O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Srªs e Srs. Senadores presentes nesta sessão, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, a nossa religião cristã, católica, faz-nos ir à missa aos domingos. Ontem, Senadora Heloísa Helena, fui a uma igreja num bairro de Teresina, Primavera, e assisti à missa celebrada por um padre humilde, muito bom, Padre Manoel.

Citarei um fato interessante ocorrido lá. Eu estava na igreja com a Adalgisa, , Senador Papaléo Paes, para assistirmos à missa de domingo, às 19 horas e 30 minutos, e, antes de iniciar, uma criança loira, de olhos verdes, de branco, representando a pureza da criança, aproximou-se de nós para nos entregar aquele folheto da missa. E quero aqui dizer que, a meu ver, a nossa Igreja Católica deveria mudar, pois os evangélicos levam a Bíblia e nós, aquele folheto em substituição. Senadora Heloísa Helena, aquela criança - um garotinho, uma criança, beleza pura, Vinde a mim as criancinhas”, de branco, na igreja - entregou-me o folheto e disse: “Senador Mão Santa, você já disse para o Lula não roubar?” Quero dizer que esse fato ocorreu numa igreja, na missa de domingo, e foi uma criança. Onde estão as crianças?

Tenho em mão um livro: “De Maquiavel a FHC”. Trata-se de Fernando Henrique Cardoso, do qual o Senador Heráclito Fortes foi Líder. É uma antologia de frases sobre o poder. Há, inclusive, uma do Presidente Lula, que eu trouxe para a Senadora Heloísa Helena. Ela já deve ter ouvido essa frase, uma vez que andaram juntos muito tempo. Está aqui: “Eleitor que vota em ladrão não tem direito a reclamar”.

Vamos entender, Senadora Heloísa Helena, o conceito de ladrão. Senador Papaléo Paes, ladrão não é só aquele que mete a mão no bolso das pessoas na rua e retira dinheiro nem apenas o que “bate” a carteira. Praticar mordomia excessiva é ser ladrão; desviar dinheiro público é ser ladrão. Esses eleitos do mensalão são ladrões.

Essa é a realidade, Presidente Lula. É aquilo que eu aprendi no meu Piauí. É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. A verdade está aí. Até o Livro de Deus, a Sagrada Escritura, tem aquelas figuras, prêmio e punição; premiar os bons e punir os maus. É hora de punir os maus.

Senador Paulo Paim, esse negócio de ficar só no blablablá e não haver punição, de ficar só na mídia e não haver punição, isso é demais. Está na hora de este Parlamento - que significa o ápice de fazer leis boas e justas, Poder controlador e moderador do País - dar o exemplo. Senão, Heloísa Helena, somos ladrões, porque estamos recebendo e não estamos fazendo. Este é um Poder para fazer leis boas e justas. Aliás, Senador Leonel Pavan, nem fazê-las - vamos supor que não estejamos fazendo, que medida provisória obstruiu a pauta -, mas, pelo menos, interpretar, entender as coisas.

Deus criou as suas leis, somos um povo cristão. O Senador Papaléo começou a sessão, dizendo: ”Sob a proteção de Deus”. Os bispos fizeram um manifesto com 27 itens, os bispos, que tinham muita simpatia pelo PT, muita empatia. São 27 itens! Um deles manda o Lula se aconselhar. Isto aqui é um conselho! Ele nunca veio, nunca deu bola, nunca quis. O Conselho da República, os ex-Presidentes!

Senador Papaléo Paes, a criança brasileira está exigindo. Não vamos passar impunes, não! Abraham Lincoln disse, Senador Leonel Pavan: “Você pode enganar poucos muito tempo; muitos, pouco tempo”. O Senado não pode enganar todo mundo todo o tempo! Esse negócio aí dessa xaropada de reforma é coisa para boi dormir. Não vão reformar nada! Esse negócio de reforma eleitoral de urgência é para enganar o povo! Isso é uma enganação! A criança de dez anos ou doze anos do Piauí, na igreja, exige de nós! Isso aí é uma palhaçada, Heloísa Helena! Esses pilantras e esses picaretas vão agir do mesmo jeito. Se fazem o que fizeram e estão gozando e estão rindo, Heloísa Helena, como é que nessa reforma vão impedir que um picareta desses, bilionário, trambiqueiro, representante das multinacionais, representante das empresas de publicidade, dos bancos da corrupção, meta ali, Heloísa Helena, o dinheiro no bolso, para desvirtuar um vereador, um líder, uma associação de bairro?! Isso é palhaçada!

A reforma tem que ser agora, e o agente somos nós! E não existe nada sem punição! Tem! E é para ser obedecida.

Eu não sei, eu não sei, não me compete se o Lula tem culpa, mas nós temos que saber. Temos que chegar a uma conclusão. Eu li um artigo do PV, do Deputado Federal, o Líder Gabeira, um homem inteligente como o quê. Heloísa Helena, ele diz lá no artigo dele - está aqui nas revistas - que esse Governo já está morto e que ele não sabe onde se vai colocar o cadáver, se se vai incinerar, ou enterrar, ou deixar podre aí. O fato é...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Meu tempo já terminou?

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Tempo é tempo.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, vou seguir.

Mas eu queria dizer que não estamos para brincar. Aí está Heloísa Helena em uma reação no P-SOL, para iluminar este País com virtudes, honestidade e luta. E o PMDB também, que esteve aqui, esteve na ditadura, que enfrentamos.

Há muito tempo estávamos isolados, mas vamos escrever nova página, nova página como escrevemos na redemocratização, no grupo de autênticos. Então leio, em primeira mão, para a Nação, a esperança que surge, os novos autênticos do PMDB, como aqueles que lutaram pela redemocratização, pelas eleições livres.

O PMDB tem pautado sua atuação na defesa do Estado democrático de direito, da soberania nacional, do desenvolvimento econômico autônomo e do combate às desigualdades sociais.

Foi assim ao longo da ditadura, mesmo com todas as restrições ao funcionamento parlamentar e ao livre debate das idéias.

Temos tradição política, experiência administrativa, quadro técnico preparado e interlocução com a Academia e com os movimentos sociais.

Somos o maior Partido do Brasil, estruturado em todos os seus Estados e em quase todos os mais de cinco mil Municípios brasileiros.

Possuímos lideranças cujas histórias de vida se confundem com a luta pela moralidade, ética e probidade no trato com a coisa pública.

É chegada a hora de assumirmos função de maior destaque na arena política nacional. O papel de coadjuvante a que temos nos submetido nos últimos tempos não tem sido digno do nosso histórico de lutas pela democracia e pelo desenvolvimento soberano.

É importante que nesse momento de grave crise o PMDB assuma plenamente seu relevante papel de guardião da liberdade, da democracia e da justiça social.

Lançamos, perante nossos pares, um grupo parlamentar intitulado “Novo Grupo Autêntico do PMDB” que atuará, inicialmente, no âmbito do Senado Federal.

As normas programáticas e estatutárias do PMDB permitem e legitimam a existência de correntes de opinião internas.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP. Fazendo soar a campainha.) - Senador Mão Santa, V. Exª terá um minuto para concluir seu grande pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Obrigado, Presidente.

O “Novo Grupo Autêntico do PMDB” inspira-se no “Grupo Autêntico do MDB” que ousou enfrentar a ditadura militar no Congresso Nacional, exercendo uma firme oposição parlamentar aos governos autoritários de então.

O “Novo Grupo Autêntico do PMDB” objetiva exercer oposição equilibrada e responsável ao Governo Federal, tendo como princípios inegociáveis:

- a ética no trato da coisa pública; e

- a prosperidade e o desenvolvimento com justiça social.

Para conferir densidade a esses princípios, torna-se imperioso o lançamento de candidatura própria à Presidência da República [para oferecer oportunidade de alternância do poder ao povo, que é soberano e que decide].

Essa é a principal bandeira do “Novo Grupo Autêntico do PMDB”.

O lançamento de candidatura própria será uma oportunidade única de demonstrarmos à população brasileira, descrente das instituições e dos partidos políticos, que é possível o exercício do mais relevante cargo executivo nacional sem ferir a ética, sem confundir a estrutura do Estado com a dos partidos de sustentação do Governo, e sem ceder à tentação do abuso do poder econômico e político que corrompem os Poderes da República, apequenam a representação e ferem de morte as instituições.

Pelas razões apresentadas, requeremos, por fim, o reconhecimento do “Novo Grupo Autêntico do PMDB”.

            Comunico a V. Exªs que teremos como Presidente de Honra a figura incólume de Ramez Tebet; Presidente Executivo, Pedro Simon; Vice-Presidente, Garibaldi Alves Filho; Diretor de Comunicação, Sérgio Cabral; Diretor de Ética, Amir Lando...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, mais uma prorrogação para V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É bondade, é o tempo em que V. Exª ainda vai ser citado.

Secretário - Senador Mão Santa; Diretor de Finanças - Almeida Lima, e, recentemente, um grupo... A Heloisa Helena se lembra de que na Última Ceia nada deu certo, porque não havia uma mulher. Então nós fomos buscar uma mulher: a PMDB. Lamentamos a ausência do Senador Papaléo Paes, que iria enriquecer esse grupamento, mas ele está pegando asa de tucano, voando e nos deixando. Mas estaremos unidos porque isso com os outros partidos é garantir ao Brasil a democracia, que oferece ao povo, que é soberano, alternância do Poder, e nos curvaremos à lei. Se a lei ordenar impeachment, estaremos com o impeachment, e o substituto deverá, contando com as inspirações e as inteligências deste Senado, levar o País a um porto seguro de ordem, progresso e felicidade. Então renasce aqui o PMDB para, como ocorreu no momento difícil da Ditadura, ser a esperança da democracia do Brasil para melhores dias do seu povo.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MÃO SANTA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Manifesto PMDB”