Discurso durante a 138ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à memória de seu irmão, o empresário alagoano José Aprígio.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória de seu irmão, o empresário alagoano José Aprígio.
Aparteantes
Alvaro Dias, Heloísa Helena, José Jorge, Mão Santa, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 20/08/2005 - Página 28464
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, ESTADO DO AMAPA (AP), ELOGIO, ATUAÇÃO, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, registro, com muito pesar e particular emoção, o falecimento de um dos maiores empresários de Alagoas e do Nordeste: José Aprígio, como era chamado, ou simplesmente o Zé, como era também conhecido e sobretudo respeitado.

Dele muito se poderá dizer, inclusive de sua surpreendente precocidade: aos três anos, montava cavalos nas terras do pai; aos dez, dirigia tratores e jipes; aos 17 anos, foi oficialmente emancipado pelo pai, que lhe deu a diretoria comercial de sua empresa. E a primeira providência no novo diretor, ainda imberbe, foi tomar todos os talões de cheque do presidente da organização, por acaso seu próprio pai.

Muito se poderá dizer do que ele fez e de sua importância para a economia e o desenvolvimento de Alagoas, pois afinal ocupou praticamente todos os cargos de maior destaque do mundo empresarial de nosso Estado. De dirigente empresarial a líder de classe, de empresário bem-sucedido a dirigente premiado, distinguido com comendas nacionais, com prêmios regionais e com o reconhecimento público do Governo do Estado, com aplausos privados das organizações mais respeitadas do Brasil, Zé Aprígio ocuparia dezenas de minutos apenas com a simples leitura dos cargos que ocupou e das funções que exerceu.

Prefiro ater-me, Sr. Presidente, ao que ele foi, e, mais que sua obra, registrar sua própria pessoa, pois na verdade o maior patrimônio que deixa à sua mulher e aos quatros filhos é a integridade do caráter e a honradez de sua história.

Direto e franco como poucos, mas ponderado e sensato como raríssimos, Zé Aprígio soube fazer-se ponto de referência de empresários, mas também de políticos dos extremos mais opostos do nosso espectro ideológico.

Que havia nele de tão especial a ponto de dirigentes da esquerda mais engajada procurarem apoio e conselho de um dirigente de empresas sem qualquer filiação partidária? Que especial sabedoria, que peculiar capacidade de ouvir e ponderar, de ponderar e conciliar, que fazia dele um ponto de equilíbrio entre contrários? Quem saberá ao certo? Mas, em se tratando de Zé Aprígio, quem buscaria maiores explicações? As pessoas, afinal, o procuravam simplesmente pelo que ele era, e não pelo que fazia.

Desde que ele partiu, há menos de 15 dias, muitos testemunhos ouvi. Testemunhei respostas a perguntas que nem fizera e registrei testemunhos que sequer imaginara. Dono de usina de açúcar por herança, dirigente de empresa do setor açucareiro por opção e dirigente e líder do setor da agroindústria do açúcar por absoluta competência, em momento algum ele sequer fora chamado de usineiro, porque, nas Alagoas e no Nordeste, houve um tempo em que o termo mais distinguia uma posição ideológica que uma atividade empresarial. Ele, usineiro? Que nada, ele era o Zé Aprígio, ou o Zé, assim mesmo, sem nome composto, sem sobrenome ou função empresarial. O Zé desportista das quadras de basquete, de voleibol, o Zé maratonista, que madrugava em sua fazenda e, mesmo sendo um dos mais respeitados criadores de cavalo quarto de milha do Brasil, corria a pé toda a sua propriedade na Viçosa natal, na natalíssima Alagoas.

E daí que ele tivesse ou dirigisse usina, que dirigisse a própria cooperativa dos usineiros? Quem ousaria chamá-lo de conservador ou reacionário? Quem? O Zé? E os líderes estudantis que ele ajudava, com o sincero sentimento de que mesmo a mais radical contestação estudantil é, na verdade, o melhor antídoto à acomodação social e pessoal? E os líderes de esquerda cuja campanha ele mesmo incentivava e ajudava? E os mais pobres e anônimos portadores de doenças incuráveis, reunidos numa casa de apoio onde raros sabiam quem era de fato o mantenedor?

Ele foi alentadoramente precoce em toda a sua vida. Mas foi, Sr. Presidente, saudosamente precoce em sua despedida. Ele partiu aos 55 anos de uma vida exemplarmente intensa, vivida com o entusiasmo dos que sabem construir, com a paixão dos que sabem dividir e partilhar, mas, sobretudo, com a coragem e a consciência de quem sabe que apenas passa pelo mundo, a caminho de uma missão mais importante e de uma outra vida imortal. Ele partiu deixando lições tão fecundas como a que ministrou em vida. Durante toda a sua longa provação, de quase três anos, e dores lancinantes no final, ele jamais murmurou uma só queixa contra a vida ou contra o céu. Blasfemar? Nunca. Desesperar? Jamais. Como ensina a música que vez por outra ele cantarolava, com o espírito de boêmio que disfarçava muito bem atrás da vida de executivo.

Ele aprendera com o pai muito mais do que eu próprio imaginara. Como o pai, ele construiu formidável e comovente resistência interior, mesmo quando já não tinha qualquer resistência orgânica. Como o pai, soube ser forte como poucos, mesmo quando a provação já o fragilizara como nunca. Como o pai, que fora vencido pela mesma doença, ele cultivou até o fim as mais fundas esperanças, mesmo quando só lhe sobravam poucos e estreitos horizontes de vida.

Por momentos, Sr. Presidente, cheguei a rever o velho Teotônio Vilela reencarnado no Zé, naquele leito de despedidas, tão diferente na história, tão igual nas atitudes. Um e outro igualados pela dor, irmanados pela mesma força interior. O velho Teotônio de novo partiu! De novo se despediu, agora levando consigo o Zé. Que saudades do velho Teotônio!

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Teotônio Vilela Filho, gostaria de tomar parte no pronunciamento de V. Exª.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

Peço ao Presidente que me conceda, em seguida, só mais um minuto para concluir meu pronunciamento e também ouvir a Senadora Heloísa Helena e o nobre Senador Pedro Simon.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Edison Lobão, lá do nosso Maranhão - terras de Gonçalves Dias, João Lisboa e outros recentes -, Deus escreve certo por linhas tortas. Depois da reunião da maçonaria, que prestou culto a Deus, à família, à ordem, a princípios fundamentais, entra Teotônio Vilela Filho. É um crer naquilo que estudei, nas leis genéticas de Mendel, naquilo que está nos livros de Deus, Senadora Heloísa Helena: árvore boa dá bons frutos. Longe está V. Exª de imaginar a repercussão do seu pronunciamento, Senador Teotônio, que se iguala ao estoicismo de seu pai, lutando pela redemocratização. No momento da desesperança, no momento em que milhares de pessoas depositavam confiança, vem a desesperança, por falta de virtudes e pela corrupção, V. Exª traz para o Brasil, relembrando os exemplos de vida do Zé e do seu pai. Nem tudo está perdido. As bênçãos de Deus, o exemplo de Teotônio Vilela pai e as ações do filho e de Zés, como esse do Alagoas, Zé Aprígio, farão com que possamos acreditar ainda neste País e na construção de uma sociedade mais justa, igualitária, fraterna e verdadeira, como era o sonho do pai de V. Exª.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito honrado com o aparte de V. Exª, nobre Senador Mão Santa.

Concedo o aparte à minha conterrânea e amiga, Senadora Heloísa Helena.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Senador Teotônio, eu me senti não na obrigação, mas de alguma forma obrigada a fazer um testemunho em relação ao Zé Aprígio, como - V. Exª mesmo disse - ele era chamado. Por mais que ele representasse um setor com o qual eu sempre briguei muito ao longo da minha vida, combati com veemência, com ferocidade, às vezes, com intolerância também, eu me sinto à vontade para dar um testemunho. Não vou nem falar do seu pai. V. Exª também é uma pessoa muito civilizada, muito delicada aqui no plenário e com todos nós no Estado de Alagoas. No caso específico dele, que, de alguma forma, comandava com competência uma importante estrutura empresarial, um setor empresarial que sempre combati com muita veemência, nunca, em momento algum, ele foi capaz de um único gesto de grosseria, de um único gesto pouco civilizado. Nunca. Mesmo sabendo que eu combatia com veemência o setor que ele representava, sempre teve a delicadeza de apresentar a concepção que tinha do setor da agroindústria do açúcar e sempre foi uma pessoa de jeito generoso. Já lhe disse que a última cena que eu lembro dele é justamente quando já estava mutilado, certamente movido pela dor e pela tristeza, junto com a Themis, num bloco de carnaval de rua em Maceió. Ele estava com um sorriso generoso, cheio de vida, como se, naquele espaço de alegria, quisesse buscar a vitalidade necessária para superar uma doença tão triste, que massacra tanto o corpo, a alma e o coração das pessoas. Eu me senti na obrigação de dizer isso, porque, mesmo sendo uma pessoa com a qual nunca tive relação política, brigava com veemência, às vezes com intolerância, ele nunca foi capaz de um único gesto de grosseria, pouco civilizado, muito pelo contrário, sempre foi generoso, carinhoso.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Exatamente.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Sabia escutar as diferenças ideológicas e programáticas, mas sabia também superar essas diferenças, sendo aquilo que é essencial nas relações humanas: carinhoso e generoso. Portanto, dou com alegria esse testemunho no aparte a V. Exª.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - V. Exª não imagina, Senadora Heloísa Helena, como ele ficava feliz quando eu lhe dizia: “Olha, Zé, Heloísa perguntou por você, mandou um beijo”. Ele tinha muito carinho e, sobretudo, uma admiração reverencial pela postura da Senadora Heloísa Helena. Ele se orgulhava muito da amizade que tinha com V. Exª e ficava todo derretido quando eu lhe transmitia os seus recados, as suas orações, sempre generosos em relação a ele. Muito obrigado pelo aparte.

Concedo o aparte ao nobre Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Levo ao prezado amigo a solidariedade, o carinho, o afeto e a amizade. Lembro-me das referências que o velho Teotônio fazia de V. Exª e de seu irmão. Lembro-me, nesta Casa, quando José Aprígio apresentou um projeto de aumentar a empresa e desenvolvê-la - o que era absolutamente normal -, um grande projeto, da maior importância para os interesses da região, que o regime militar não deixava passar por causa do velho Teotônio. Amigos do Teotônio lá de dentro diziam: “Olha, queremos votar, queremos aprovar, está tudo certo, mas a ordem que temos é de não fazê-lo por tua causa”. O velho Teotônio foi para esta tribuna e fez um elogio emocionante ao filho dele. E contou histórias de V. Exª. Lembro-me como se fosse hoje - ele estava na tribuna, exatamente onde V. Exª está - de ouvi-lo referir-se a seu irmão dizendo que ele era um rapaz, criança ainda, que avançava, que assumiu a direção e tirou, inclusive, os cheques dele. O velho Teotônio reproduzia as próprias palavras: “Mas, meu filho, o que é isso? Eu ainda sou o dono da empresa”. A resposta: “Não, pai. Se é para fazer o negócio para valer, vamos fazer”. E o velho Teotônio: “Tudo bem”. O velho Teotônio contava essa passagem da tribuna em que V. Exª se encontra. Ele contava o esforço que o guri estava fazendo para promover aquela ampliação e o crime que estavam fazendo com ele; que ele lamentava profundamente, mas que ele iria continuar na linha dele. Lembro-me do orgulho que ele tinha de dizer que o Zé Afrânio...

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Zé Aprígio.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - ...que o Zé Aprígio era muito melhor do que ele na empresa. Dizia: “Ele entende, ele não é como eu, ele é competente. Olhe, Pedro, eu não sei por quem ele puxou, porque eu levo toda essa vida, nunca lhe ensinei e ele é um profissional de primeira grandeza”. Realmente, V. Exª e o Zé Aprígio foram adiante e venceram. E V. Exª, seu irmão e seu pai têm características muito importantes. Não sei hoje, mas, naquela época, ser usineiro era, realmente, atividade marcada, era mais grave do que ser empresário.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - É verdade.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - No entanto, nunca vi, por parte do velho Teotônio ou do filho dele, qualquer preocupação que não fosse no sentido de uma administração voltada para o social e preocupada com o social. Digo-lhe, meu querido Teotônio, Deus me deu a ventura de conviver com o velho Teotônio. Acompanhei, até o fim, aquele homem percorrer o Brasil com quatro cânceres. E V. Exª sabe o que o médico dizia: “Hoje não tem problema, vá para Paris; há condições para que tu leves uma vida tranqüila, sem dores. O que não pode é tu percorreres de trem, de avião, correr por esse Brasil inteiro, e levar essa vida miserável”. E ele foi até o fim levando a bandeira dele. Acho difícil haver no Brasil uma pessoa com o mesmo amor à causa pública que teve o velho Teotônio. Concordo com o que V. Exª disse, que o pai deve ter reencarnado no filho, que teve o mesmo mal, a mesma doença. Pelo que V. Exª está dizendo e segundo o que eu sabia, realmente, ele teve a grandeza e o gesto dos grandes homens, que a doença pode abater na morte, mas não abate no ânimo nem na dignidade nem no brio nem na coragem. V. Exª fica com uma grande responsabilidade. Já tinha de levar adiante a biografia de seu pai na vida política; agora, fica com a responsabilidade da usina e dos interesses na vida empresarial. Felizmente, V. Exª tem a serenidade, a tranqüilidade, a honestidade e a capacidade para desempenhar esses dois papéis. E parece que Deus lhe deu a saúde necessária, a competência necessária para que V. Exª, a esta altura, além de suas missões, além de sua vida, tenha que viver a biografia de seu pai e a biografia de seu irmão. Um abraço muito carinhoso, mas muito carinhoso de quem, V. Exª sabe, tem por V. Exª e por sua família um afeto muito grande.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Senador Pedro Simon.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - V. Exª fala com o coração, com a história de sua vida como Senador da República e com a autoridade de quem afixou ao túmulo de meu pai uma placa de bronze eternizando a relação fraterna que V. Exª e o velho Teotônio tinham. Lá no túmulo está: “Ao querido amigo Teotônio com o abraço de Pedro Simon”. Sempre a minha família lembra esse gesto inesquecível de V. Exª.

Concedo o aparte ao Senador José Jorge.

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão. PFL - MA) - Senador Teotônio Vilela, são muito justas e oportunas as homenagens que presta V. Exª a essas duas figuras extraordinárias, porém o seu tempo já foi ampliado em quinze minutos. Eu pediria que, se pudesse, abreviasse a sua manifestação.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Claro que podemos. Concluo em um minuto, logo após ouvir o Senador José Jorge.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Sr. Presidente, mais trinta segundos.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Presidente Edison Lobão, pela gentileza de V. Exª.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Meu caro Senador, eu também gostaria de me solidarizar com V. Exª neste momento de dor. Infelizmente, não conheci pessoalmente seu irmão José Aprígio, mas todos os alagoanos que conheço que privaram de sua amizade sempre me falaram dele como uma pessoa excepcional, não só como empresário, mas também como figura humana e grande líder que era, não só na família, mas também em todo o Estado, especialmente no mundo empresarial. Nós acompanhamos toda a sua luta nessa doença e agora, quando infelizmente essa luta chegou ao fim, eu não poderia deixar de dar minha palavra de solidariedade a V. Exª.

O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, nobre Senador José Jorge, pelo aparte de V. Exª.

Ouço o Senador Alvaro Dias.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Teotônio Vilela, creio que não é a primeira vez que manifesto a minha enorme admiração pela família, especialmente em razão do conhecimento que tive o privilégio de ter do velho Menestrel das Alagoas, o Senador Teotônio Vilela, e de V. Exª, sobretudo admiração pelo caráter, pela competência, pela habilidade política, pela postura ética, pela decência, pela dignidade - sei que esses são produtos em falta na prateleira da política nacional. V. Exª, sem dúvida, nos honra, nos orgulha e engrandece esta Casa com sua presença honrando a memória de seu pai, sobretudo, e, agora, do seu querido irmão. As nossas homenagens também a V. Exª.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias.

Sr. Presidente, o Zé Aprígio lutou com a coragem dos grandes guerreiros. Em todos os momentos, conseguia arrancar de sua própria dor um otimismo que nos contagiava a todos. Aos médicos incrédulos, ele dizia quase todos os dias: “Hoje estou bem melhor”. Ele sempre ficou melhor, bem melhor. Tão melhor que, em sua despedida nas Alagoas, Estado e Município decretaram luto, pois haviam perdido não apenas um dirigente e líder empresarial, mas, sobretudo, um guerreiro das causas alagoanas e um cruzado incansável de seu desenvolvimento.

Este homem, Sr. Presidente, viveu apenas 55 anos. E durante 54 anos, todos os dias eu falei com ele. Não houve fuso horário, não houve latitude que me impedisse de, a cada dia, dizer-lhe ao menos um alô, pois, desde a partida de meu pai, ele se fez para mim e para todos os meus irmãos um porto sempre seguro. Mesmo no anonimato de sua discrição, foi sempre o mais próximo e o mais sólido de todos os nossos esteios.

Esse homem, Sr. Presidente, era meu irmão. Saudades, Zé Aprígio. Que Deus o tenha tão próximo de si como sempre o teremos em nossos corações.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado, sobretudo pela tolerância, pela compreensão deste momento e do quanto foi importante para mim dirigir estas palavras ao Senado e ao meu querido irmão Zé Aprígio.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/08/2005 - Página 28464