Discurso durante a 139ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura de correspondência de apoio dirigida ao Ministro Antonio Palocci, após a entrevista coletiva concedida ontem à imprensa. Elogios ao filme "Os 2 filhos de Francisco", sobre a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA CULTURAL.:
  • Leitura de correspondência de apoio dirigida ao Ministro Antonio Palocci, após a entrevista coletiva concedida ontem à imprensa. Elogios ao filme "Os 2 filhos de Francisco", sobre a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.
Aparteantes
Ana Júlia Carepa.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2005 - Página 28603
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • LEITURA, CARTA, AUTORIA, ORADOR, DESTINATARIO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ELOGIO, ENTREVISTA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, ANUNCIO, COLABORAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.
  • SUGESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONCESSÃO, ENTREVISTA, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO.
  • IMPORTANCIA, RECOMENDAÇÃO, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, RESPONSABILIDADE, INVESTIGAÇÃO, RESPEITO, GARANTIA CONSTITUCIONAL.
  • RECOMENDAÇÃO, OBRA ARTISTICA, FILME NACIONAL, BIOGRAFIA, CANTOR, ESTADO DE GOIAS (GO), DIVULGAÇÃO, CULTURA, BRASIL.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, gostaria, como praticamente todos os Senadores, inclusive meus companheiros de Partido - Senadoras Ideli Salvatti e Ana Júlia Carepa, Senadores Sibá Machado, Paulo Paim, Tião Viana e os que estiveram aqui presente hoje -, de transmitir a minha apreciação positiva acerca da entrevista dada pelo Ministro da Fazenda Antonio Palocci, ontem.

Logo que concluída a entrevista, a que assisti, telefonei para o Ministro Antonio Palocci e transmiti a ele, também por carta, o seguinte cumprimento:

Prezado Ministro Antonio Palocci:

Considerei muito positiva a sua entrevista que assisti inteira com toda atenção. Por sua disposição de se colocar pronto para responder a todas as perguntas, sem limites de tempo para os jornalistas e sobre todas as perguntas relevantes que estes resolveram fazer, por 2:20 hs; pela maneira serena e direta com que esclareceu os episódios, salientando que o que foi colhido pelo Ministério Público até o presente, inclusive sobre tudo o que foi documentado, que de maneira alguma constitui prova de procedimento incorreto, também que o contrato principal da empresa que teria beneficiado o PT foi feito antes de sua gestão. Também foi importante a sua disposição junto ao presidente de se afastar temporária ou definitivamente, assim como a confirmação da parte dele [Presidente Lula] de que você deve permanecer. Sua disposição expressa de ir a qualquer momento ao Congresso Nacional, assim como colocar os seus dados à disposição do Ministério Público, que poderia ter sido mais prudente em sua forma de agir, também o fortalece. De minha parte, o testemunho que tenho dado é que em todas as ocasiões que estivemos juntos, e que foram muitas desde que nos conhecemos, exercendo as mais diversas funções, você [Ministro Palocci] sempre agiu com a maior retidão. O seu respeito sobre o que tem sido dito pelas mais diversas lideranças do PT e até sua compreensão pela situação do ex-Secretário Rogério Buratti foram pontos altos. Amanhã à tarde [hoje], da tribuna do Senado, farei pronunciamento sobre este meu sentimento. O abraço, Senador Eduardo Matarazzo Suplicy.

Há pouco, antes de me dirigir ao Senado, procurei levar pessoalmente ao Ministro Palocci o meu abraço. Ao visitar seu gabinete, fui recebido pelo Sr. Sérgio Bath, que me informou que o Ministro Palocci estava no Palácio do Planalto, conversando com o Presidente.

Considero da maior importância fazer este registro. O Ministro Palocci agiu com muita segurança, disposição de esclarecer os episódios. Ele teve uma atitude inclusive generosa e de compreensão para com seu ex-secretário Rogério Buratti, expondo que, naquela circunstância, em que estava algemado e preso, com uniforme de presidiário, sendo submetido à pressão da Polícia e dos promotores no sentido da possibilidade de ter a sua pena diminuída se fizesse revelações, ele acabou dispondo-se a esclarecer todo e qualquer episódio.

Evidentemente, ainda temos que examinar os fatos. O Ministro Antonio Palocci está disposto a colaborar com o Congresso Nacional e com as Comissões, bem como, certamente, comparecer à CPI, se necessário. A sua iniciativa é exemplar do ponto de vista do que eu próprio gostaria que ocorresse com as outras autoridades do Governo e do próprio Partido dos Trabalhadores.

O Ministro Palocci recebeu todo o apoio do Presidente Lula e deu um exemplo para o próprio Presidente de como é importante essa atitude, Senadora Ana Júlia, de dispor-se a dialogar com a imprensa. Tenho relembrado que o Presidente Lula deu uma entrevista coletiva à imprensa no dia 26 de abril, e os jornalistas estão com saudades de uma entrevista coletiva do Presidente que pudesse ter aquela característica.

O Ministro Palocci não limitou o tempo dos jornalistas, não limitou o número de perguntas, cada um fez de três a quatro perguntas. Nos casos em que ele deixou de responder a alguma pergunta, os jornalistas a reiteraram, e ele esclareceu-os inteiramente.

Isso foi ótimo, tanto é que toda a imprensa e os mais diversos segmentos, inclusive os Líderes da Oposição, os Senadores e Deputados Federais, que tantas vezes têm sido críticos do Governo, reconheceram essa atitude tão positiva.

Quero ressaltar a palavra do Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, que, de maneira muito equilibrada, mencionou que o Ministério Público deve tratar as suas investigações com discrição e responsabilidade, tendo como base as garantias constitucionais asseguradas a todos os cidadãos.

O Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, procurou defender a atitude dos procuradores que teriam agido de maneira a não restringir. de qualquer forma, aquilo que havia sido o depoimento do Sr. Rogério Buratti. E ainda hoje o Senador Antonio Carlos Magalhães relembrou episódios em que procuradores da República, muitas vezes, agiram de maneira a divulgar dados, sem que antes tivesse sido concluída a apuração.

Senadora Ana Júlia, vou lhe conceder o aparte.

Desses diversos episódios, é importante que façamos todos uma reflexão, colaborando com o Ministério Público para que este siga sempre a legislação a respeito de como deve ser feita a apuração de fatos, resguardando-se a liberdade de imprensa, mas também seguindo essa recomendação do Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, de que as investigações devem ser feitas com discrição e responsabilidade, sempre levando em conta as garantias constitucionais asseguradas aos cidadãos.

Mas o importante foi a atitude do Ministro Antonio Palocci de procurar, com muita serenidade, esclarecer cada um dos episódios.

Concedo o aparte, com muita honra, à Senadora Ana Júlia.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Obrigada, Senador Suplicy. Além de cumprimentá-lo pelo pronunciamento, quero dizer que V. Exª, como tantos e tantas nesta Casa, sabe que tenho, sim, algumas divergências com relação à política econômica coordenada pelo nosso Ministro Antonio Palocci. Não pretendo um retorno a políticas fantasiosas e irrealistas, de forma alguma. Mas a crítica é principalmente quanto à mão-de-ferro que tem o Tesouro quando se trata de liberação de recursos, principalmente para regiões mais pobres, regiões que necessitam de obras importantes de infra-estrutura, como a nossa região amazônica. Sou do Estado do Pará, como V. Exª sabe, e houve o fato, por exemplo, de terem paralisado agora, porque não liberaram recursos, a hidrelétrica de Tucuruí, que não é importante para o Pará apenas; é importante para o Brasil. Sem a hidrelétrica, é impossível fazer a hidrovia Araguaia--Tocantins, que é o transporte mais barato que existe. Independentemente dessa discordância, faço questão - solicitei inclusive uma audiência com o Ministro - de parabenizar o Ministro Antonio Palocci e dizer do meu respeito a S. Exª. Esse respeito aumentou com a sua postura correta, ética, tranqüila de esclarecer imediatamente, dando um bom exemplo a tantos outros companheiros não só que eram do Governo, mas do nosso Partido. Faço este registro, Senador Eduardo Suplicy, para falar da postura correta, desses exemplos de esclarecimento pronto e dos maus exemplos de alguns promotores de justiça que fazem acusações. No Ministério Público, na sua grande maioria, há pessoas a quem dedicamos o maior respeito, que merecem da sociedade o maior respeito, mas alguns às vezes extrapolam, porque são seres humanos e, como seres humanos, também podem errar. Quero fazer este registro e parabenizar o Ministro Palocci. Realmente precisamos ter cuidado, a sociedade precisa ter cuidado com as ilações, que não podem passar a ser verdade em vez de serem investigadas. Muito obrigada, Senador Eduardo Suplicy.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Muito obrigado, Senadora Ana Júlia. V. Exª expressa um sentimento que é hoje de todos os que puderam assistir com atenção às palavras do Ministro Palocci.

Gostaria muito de ver certa flexibilização na política econômica na direção de termos taxas de juros menores, que viabilizassem um crescimento maior da economia, maiores oportunidades de emprego. Espero que isso possa ocorrer em breve.

Considero que a postura do Ministro Palocci ontem contribuiu significativamente para que hoje a economia, por todos os sinais, se apresentasse de uma maneira mais positiva, com o crescimento do valor das ações na Bolsa de Valores de São Paulo, com a queda significativa do dólar e com a valorização do real. Tudo isso ocorreu em função da repercussão positiva das palavras do Ministro Antonio Palocci.

Senador Mão Santa, na minha conclusão, faço uma recomendação aos Senadores sobre algo a que de muito bonito assisti.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Senador Eduardo Suplicy, peço permissão para interrompê-lo.

Regimentalmente, a sessão se encerra às 18 horas e 30 minutos. Prorrogo-a por 15 minutos para que V. Exª encerre e para que possam falar o Líder Arthur Virgílio e, finalmente, o conselheiro da República, Senador Alberto Silva, do Piauí.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Eu gostaria de fazer uma recomendação às Srªs e aos Srs. Senadores: há um filme brasileiro em cartaz que é de muita beleza, ao qual assisti sábado passado. Trata-se da história de Zezé Di Camargo e Luciano. Zezé que se chamava Mirosmar, seu irmão, Emival, quando meninos cantavam de maneira tão bela, mas depois veio a falecer em acidente de automóvel. Eis que Welson, futuro Luciano, formou com Zezé Di Camargo a dupla.

Esse filme é belo. Uma história brasileira, de uma família de lavradores em Pirinópolis, interior de Goiás, cujo pai amava tanto a música, especialmente a sertaneja, que desde o nascimento de seus muitos filhos tinha a aspiração de que viessem a ser cantores.

(Interrupção do som.)

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, se puder me conceder mais alguns minutos, logo termino.

Quero cumprimentar a todos os que participaram deste filme, desde o Diretor Breno Silveira, aos atores Dira Paes, José Dumont, Márcio Kieling, Thiago Mendonça, Paloma Duarte, Jackson Antunes, Natália Lage, Lima Duarte, enfim todo o elenco.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, podem estar certos de que se trata de um filme que fará enorme sucesso no Brasil e no exterior, porque, merecidamente, mostra uma vida tão bela e tão bem feito foi o filme, daí por que fiz questão de mencioná-lo e recomendá-lo a V. Exªs.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2005 - Página 28603