O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Ramez Tebet, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, crianças, professores - os presentes e os que nos assistem pela TV Senado e nos ouvem pela Rádio Senado -, é uma honra recebermos nesta casa um número tão expressivo de crianças e jovens que com certeza muito nos ensinam. Desde o início da sessão, as rápidas manifestações já nos servem para muitas reflexões.

Cumprimento o Senador Paulo Octávio por esta bela iniciativa de dedicar uma sessão plenária do Senado à população infanto-juvenil. Não tenho dúvidas de que dar voz a estas crianças e a estes jovens é contribuir para a construção de seres humanos mais conscientes de suas responsabilidades e, conseqüentemente, de uma sociedade mais igualitária e mais fraterna.

Cumprimento também a Senadora Serys Slhessarenko, Presidente da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 locais. S. Exª infelizmente não pôde estar presente neste evento devido a compromissos no seu Estado. Por esta razão, a Senadora Serys me deu a honra de representá-la aqui nesta sessão, formulando inclusive, no decorrer do pronunciamento, uma pergunta em seu nome.

Mas, antes, Sr. Presidente, senhoras e senhores convidados, crianças, gostaria de fazer algumas considerações muito rápidas sobre a importância dos cuidados com nossas crianças, que são, indiscutivelmente, o presente e o futuro do País e que precisam ser protegidas por todos como o mais precioso dos nossos patrimônios.

Neste ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, completou quinze anos, e não há dúvida de que muito avançamos neste período. A maioria das crianças e dos jovens presentes, Senador Cristovam, não tinha nascido quando o ECA foi criado, diferentemente das gerações anteriores, das nossas gerações, meu querido mestre Pedro Simon, querido Paim, que não tivemos a oportunidade de recolher tantas informações como hoje o próprio Estatuto pode propiciar. Hoje, percebemos que essas crianças já nascem melhor protegidas, sabendo que devem ser tratadas como cidadãs desde os seus primeiros dias de vida. Hoje aprendemos com elas, aqui, que o diálogo pode ser usado para fazer com que direitos e deveres não fiquem somente no papel.

Acompanhei atentamente a manifestação do Senador Paulo Octávio, que tem muita experiência, inclusive com veículos de comunicação - é também comunicador aqui no Distrito Federal, além de empresário de sucesso -, bem como vi a Mariana, que é uma jovem comunicadora da minha cidade, da nossa Porto Alegre - não é Mariana? - que poderá transmitir depois pelo rádio, onde ela já aprende a militar nesse veículo maravilhoso; as reflexões e as experiências que ela recolhe, com seus colegas, aqui, nesta sessão que é realmente muito especial. Acredito, sim, que os veículos de comunicação têm uma enorme responsabilidade sobre os diversos comportamentos.

Senador Paulo Octávio, peço licença a V. Exª para reproduzir essa sua brilhante publicação, que brotou da inspiração dessas reuniões com as crianças. Ela deve chegar em nossos lares para que os pais leiam. Esta não é apenas uma leitura infantil, é uma leitura também para adultos. É uma leitura para ser feita pelos educadores, pela sociedade em geral, porque vem exatamente colocar temas sob reflexão e dar sugestões recolhidas dessas reuniões. Fiquei muito impressionado. Numa leitura muito rápida, encontrei muitos temas.

O Tratado V, Paz e Segurança Social, considera que a violência está isolando as pessoas, que, a cada dia, menos se relacionam (o medo, a desconfiança, a insegurança...). E reflete, realmente, a questão dos veículos de comunicação - jornais, revistas, gravuras, fotos e propagandas - que influenciam, sim, o comportamento das crianças, que, por sua vez, já trazem, aqui, sugestões como, por exemplo: “Vetar anúncios de violência, propagar mais a paz, o carinho e o bom relacionamento”; com o compromisso de fazer campanhas de conscientização até em relação aos pais. Que bom vir das crianças a sugestão de conscientizar os pais sobre a importância de se selecionar, por exemplo, a programação de TV.

Falando nisto, quero citar uma experiência muito rica e muito bonita que, desde 2004, um grupo de comunicação do meu Estado, o Rio Grande do Sul, vem fazendo. No caso, o Grupo RBS idealizou, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, campanhas que têm como foco principal a atenção à infância e à juventude. Em 2003/2004, o tema foi “O Amor é a Melhor Herança”, o que já foi, inclusive, abordado por mim neste plenário. O objetivo da proposta editorial era levar ao público exemplos construtivos de educação, fundamentados no amor e na responsabilidade, destacando experiências positivas de resgate de crianças em situação de risco.

Neste ano, a RBS lançou uma campanha nos veículos de rádio, TV e jornais com o tema “Educar é Tudo”, por acreditar que a educação é o melhor caminho para melhorar a nossa sociedade. Ainda mais: com o tema “Educar é Tudo”, a campanha mostra que a educação é uma responsabilidade de todos. Pequenas atitudes no dia-a-dia das pessoas podem representar gestos concretos em educação. Ou seja, o diálogo, as brincadeiras, as oportunidades de expressão, o incentivo à leitura, o interesse pelos deveres de casa das crianças, os elogios, as gentilezas, entre tantas outras iniciativas que não custam nada e que fazem toda a diferença.

Para finalizar, senhoras e senhores, gostaria de agradecer mais uma vez a oportunidade de participar deste evento tão importante para o debate de temas muitas vezes áridos, mas necessários, porque eles trabalham exatamente a questão da conscientização, tais como a discriminação, a violência, o abuso sexual, a prostituição e o tráfico. Assim, esperamos poder contribuir para o futuro dessas crianças que hoje estão aqui presentes e, com certeza, de todas as crianças do Brasil.

O tema que escolhi para a pergunta, Senador Mão Santa, trata do meio ambiente. Se olharmos um pouquinho só para o nosso cotidiano, perceberemos que há claras mudanças do ambiente no mundo. Ainda hoje os jornais trazem Portugal cercado por incêndios, com o pedido de socorro à Comunidade européia. Aqui, em lugares onde tínhamos água em abundância, já temos secas preocupantes.

Vejo o Tratado VIII - Responsabilidade e Gestão Social de Água Doce.

O Tratado IX, que versa sobre questões florestais e da biodiversidade, e o Tratado X, da despoluição.

Uma questão que considero muito pertinente - e coloco a pergunta aos grupos de trabalho já organizados, que é a questão do lixo. A quantidade de lixo gerada ultimamente é uma grande preocupação para o Planeta. Pergunto o que vocês pensam disso e o que se pode fazer para ajudar nesse caso, na questão do lixo?

Agora, vou escolher a Bruna Duarte Castro. Oi, Bruna. Meio ambiente, lixo. Como você trata desse assunto em casa, na escola, com colegas? Esse tema já faz parte do cotidiano, do debate, da discussão e da conscientização de vocês?

O SR. PRESIDENTE (Ramez Tebet. PMDB - MS) - Com a palavra a Senadora Bruna, a criança Senadora Bruna. Tem V. Exª a palavra, Bruna.

BRUNA DUARTE CASTRO - Já. Bem, na minha cidade, a gente já é bem consciente desse assunto, pois muitas crianças de lá já vieram na Agenda 21, em que também foi tratado esse assunto. Falando de poluição, acho que, enquanto a gente não se conscientizar do que está fazendo... Porque eles jogam o aterro e o lixo em qualquer lugar. Eu estava vindo para Brasília e vi nas árvores, no cerrado, sacolas jogadas, papéis, garrafas. Eles estão fazendo agora, por causa das queimadas, essa queimada controlada. Na minha opinião, isso não é certo, porque eles não sabem, realmente, onde pode ter um ninho de passarinho ou um ninho qualquer, ou onde tem um animal. Nessas queimadas controladas é muito difícil queimar uma onça, mas já encontraram onça queimada, sucuri.

Bem, essa é a minha opinião. Não sou de acordo com a queimada controlada e nem com a poluição.

É isso. (Palmas.)

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Muito bem, Bruna. Parabéns!

Quero cumprimentá-la por suas posições já definidas, claras, conscientes. Isso, com certeza, refletirá em muitas lugares, em outras crianças, adolescentes e adultos, que nos estão vendo em todo o Brasil.

Agradeço, Senador Ramez Tebet, esta riquíssima oportunidade. Fico imaginando V. Exª, que presidiu aquela sessão de 2001, aqui, às vésperas do Natal. Agora, está colhendo os frutos daquela semente que foi plantada então. Ao Dr. Divino e a todos que participaram dessa iniciativa e que, com certeza, estão muito felizes e muito orgulhosos de assistirem à concretização desses sonhos e desses desafios.

Muito obrigado pela oportunidade. (Palmas.)