Pronunciamento de Eduardo Siqueira Campos em 23/08/2005
Discurso durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apresentação dos Temas da Agenda 21 Infantil pelas crianças e da proposta da Conferência Criança Brasil no Milênio
- Autor
- Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
- Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA SOCIAL.:
- Apresentação dos Temas da Agenda 21 Infantil pelas crianças e da proposta da Conferência Criança Brasil no Milênio
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/08/2005 - Página 28709
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- ANALISE, INFERIORIDADE, AGUA POTAVEL, MUNDO, APRESENTAÇÃO, DADOS, DEFESA, NECESSIDADE, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.
- DEPOIMENTO, CRIANÇA, RESPOSTA, QUESTIONAMENTO, ORADOR, SUGESTÃO, MELHORIA, CONSUMO, AGUA, MUNDO.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores integrantes da Mesa, Srªs e Srs. Senadores que ocupam este plenário, em primeiro lugar, quero me apresentar. Sou o Senador Eduardo Siqueira Campos, que representa o mais novo Estado da Federação, o Estado do Tocantins.
Vou tratar de um outro tema, mas, antes, quero deixar também uma frase, dita por um grande líder pacifista, alguém que lutou muito pela paz e pela igualdade, mas que morreu antes de ver tudo isso acontecer. Ele se chamava Martin Luther King e foi assassinado nos Estados Unidos, em 1968. Ele disse, um dia, “que nós, homens, tínhamos aprendido a nadar como os peixes, a voar como os pássaros, mas ainda não tínhamos aprendido a viver como irmãos”. Então, deixo essa frase dita por ele e passo para um outro tema, que tem matado mais do que a guerra, que tem matado mais do que Aids, que tem matado até mais do que a violência, tema que vocês vêem na televisão diariamente. Refiro-me à questão da água.
A água, no mundo, é hoje objeto de grandes preocupações da Organização das Nações Unidas. Observem: o homem já brigou pelo ouro, que hoje pouco serve para a humanidade; já brigou pelo ouro negro, que é o petróleo; e hoje a ONU identifica a possibilidade de haver guerra por conta do ouro azul, que é a água doce, a água para o consumo.
Então, antes de dirigir a minha pergunta a vocês, eu quero prestar algumas informações. Primeiro: vocês sabiam que 97% de toda a água que existe no mundo é salgada, ou seja, está nos mares, nos oceanos e, portanto, é imprópria para o consumo humano? Bom, se 97,5% dessa água é salgada, restam 2,5%. Destes 2,5% restantes, há um percentual que está em aqüíferos profundos, ou seja, está dentro da terra, em partes que são inatingíveis pelo homem. Resta-nos menos de 1%, que são as águas dos rios e a dos lagos do mundo inteiro, para o consumo humano.
Nesse ponto, o Brasil é muito bem-dotado. Temos bastante água doce, mas, tendo em vista os números mundiais, resta muito pouca água para o consumo humano. Essa deve ser uma preocupação nossa.
Antes de formular a minha pergunta, eu queria lembrar que um papel jogado na água demora de três a seis meses para se dissolver; o nylon, mais de trinta anos. Se um fiozinho de nylon usado numa vara de pescar ficar na água, ele leva mais de trinta anos para se dissolver. Um chiclete ou um filtro de cigarro podem levar mais de cinco anos para se dissolver. Por último, o plástico e a lata levam mais de cem anos para serem absorvidos pela água.
Então, pergunto: quais são as sugestões de V. Exªs, Srªs e Srs. Senadores, para nós, homens, Senadores, povo brasileiro, preservarmos essa água que temos e usá-la de maneira mais racional? Essa é a minha pergunta.
Heitor Vinícius - Senador Eduardo Siqueira Campos, posso ter o meu aparte?
O SR. PRESIDENTE (Paulo Octávio. PFL - DF) - Eu queria solicitar ao Senador Eduardo Siqueira Campos que dirigisse a pergunta ao Grupo de Trabalho.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Sim, a pergunta foi dirigida ao Grupo de Trabalho.
Eu pediria ao Senador que pediu o aparte que dissesse seu nome, para que pudéssemos identificá-lo.
Heitor Vinícius - Meu nome é Heitor Vinícius. O senhor pediu uma solução. No ano passado, no meu colégio, fizemos uma campanha. O ano inteiro, a gente falou sobre economizar água. Passar pouco tempo no chuveiro ou desligar a água quando está escovando os dentes são meios de economizar água, mas não é o suficiente. A água está acabando. Os franceses estão desenvolvendo usinas para limpar a água dos mares, transformando-a em água doce, em água potável. O mundo inteiro tinha de adotar um processo desse, porque, quando economizamos água, economizamos muito pouco. Também se devia melhorar o sistema de esgoto, porque, querendo ou não, uma certa quantidade de água vai para o ralo sem estar suja. Devia haver um meio de diferenciar essa água limpa da água suja, dessa água que passou pela torneira e foi pelo ralo. Então, a gente tinha de pensar em meios de limpar a água e de transformá-la em água potável. (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito obrigado, Senador.
Gisele Spíndola Marques - Eu queria pedir um aparte para falar também sobre a água, que tem muito a ver com a poluição.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Pois não, tem a palavra a Senadora. Gostaria que a Senadora se identificasse.
Gisele Spíndola Marques - Sou Gisele Spíndola Marques. Estou representando a Escola Classe 304 Norte. Hoje, há poluição nos rios e nas lagoas que servem água para a gente. No mundo inteiro, isso acontece, não só no Brasil. Então, todos deviam se conscientizar de que devem economizar água e não poluir o meio ambiente, os rios, as matas. Deveriam falar, mais do que se fala hoje, sobre a poluição nos mares. Também já se falou que é possível transformar água salgada em água doce por um método que, talvez, custe bastante caro. Mas, independentemente de qualquer coisa, futuramente, acho que isso vai ser necessário se a gente não tomar uma atitude agora. (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem, Senadora!
Lian Cynthia de Oliveira - Senador, o senhor me dá um aparte?
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Pois não.
Lian Cynthia de Oliveira - Meu nome é Lian. Minha escola é o Centro de Ensino Fundamental Telebrasília, do Riacho Fundo. O senhor perguntou o que nós podemos fazer para melhorar a situação e o que as escolas estão fazendo. Na minha escola, fizemos uma comparação: a via-sacra da água. Como podemos valorizar a nossa água? Um grande exemplo é que, nos sertões, as mulheres carregam grandes pesos em suas costas com os baldes d’água e vão longe, porque é muito difícil encontrar água no sertão. Comparamos essas pessoas com Jesus, que carregou muito peso em suas costas. A nossa escola fez isto: comparou a água, que é preciosa para nós, com Jesus, que também foi um grande exemplo para a nossa vida. (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem!
Daniela Nazar Neiva - Senador, peço um aparte.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Tem a palavra a Senadora, por favor.
Daniela Nazar Neiva - Meu nome é Daniela. Sou da Escola Classe 306 Norte. Acho que, para a gente melhorar a qualidade da água, principalmente nas cidades, deve haver postos de coleta de lixo que pode ser reciclado, porque, se não houver isso, as pessoas não vão ter onde colocar esse lixo, vão jogá-lo nos rios, nas nascentes, e poluir a água. Então, a água vai estar poluída, e, depois, eles não vão ter água para beber, para tomar banho e nem para lavar a louça. (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem, Srª Senadora!
Jocivaldo do Vale Rodrigues - Sou Jocivaldo. Já que vocês aprovam as leis, gostaria que aprovassem uma lei para que as fábricas que poluem as águas reutilizassem, elas mesmas, essas águas e não as jogassem nos rios, poluindo mais ainda. (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem, Senador Jocivaldo!
Havia um Senador na frente que tinha pedido a palavra.
Pedro Henrique do Nascimento - Sr. Senador, meu nome é Pedro Henrique. Acho que cada pessoa deveria ter uma quantidade de água para gastar por mês.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Estabelecer cotas de consumo para cada pessoa?
Pedro Henrique do Nascimento - É.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem, Sr. Senador!
O SR. PRESIDENTE (Paulo Octávio. PFL - DF) - Peço que os Srs. Senadores se identifiquem quando falarem. Vamos também dar oportunidade àqueles que ainda não falaram.
O Sr. João Pedro - Sr. Senador, meu nome é João Pedro. Sou da Escola 304 Norte. Lá na minha escola, graças a Deus, temos água, mas as outras escolas não têm. Vocês poderiam liberar água para as outras escolas também.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Fica a reclamação e a queixa com relação à falta d’água nessas escolas.
A Senadora que está lá no fundo pode fazer uso da palavra.
Jéssica Barros - Sr. Senador, eu sou a Jéssica, da Escola da 316 Norte. Eu queria dizer que o Brasil devia se unir e deixar de guerra, deixar de xingamento, para lutar pelos direitos e buscar a água, buscar a vida, porque a água é praticamente, ou melhor, é literalmente a nossa vida.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Muito bem!
Sr. Presidente, vou fazer uma proposta às Srªs Senadoras e aos Srs. Senadores, para que sejamos bastante democráticos com os demais Senadores.
O próximo orador inscrito é o meu Líder, Senador Arthur Virgílio. Ao falar, S. Exª dará a vocês a oportunidade de continuarem a fazer perguntas, para que eu não fique aqui e deixe de dar oportunidade a outro Senador.
Então, eu ouviria pelo menos os dois últimos. Quem são, Senador Arthur Virgílio? (Pausa.)
Parece-me que há uma criança de terno ali, já sem cabelo. Deve ter sido uma queda de cabelo muito precoce. Ainda não tem cabelo, de tão jovem que é. É o aluno Ney Suassuna. De que escola V. Exª é, Senador Ney Suassuna?
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - A minha escola, nobre Senador, é a daqui do Senado mesmo, e a minha atuação é muito pequenininha. Eu queria só dizer que fiquei muito feliz. Quando a Senadora Patrícia Saboya me pediu que patrocinasse uma passagem, uma estadia, eu o fiz, mas meio contrariado. E digo que hoje estou muito feliz de ter permitido que uma criança viesse de longe para estar aqui. Era uma criança índia. (Palmas.) Estou muito feliz de ver toda esta sessão. E estava aqui lendo um livro, que não sei se já recitaram, mas vou ler só um pedacinho. O autor é Antonio C. Sampaio, que diz:
Conclusão - Vamos valorizar a criança?
Quem não chegar a criança
No sentido de bondade
No sentido de pureza
No sentido de amizade
Não chega nem mesmo a si.
Não sabe o que é verdade.
Só a criança está pronta
Para dar nova direção
Pois sua verdade é livre
De ganância e ambição
Não vem do ve do dinheiro,
Vem do ve do coração.
O adulto está perdido
Entre o que é e quer ser
Admira o ser criança
Mas não deixa ele viver
Na hora das decisões
Deixa a criança morrer
O presente das crianças
Devemos presentear
Para que tenham um futuro
Diferente do que está
Futuro é o que é presente
Pois nem sempre presente há.
Por isso nesse presente
Precisam ter vez e voz
Pois senão no futuro
Vão ser igualzinhas a nós
Sempre expostas às armadilhas
Como os peixes nos anzóis.
Parabéns! (Palmas.)
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - O último Senador para me fazer uma pergunta. O seu nome e a sua escola.
Gustavo Sousa do Nascimento - Senador, o meu nome é Gustavo e estou representando a Escola Classe da 316 Norte.
Eu queria saber o que você pode fazer para acabar com a poluição da água.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Gustavo, não quero falar de uma maneira individualizada, mas, no dia 22 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Água. Gostaria de falar para vocês que também sou formado em Pedagogia, portanto sou professor. Eu mandei publicar uma cartilha que fala um pouco disso tudo que vocês falaram e dá uma porção de sugestões com relação ao que cada um pode fazer, individualmente, para que todos tenhamos água no futuro. São muitas as recomendações. Existem preocupações da ONU, a Organização das Nações Unidas, e o Brasil já tem a Agência Nacional das Águas. O que nos falta agora é fiscalizar e acompanhar.
Vou terminar, agradecendo muito as perguntas, deixando um grande beijo para vocês. Passarei a palavra a outro Senador para ter a oportunidade de poder receber a pergunta de vocês.
Por favor!
Natália Miranda de Barros - Eu sugiro que cada um faça a sua parte, mas só uma pessoa fazendo não vai adiantar. Então, a minha sugestão seria que se fizessem campanhas nos shoppings, escolas, bairros para conscientizar as pessoas.
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - A idéia é muito boa, e vejo que as escolas, como ouvi depoimentos, estão fazendo essas campanhas. Então, quero deixar os meus parabéns para as professoras, coordenadoras, diretores e para todo mundo que foi responsável por esse projeto e pela presença de vocês. Um beijo. (Palmas.)