O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Sem revisão do orador.) - Muito boa tarde a todos. Serei muito breve.

Quero dizer que é uma alegria muito grande estar aqui com vocês, principalmente pelo aprendizado que nós conseguimos colher desses momentos de diálogo. Dedico, também, esta minha participação à minha filha aqui presente, Catarina, ao meu filho Virgílio e a minha filha Marihá. Procurarei traduzir um pouco este momento, meu caro Presidente, meus caros Colegas Senadores, em poesia. Eu acho que quando estamos num ambiente desses a poesia deve dizer muito mais, pode traduzir sentimentos muito maiores. No final, farei minha pergunta.

A poesia que vou ler é de um menino de rua de Curitiba, criado sob o céu, chuva e sol. Ele diz o seguinte:

Para vocês vida bela

Para nós favela

Para vocês carro do ano

Para nós resto de pano

Para vocês luxo

Para nós lixo

Para vocês escola

Para nós esmola

Para vocês ir à lua

Para nós viver na rua

Para vocês coca-cola

Para nós cheirar cola

Para vocês avião

Para nós camburão

Para vocês academia

Para nós delegacia

Para vocês piscina

Para nós chacina

Para vocês compaixão

Para nós organização

Para vocês imobiliária

Para nós reforma agrária

Para vocês, tá bom, felicidade

Para nós...igualdade! (Palmas.)

O autor é um menino de rua, desses que vemos nas esquinas e, às vezes, não conseguimos ter um olhar carinhoso, os adultos principalmente.

Então, que fique essa lembrança.

A última poesia, para encerrar minha demonstração de admiração por vocês, pelo aprendizado meu muito maior do que de vocês, é do poeta Pedro Bandeira. Quem me deu foi um poeta do meu Estado, da Amazônia, poeta Gregório, que me deu um belo livro de poesia. Pedro Bandeira diz o seguinte:

Mais respeito,

 eu sou criança!

Prestem atenção no que eu digo,

Pois eu não falo por mal;

os muitos adultos que me perdoem,

mas infância é sensacional!

Vocês já esqueceram, eu sei.

Por isso eu vou lhes lembrar:

pra que ver por cima do muro,

se é mais gostoso escalar?

Pra que perder tempo engordando,

se é mais gostoso brincar?

Pra que fazer cara tão séria,

Se é mais gostoso sonhar?

Se vocês olham pra gente,

é terra o que vêem por trás.

Pra nós, atrás de vocês,

há o céu, há muito mais!

Quando julgarem o que eu faço,

Olhem seus próprios narizes:

lá no seu tempo de infância,

será que não foram felizes?

Mas se tudo o que fizeram

já fugiu de sua lembrança,

fiquem sabendo o que eu quero:

mais respeito, eu sou criança!

Pedro Bandeira.

Então, a pergunta que faço, meu caro Presidente, às crianças é a seguinte: qual é o melhor remédio para curar todos os males do mundo - e olhem que eu sou médico!

João Paulo - Meu nome é João Paulo.

Acho que deveriam começar pela escola, porque o maior exemplo que uma criança tem, depois dos pais, seriam os professores. E isso resultaria em quê? Nas crianças crescerem felizes, poderem ter seus empregos para, por exemplo, terem o seu desenvolvimento sustentável, com uma cabeça alegre e feliz.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Uma grande resposta, mas aprendi, Presidente Renan Calheiros...

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador Tião Viana, eu pediria que o jovem senador se identificasse para que o seu nome ficasse devidamente registrado em nossos Anais.

João Paulo - João Paulo.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Com a palavra V. Exª, Senador Tião Viana.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Meu caro João Paulo, fiquei muito feliz em ouvir sua resposta.

Meu caro Presidente, na condição de médico, aprendi essa resposta com um poeta, vítima de uma doença chamada hanseníase. Uma doença que, no passado, mutilava as pessoas: tirava-lhe os dedos, deformava o nariz, rebaixava os olhos; é como se partes do corpo fossem caindo. E é ele quem faz a pergunta e responde, dizendo que o melhor remédio para se curar todos os males do mundo é o amor.

Muito obrigado.