O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é uma prática do Partidos dos Trabalhadores - e é inacreditável que até hoje a Polícia Federal e até mesmo os Partidos políticos não tenham observado isso - ter, nas suas prefeituras, poucas empresas trabalhando no serviço de coleta de lixo e varrição, transporte de ônibus e jogos, principalmente bingo. Daí por que surgiu também em Ribeirão Preto esse assunto cuja gravidade é muito patente e, sobretudo, Sr. Presidente, cria um ambiente de dificuldades na economia do País.

Não há dúvida de que o Ministro Palocci tem credibilidade. Não há dúvida de que o Ministro Palocci se saiu muito bem, dentro do quadro difícil em que se encontrava, na entrevista de ontem. Não há dúvida de que o Ministro Palocci declarou que ele não seria um homem competente se levassem dois anos e o PT e ele não soubessem que havia algo imoral na administração pública.

Ele falava para mim? Não. Ele falava para a Nação. Mas, se ele, dirigente municipal, não sabia com dois anos, ele quis dizer que o Presidente Lula sabe do que se passa no seu Governo, porque tem mais de dois anos de mensalão e coisas parecidas. Houve essa crítica bem patente ao Presidente da República; houve esse propósito de dizer do Ministro Palocci - todos hoje aplaudem, não só a imprensa de modo geral. Há algumas críticas aqui e ali, mas, de modo geral, aplaudem a atuação do Ministro Palocci na entrevista.

Mas não se queira com isso também infernizar ou complicar a vida do Sr. Buratti - que, diga-se de passagem, não está à altura do Ministro Palocci. Mas nem por isso devem-se parar as investigações, sobretudo quando o Tribunal de Contas chama a atenção, Sr. Presidente, que a auditoria mostra interferência da Secom em contratos de publicidade. Também mostra nas prefeituras: o Tribunal de Contas tem um rol de prefeituras que fazem o problema da varreção e do lixo, contemplando o caixa do PT, partido que vive realmente de mensalões e outras coisas que não o tornam um partido moralizado.

Não que todos do PT sejam desmoralizados - seria injusto dizer assim; mas que uma grande parte do PT participa, com a anuência do Presidente da República, desses pecados, isso é inegável. É inegável, Sr. Presidente, porque os fatos são mais fortes do que tudo. Não é sem razão que o Cardeal Presidente da CNBB declara que o Presidente Lula sabe de tudo. É um cardeal, por sinal, da minha terra; é um homem de bem, que pede pelo menos que Lula dê explicações. Isso ele disse antes de Palocci falar, e o Ministro, na sua fala, pede explicações também ao Presidente da República. Faz o que é oficial da hierarquia, que o Lula disse que não o tira nunca mais, etc. Isso tudo é muito bom para tranqüilizar o mercado, que hoje, evidentemente, passa um dia bem melhor do que sexta-feira. Isso é bom para a economia, é bom para todos nós. Ninguém aqui é contra o êxito da política econômica.

Há outro desmentido do Ministro Palocci - e aqui os petistas não estão para ouvir. Eles dizem que o Presidente Fernando Henrique deixou uma herança maldita, mas o Ministro Palocci, com a sua habilidade, fez elogios à política econômica do Presidente Sarney e do Presidente Fernando Henrique, dizendo que aquela obra não era de S. Exª, mas de um conjunto de ministros que tinham passado por aquela pasta. Isso é muito importante. Quando falarem aqui em herança maldita, não seremos nós que vamos desmentir, mas o Ministro Palocci. S. Exª disse que muita coisa boa foi feita no Governo José Sarney, no Governo Fernando Henrique, razão por que ele estava fazendo uma boa administração.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª me concede um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Com prazer.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Antonio Carlos Magalhães, governei e vi a seriedade do pessoal do Tesouro, de Pedro Malan. Para reafirmar tudo o que V. Exª está dizendo, bastaria citar Murilo Portugal, que brilhou na equipe de Fernando Henrique, na equipe de Malan, e hoje é uma estrela. O Brasil tem grande confiança em seu talento, em sua honradez de profissional.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço o aparte de V. Exª.

O que nós queremos, o que nós exigimos, Sr. Presidente, não é estraçalhar a honra do Ministro Palocci - até que se prove o contrário, S. Exª é um homem de bem e dá credibilidade à Administração Pública. Mas queremos que as investigações continuem, continuem com todo o rigor, que os que forem apanhados no crime sejam punidos e que o Presidente da República não fique tão indiferente, como está, nos casos em que não considera pessoais dele. São pessoais, sim, porque o Governo é presidencialista, e é o Presidente da República que comanda. Sua Excelência é responsável pelo que acontece em qualquer parte, inclusive dentro do seu Palácio. Se o Tribunal de Contas diz que a Secom está cobrando publicidade a mais para beneficiar esses autores da publicidade, evidentemente é ele o responsável, porque foi quem nomeou o Ministro Gushiken.

Meus senhores, é preciso que o País encontre um caminho certo. É o que todos desejamos, mas, para que isso aconteça, é preciso que o Congresso dê o exemplo e não faça acordo, acordinho nem acordão, não faça nenhuma pizza em matéria das CPMIs que estão aí. Isso não impede que trabalhemos. Poderemos fazer o trabalho legislativo ordinário e também a apuração nas CPMIs. Se fizermos isso, estaremos honrando o mandato que recebemos; se não o fizermos, não seremos dignos de voltar a esta Casa nem à Câmara dos Deputados.

Muito obrigado, Sr. Presidente.