, no Rio de Janeiro, para ver se é possível juntar gente para defender este quadro de falta de decoro que aí está.

Termina virando para o Presidente Lula - Sr. Presidente, já concluo - um pouco aquilo que o verde amarelo foi para o Presidente Collor. Ele disse: “Quem estiver do meu lado coloca verde amarelo”. E as pessoas colocaram luto nas portas das suas casas. Se o Presidente fizer um desafio parecido com este “Quem estiver ao lado dele coloca uma estrela vermelha no peito” e nós dissermos o contrário “Quem estiver contra o Senhor Presidente coloque a Bandeira brasileira fora das suas casas”... Será que esse é o desafio? Será que estão querendo nos conduzir a isso?

Aquelas lideranças caquéticas da UNE insultaram a Oposição ontem. Ainda acham que têm o direito de fazer isso! Ainda acham que têm direito de dizer uma coisa como essa! Torcem a verdade. Começaram a mentir tão jovens, aprenderam a mentir tão cedo. É tão grave! O ideal seria ninguém mentir em idade nenhuma. Agora, mentir tão jovenzinhos... Então dizemos que não queremos provocar impeachment e ainda temos que agora engolir a molecada, insultando as Oposições nas ruas. Se isso for orientação do Presidente, que depois os recebeu, eu gostaria de saber se topam mesmo nós fazermos o desafio dos atos públicos. Se topam mesmo. Se for um desafio, eu estou disposto a aceitar o desafio. E não quero saber de coisa pequena, não. É Praça da Sé e Cinelândia para começar a brincadeira. Depois, vamos ver no que vai dar. Se alguém tiver café no bule que diga porque a Oposição está cansada dessas incompreensões; está disposta mesmo - vou repetir uma expressão bem popular - a ver quem é que tem café no bule. Nada de rua pequena; nada de viela. Tem que ser Praça da Sé e Cinelândia. Está lançado o repto, se é que nos fizeram um desafio com aquele bate-perna da juventude caquética da UNE anteontem em Brasília.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2005 - Página 28352