O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cada momento, o nosso País vive um sobressalto por conta de denúncias que vêm sendo feitas, ora pela conduta de elementos do Poder Executivo, ora pela conduta de Parlamentares.

Parece que, a cada fim de semana, se reserva um espaço bastante aviltado na imprensa para que tenhamos a fotografia e o caso de uma denúncia, de um escândalo, e o País vai convivendo com isso esperando a hora em que, sendo tudo isso apurado, partamos para a punição exemplar de todos aqueles que mereceram o repúdio da opinião pública e que merecerão certamente penas mais objetivas.

Na qualidade de Relator de uma dessas CPIs, venho observando a seriedade e a serenidade como essas apurações estão se realizando, como elas estão sendo encaradas, tanto pelos Deputados Federais que compõem as Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito, como também pelos Senadores, que, como eu, compõem a chamada CPI dos Bingos. Essa seriedade nos leva a dizer hoje da tribuna desta Casa que, em absoluto, não estamos, pelo menos eu como Relator, cogitando no momento a convocação do Ministro Antonio Palocci, por vermos, por sabermos, por sentirmos, por termos ouvido sua entrevista coletiva à imprensa, quando S. Exª foi bastante franco, claro, veemente, no sentido de esclarecer tudo aquilo que fora dito pelo Sr. Rogério Buratti. Estamos diante do dever de investigar, do dever de aprofundar essas investigações. Daí por que não podemos deixar de convocar - e assim o fazemos com a autorização do Presidente e com a decisão já tomada em plenário - o Sr. Rogério Buratti para que nos traga as informações que ficou devendo à própria CPI dos Bingos, uma vez que, convocado para esta CPI e presente a ela, o Sr. Buratti absolutamente não disse nada, não afirmou nada, o tempo todo negou tudo aquilo que lhe era sistematicamente perguntado pelos seus membros.

Portanto, na quarta-feira, a CPI ouvirá o Sr. Buratti. Esperamos que nos traga novos esclarecimentos, novos fatos. E só se poderia justificar uma oitiva, um interrogatório do Sr. Ministro da Fazenda se ele trouxesse provas, fatos novos.

Assim agindo, procedemos dentro de uma linha de serenidade, de seriedade, que está sendo aguardada pela opinião pública do nosso País. Não podemos, portanto, abusar dos poderes que nos são conferidos de maneira nenhuma. Temos que procurar com esses poderes, com essas prerrogativas esclarecer plenamente aquilo que está sendo colocado diante de nós.

Lendo hoje as declarações do Sr. Costa Filho, um dos procuradores, S. Sª diz, em declarações prestadas aos jornais do sul do País, que é do desejo do Sr. Buratti, agora sim, falar à CPI dos Bingos, trazer informações a respeito do caso Gtech, a respeito do caso da exploração do dinheiro do jogo dos bingos para as campanhas políticas tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo. Portanto, Sr. Presidente, fiquem tranqüilos aqueles que estão acompanhando tudo isso, que estão querendo que tudo isso seja esclarecido, que se faça justiça, mas que estão querendo que se impeça de se fazerem injustiças, fiquem certos que tudo será esclarecido de forma séria e serenamente, como é o nosso compromisso, compromisso esse que foi reiterado quando aceitamos a missão de Relator daquela CPI.

O escândalo da Gtech não pode ficar impune. Trata-se de um caso que não pode deixar de ter desdobramentos. Não podemos deixar, diante das evidências, dos indícios, de punir aqueles que, certamente, impuseram à Caixa Econômica prejuízos que terminaram sendo registrados como débito para a nação brasileira. Afinal de contas, a Caixa é uma empresa pública, Sr. Presidente.

Neste instante, quero reiterar esses compromissos.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Garibaldi, V. Exª me concede um aparte?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Garibaldi, quero crer que ninguém o excede em competência no Legislativo. No entanto, o povo é exigente. Uma vez o Brasil assistiu ao povo do Rio Grande do Norte sacá-lo daqui para que governasse aquele Estado. V. Exª não foi simplesmente um Governador, mas um extraordinário governante, com repercussão em todo o Nordeste do Brasil, haja vista que, quando terminei o meu mandato - coincidindo com o de V. Exª - levei toda a minha equipe administrativa ao Rio Grande do Norte para colher ensinamentos e experiência com V. Exª. Foi talvez a melhor experiência que Deus me deu. Talvez eu tenha acertado com os exemplos de V. Exª e, por isso, o povo do Piauí me trouxe para aqui. V. Exª, sem dúvida nenhuma, neste momento de dificuldade para a política e para os políticos, com estoicismo, presta relevantes serviços ao Senado e à grandeza de um mandato político.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Obrigado, Senador Mão Santa, por essa confiança que V. Exª sempre manifesta à minha atuação. Tenho grande admiração pela sua coerência, pela sua presença constante nesta tribuna como homem que faz oposição dentro dos quadros do PMDB.

Fui abordado pela imprensa, há poucos instantes, a respeito do grupo autêntico que V. Exª articulou na nossa casa, o PMDB. Vamos nos reunir até para traçar rumos, para traçar diretrizes, de modo que identifiquemos melhor esse grupo autêntico que V. Exª me convidou para integrar em tão boa hora. Quero dizer que ninguém mais autêntico do que V. Exª para fazer isso.

Termino este meu pronunciamento, Sr. Presidente, dizendo da minha mais absoluta certeza de que vamos continuar essas apurações e de que tudo isso, ao final, vai levar a Nação a reconhecer que, se o Parlamento se viu atingido, maculado,...

(Interrupção do som.)

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - ...é esse próprio Parlamento que vai dar uma lição de patriotismo; é esse próprio Parlamento que vai, separando o joio do trigo, dar uma lição de honestidade, de hombridade, apurando tudo o que se apresentou para ser apurado.

Muito obrigado.