O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, como V. Exª, também quero cumprimentar o Governador Roberto Requião, que tantas vezes aqui conosco interagiu e soube dignificar tão bem o povo do Paraná e os trabalhos do Senado Federal.

Mas sinto-me na responsabilidade, Sr. Presidente, neste momento em que temos tantas atribuições concomitantes e que percebo que sou o único Senador do PT presente, ao ouvir as palavras do Senador Arthur Virgílio, de ponderar, com muito respeito a S. Exª, que o importante é aguardarmos o desenvolvimento dos trabalhos de apuração dos fatos. Porque S. Exª já chegou a uma conclusão em relação ao assunto objeto de trabalho do Conselho de Ética, da CPMI dos Correios e da CPMI do Mensalão, que analisará a compra de votos, em que estamos desenvolvendo um trabalho de apuração ao lado dos colegas do PSDB, do PFL, da Oposição e dos companheiros da base aliada.

Todos temos a responsabilidade de fazer esse trabalho com equilíbrio, sensatez e serenidade. É como se para S. Exª já tivesse acabado, como se a CPMI já tivesse desvendado o que é verdade e o que é mentira. É uma conclusão a que S. Exª chegou. Parece que S. Exª já deseja de pronto o julgamento do ex-Ministro e Deputado José Dirceu.

É legítimo que o Senador Arthur Virgílio tenha feito o seu julgamento, mas daí S. Exª querer que o Senado Federal já vote hoje e que V. Exª, como Presidente, demande a cassação do mandato do Deputado José Dirceu, com todo o respeito pelo seu entusiasmo, Senador Arthur Virgílio, mas vamos ao trabalho de apuração sensata e equilibrada. Dê, pelo menos, o direito à dúvida.

Se dois Parlamentares, seus colegas, estiveram, ontem, frente a frente, dizendo coisas diferentes, então, vamos ouvir as ponderações e examinar os documentos. O próprio Deputado Roberto Jefferson ficou de enviar os documentos sobre os mais diversos episódios ali citados. O Deputado José Dirceu ponderou: “Então, encaminhe os documentos. Vamos ver.” Ele próprio não disse, por exemplo, quais os dois emissários que teriam ido a Portugal. Não citou os nomes. Isso ficou de ser averiguado.

E o Senador Arthur Virgílio já chegou à conclusão de que toda e qualquer palavra ali dita pelo Deputado José Dirceu não teria sido verdade. Quero ponderar que entendo ser melhor e mais prudente examinarmos com toda a serenidade e todo o equilíbrio.

Falo aqui como seu colega de Parlamento desde 1982, Senador Arthur Virgílio: vamos, com a devida calma, realizar o nosso trabalho. V. Exª sabe que eu também assinei a CPMI, mas com o propósito de, serenamente, apurar os fatos.