Discurso durante a 134ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Governador Miguel Arraes, ocorrido no dia 13 do corrente, em Recife-PE.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Governador Miguel Arraes, ocorrido no dia 13 do corrente, em Recife-PE.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2005 - Página 27550
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MIGUEL ARRAES, EX GOVERNADOR, EX-DEPUTADO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LUTA, BENEFICIO, POPULAÇÃO, DEFESA, JUSTIÇA SOCIAL, DEMOCRACIA, BRASIL.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para encaminhar a votação. Sem revisão do oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta sessão de hoje é uma homenagem aquém, muito aquém da importância que o brasileiro Miguel Arraes teve ao longo de muitas décadas, em vários momentos políticos importantíssimos do nosso País. Eu até diria que, em algumas situações, como durante parcela significativa da ditadura militar, a sua ausência foi profundamente relevante.

Arraes foi uma figura carismática e emblemática, pela força agregadora que desempenhou ao longo de toda a sua carreira pública. Para todos aqueles que brigam pela justiça social, pela oportunidade igual entre todos os brasileiros e brasileiras; para aqueles que querem um País que se desenvolva de forma homogênea, sem diferenças gritantes entre as regiões; para os que almejam um País construído em bases democráticas; para todos os que têm esse tipo de compromisso e prática política, Miguel Arraes é uma ausência lamentável, uma figura insubstituível.

Ele, que teve, ao longo de sua história, muitos mandatos - foi três vezes Governador do Estado de Pernambuco, várias vezes Deputado Estadual e Federal -, têm talvez esta marca, este lado escolhido das lutas e das causas populares. Não poderia deixar aqui de registrar o importante papel que desenvolveu numa das mais antigas e complicadas lutas democráticas do povo brasileiro, pela reforma agrária. Miguel Arraes teve um vínculo profundo com essa luta, porque foi, durante um bom tempo, advogado das Ligas Camponesas - movimento dos agricultores pobres do Brasil, na sua luta histórica, de muitas, muitas e muitas décadas, pelo direito à terra, para morar, trabalhar e criar os filhos.

Então, Arraes se ausenta, em termos físico, do cenário nacional, num momento muito difícil. E todos nós, que estamos buscando gerenciar, superar esta crise política, sabemos o quanto seria importante ter a voz da sabedoria, da experiência e do comando de Miguel Arraes nesse processo.

Depois, com relação à morte, ele lutou até o último minuto. Nem a morte teve facilidade para com Miguel Arraes. Ele ficou, durante várias semanas, numa UTI, enfrentando-a, colocando-se refratário a ela, talvez até pela consciência do papel que tinha, o de ajudar neste momento difícil do País.

Arraes, que teve participação em momentos tão importantes da vida política brasileira, sempre o fez de um lado; participou da vida política sempre ao lado das causas populares, democráticas, na defesa das instituições democráticas do nosso País.

Uma demonstração inequívoca do lado a que sempre serviu e em que esteve presente durante toda a sua vida política aconteceu no momento do seu velório e enterro. As forças populares, a população ficou do lado em que Arraes sempre esteve e se manifestou de forma explícita, ao acolher as personalidades políticas que compareceram ao enterro.

Deixo minha homenagem a esta grande figura carismática, de força, comprometida com as causas populares, que foi Miguel Arraes e transmito à Dª Magdalena, aos dez filhos e aos inúmeros netos todo o meu sentimento de pesar, as minhas condolências e a certeza de que perdemos um grande brasileiro, um brasileiro que nos fará muita falta. Que nos possamos guiar pelo que foi a sua vida, o seu posicionamento e o seu compromisso com o lado mais fraco da sociedade brasileira.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2005 - Página 27550