Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado no jornal Folha de S.Paulo, intitulado "Eutanásia incerta". Homenagem ao dia 15 de agosto, data em que o Estado do Pará aderiu à Independência do Brasil, no ano de 1823. Reflexões sobre palavras do Presidente Lula em viagem à Bahia.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.:
  • Comentários ao artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado no jornal Folha de S.Paulo, intitulado "Eutanásia incerta". Homenagem ao dia 15 de agosto, data em que o Estado do Pará aderiu à Independência do Brasil, no ano de 1823. Reflexões sobre palavras do Presidente Lula em viagem à Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2005 - Página 28406
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, OMISSÃO, RESPONSABILIDADE, GOVERNO FEDERAL, OCORRENCIA, CORRUPÇÃO.
  • HOMENAGEM, DATA, COMEMORAÇÃO, ADESÃO, ESTADO DO PARA (PA), INDEPENDENCIA, BRASIL.
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMPARAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DOENTE, UNIDADE, TRATAMENTO, DOENÇA GRAVE, HOSPITAL, EXPECTATIVA, MORTE, IMPEACHMENT.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem em Brasília, houve uma manifestação chapa-branca liderada pela UNE - que os jornais anunciaram que vem recebendo um elevado volume de recursos públicos - e o presidente Lula tocou sua agenda em Brasília, com relativa tranqüilidade. Faz sentido realmente, pois o movimento foi pífio.

            Hoje, no entanto, como houve na esplanada um movimento de partidos e entidades que fazem oposição declarada ao presidente Lula e a seu governo, o presidente resolveu viajar para fugir da agitação e dar continuidade a sua campanha eleitoral inaugurando, inclusive, obras já inauguradas.

Mas em sua viagem ao interior da Bahia, mais precisamente na cidade de Vitória da Conquista, o presidente mais uma vez pisou na bola com seus tradicionais improvisos. Disse o presidente:

“Não são poucos os que querem jogar a corrupção para dentro do Palácio”.

Mais uma vez ele se equivocou completamente. Na verdade são pouquíssimos que desejam isso, ou melhor, foi Vossa Excelência, o Presidente Lula, que colocou a corrupção dentro do Palácio. Afinal, quem nomeou José Dirceu? Quem tem ascensão sobre Delúbio Soares?

Quem jogou a corrupção dentro do Palácio foi Vossa Excelência ao permitir que ministros recebessem Silvinho “Land Rover” Pereira, Delúbio Soares, Marcos Valério e outros dentro do Palácio.

Quem jogou a corrupção dentro do Palácio foi Vossa Excelência ao ver ministros de Estado recebendo os diretores e donos dos bancos envolvidos com os empréstimos ao PT, nas dependências do Palácio.

Sr, Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria também de, nesta oportunidade, homenagear o dia 15 de agosto. Foi neste dia, no ano de 1823, quase um ano após o Grito do Ipiranga, por dom Pedro I, que o Estado do Pará aderiu à Independência do Brasil.

Foi o bispo Dom Romualdo Coelho, que hoje dá nome a uma rua de Belém - a capital do meu querido Estado do Pará -, aproveitando o Dia da Assunção de Nossa Senhora, quem marcou a sessão solene de promulgação da adesão do Pará à independência do Brasil para o dia 15 de agosto.

O dia é data-magna do Pará e feriado estadual desde setembro de 1996 pela Lei nº 5.999, assinada pelo então governador Almir Gabriel.

A adesão do Pará à Independência completou, na segunda-feira (15), 182 anos. Maranhão e Pará, que formavam província com o hoje Estado do Amazonas, foram as duas últimas províncias a se renderem, depois que os portugueses foram expulsos do País.

O Pará, juntamente com outras províncias, à época da Independência do Brasil, preferiu se manter fiel à Constituição portuguesa.

Essa situação fez com que Dom Pedro I organizasse uma esquadra de marinheiros e oficiais, comandada pelo primeiro-tenente John Pascoe Grenfell e pelo almirante Cockrane, para expulsar a esquadra portuguesa dos mares brasileiros.

A adesão do Pará à Independência somente em 1823 foi um ato extremamente corajoso. Foi a resposta dos paraenses ao abandono que o Estado vinha enfrentando. Foi a insatisfação da elite amazônica, que se sentia afastada das decisões políticas e econômicas do País.

Contribuímos muito com a economia do Brasil, mas ainda somos um Estado pobre. Temos imensas riquezas minerais e vegetais, e pouco é revertido em favor do povo paraense. O pior de tudo é que, infelizmente, poucos conhecem a realidade amazônica. Grande parte da população tem uma visão pouco realista do que seja a Amazônia. Para muitos brasileiros, a região é somente povoada por mitos. Não conhecem a grandiosidade do povo amazônico, que já foi capaz de protestar contra o abandono, através de uma revolução popular, a Cabanagem, que foi o grande movimento popular do Brasil na região Norte.

A adesão do Pará à independência quase um ano depois foi um movimento que congregou burgueses nacionalistas insatisfeitos, militares que desejavam alcançar altos postos, políticos que queriam maior poder de decisão na política brasileira, escravos que ansiavam pela liberdade, índios e mestiços movidos por séculos de dominação e opressão portuguesa. Um movimento corajoso e autêntico. Foi quando o Pará mostrou sua indignação e conseguiu juntar todos os paraenses em uma mesma direção.

No dia 15 de agosto, quando se comemorou a adesão do Pará à independência foi o momento de todos nós nos perguntarmos se está se dando verdadeira importância à região amazônica. Depois de séculos de abandono, é chegada a hora de darmos mais uma vez o nosso grito de revolta, para que o Brasil ouça a nossa indignação em relação à política regional implementada hoje pelo governo federal - se é que há alguma.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu conclamo os meus conterrâneos a lutar bravamente pelo desenvolvimento do nosso Estado e da nossa região, com todas as nossas forças. Mostremos para o resto do Brasil a nossa capacidade de reverter o jogo.

Com toda a nossa contribuição ao Brasil, precisamos ser vistos e lembrados nas políticas regionais de desenvolvimento. Chega de sermos relegados a um segundo plano.

O povo do meu Estado tem muito orgulho da nossa grandeza de riquezas e de lutas. Não devemos, nunca, esquecer a coragem de nossos ancestrais que muito lutaram, com sangue, suor e lágrimas, para que a Amazônia tivesse o respeito que deveria ter, mas que ainda não tem!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria também de comentar artigo do jornalista Fernando Rodrigues, publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, de 13 de agosto de 2005, com o título: “Eutanásia incerta”.

Segundo o artigo, “o melhor cenário previsto para o presidente Lula é torcer para o governo sobreviver vegetando até o dia 31 de dezembro de 2006. Está como um doente terminal numa UTI. Tem danos no cérebro ainda não totalmente conhecidos. Talvez nunca mais consiga caminhar. Suas funções vitais são mantidas por aparelhos”.

Por fim, Sr. Presidente, requeiro que o referido artigo passe a integrar os anais do Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Eutanásia incerta.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2005 - Página 28406