Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários à matéria publicada na revista IstoÉ sobre a devolução de cartões do Programa Bolsa-Família na Paraíba.

Autor
José Maranhão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Targino Maranhão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Comentários à matéria publicada na revista IstoÉ sobre a devolução de cartões do Programa Bolsa-Família na Paraíba.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2005 - Página 28401
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, MORAL, IDONEIDADE, CONDUTA, FAMILIA, MUNICIPIO, POMBAL (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), DEVOLUÇÃO, CARTÃO MAGNETICO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, RENDA MINIMA, CONSCIENTIZAÇÃO, AUSENCIA, DIREITOS, RECEBIMENTO, CESTA DE ALIMENTOS BASICOS, MOTIVO, OBTENÇÃO, EMPREGO, APOSENTADORIA.

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, as preocupações do Brasil são com o escândalo, esse verdadeiro terremoto Tsunami, que tomou conta dos noticiários dos jornais do Brasil inteiro e de alguns jornais de outros países.

De repente, quem contempla o cenário nacional, olhando pela ótica do periodismo brasileiro, tem a impressão de que não existe mais dignidade neste País. Existe, sim. A grande maioria do povo brasileiro, especialmente entre o povo simples, que, sendo simples, sabe renunciar à tentação que leva muitos homens públicos, às vezes até privilegiados do ponto de vista financeiro, a cometerem delitos graves contra a Nação e, sobretudo, contra a confiança dos seus eleitores.

A revista IstoÉ, edição de 17 de agosto de 2005, traz na primeira página uma manchete. Aqui, a fotografia do Presidente Luiz Inácio da Silva e o noticiário de que o publicitário Duda Mendonça confessa ter recebido R$10,5 milhões do PT nas Bahamas, dizendo que leva a crise política para o Palácio do Planalto.

Lá em cima, no cantinho, em letras bem menores, está a notícia que me chamou a atenção, porque se refere à pequenina e heróica Paraíba, meu Estado natal. Eu diria pequenina e honesta Paraíba, Estado que tenho a honra e o orgulho de representar nesta Casa do povo.

A manchete diz: *“É possível ser honesto. Na Paraíba, famílias devolvem o cartão do Bolsa Família”. E o que está dizendo a revista com isso? Simplesmente registra um fato que poderia servir de exemplo para a Nação brasileira inteira. Duzentas e onze famílias beneficiárias do Bolsa Família, no meu Estado, Município de Pombal, tomaram a decisão de devolver o cartão que lhes dava direito de receber R$50,00 todo mês. Na sua consciência cívica, essas famílias se convenceram de que não tinham mais direito a receber o Bolsa Família, porque, naquele momento da devolução, deixava de existir a condição para recebê-la, que era o fato de todos serem desempregados na família.

Ouçamos os depoimentos que a revista IstoÉ, do alto da sua competência, tomou lá no Estado da Paraíba. Diz aqui que o marido de Gilvânia Monteiro Lacerda, de 34 anos, obteve um emprego em uma padaria. “Gilvânia entregou o benefício que recebia há menos de um ano, depois que ele foi trabalhar numa padaria.”

Outro exemplo. São muitos aqui. Não vou citar todos, até pelas advertências do Presidente de que o tempo é exíguo.

“Se a gente que precisa não tiver consciência, quem vai ter?”

Veja o raciocínio honesto, simples, mas de uma clareza cartesiana, de uma pessoa simples e humilde, diferentemente daqueles que se apropriaram de milhões do Tesouro Nacional.

Depois de três meses doente, meu marido conseguiu trabalho. Minha mãe, embora meu pai não tenha emprego, porque sofre da coluna, nos ajuda. É como uma corrente. Acho que estou ajudando a outros, devolvendo um benefício que graças a Deus existe, mas que, no momento, não preciso mais.

Vejam outro exemplo:

Maria do Céu, 66 anos, reza na mesma cartilha de Gilvânia. Ela abriu mão de R$50 depois que ficou viúva e passou a receber pensão: Eu não tinha nada e agora recebo dois salários.

Uma das pessoas ouvidas disse que a cidade é pobre, mas que a situação é de quem tem consciência e deve dividir o pouco com todos.

A Secretária de Ação Social, Yasnnaia Pollyana, dá uma declaração. Ela poderia muito bem, como faria um político populista ou vaidoso, dizer que tudo aquilo era fruto do trabalho que seu esposo, o Prefeito, fazia na cidade. Sei que, em grande parte, é assim, pois o Prefeito daquela cidade, o Jairo, é um homem de bem, faz uma administração séria atualmente, que já vem séria desde a administração anterior, do ex-Prefeito Verisinho Lacerda*, que se dedicou por inteiro ao equilíbrio fiscal de sua cidade e à seriedade administrativa.

            Mas o que diz sua esposa? Ela diz aqui que esse fato se deve a duas coisas: ao envolvimento do Ministério Público e do Judiciário local e à obediência...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) -... de todas as regras do programa. Se todo mundo agisse dessa forma, com esse equilíbrio, com essa seriedade e com essa obediência ao império da lei, certamente não estaríamos amargando essa situação que está aí, que envolve sobretudo o Executivo e a Câmara Federal - graças a Deus, o Senado da República, até agora, tem se mantido fora das acusações.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero mais uma vez aqui repetir que estou muito orgulhoso de ser paraibano, porque em minha terra encontra-se gente como essas marias, como essas joanas, como essas aparecidas, que estão lá dando exemplo de dignidade, de seriedade e de obediência à lei.

Obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - V. Exª me permite um aparte antes de deixar a tribuna?

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) - E não a deixarei agora só para ouvir V. Exª.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Muito obrigado. Na verdade, quero me congratular com o pronunciamento de V. Exª e dizer que V. Exª tem inteira razão em estar assim feliz, porque, na verdade, o que é que víamos antes? Eram reportagens dizendo que os programas sociais estavam sendo fraudados, o dinheiro sendo desviado...

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) - Que muitas pessoas se aposentavam sem ter as condições necessárias, que até defunto recebia aposentadoria.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - E agora a Paraíba dá esse exemplo. Parabéns à Paraíba e parabéns a V. Exª.

O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB) - Eu, realmente, estou orgulhoso do meu povo e da minha terra.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - A Mesa se associa à comemoração da virtude e da honestidade do povo paraibano. Não é sem razão que a bandeira da Paraíba traz escrito “Nego”. Aquele bravo povo negou no passado o comunismo e hoje está ensinando o País a negar a corrupção.

Concedemos a palavra ao último orador desta sessão, Senador Garibaldi Alves Filho, do PMDB, do nascente “Grupo dos Autênticos”.

V. Exª terá cinco minutos de tempo e a seguinte assertiva bíblica: “Os últimos serão os primeiros”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2005 - Página 28401