Discurso durante a 140ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação dos Temas da Agenda 21 Infantil pelas crianças e da proposta da Conferência Criança Brasil no Milênio

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Apresentação dos Temas da Agenda 21 Infantil pelas crianças e da proposta da Conferência Criança Brasil no Milênio
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2005 - Página 28712
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ELOGIO, REALIZAÇÃO, SESSÃO, SENADO, HOMENAGEM, CRIANÇA.
  • DEPOIMENTO, CRIANÇA, QUESTIONAMENTO, ORADOR, IMPLANTAÇÃO, PROPOSTA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, INFANCIA.
  • RESPOSTA, ORADOR, COMPROMISSO, CONGRESSO NACIONAL, INFANCIA, BRASIL, COMENTARIO, NECESSIDADE, PRESERVAÇÃO, AGUA, MUNDO.
  • DEPOIMENTO, CRIANÇA, ASSUNTO, PRESERVAÇÃO, AGUA POTAVEL, REPUDIO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, MENOR.
  • ESCLARECIMENTOS, EXISTENCIA, EXPLORAÇÃO SEXUAL, MENOR, ESPECIFICAÇÃO, INTERNET.

O SR. ARTHUR VÍRGILIO (PSDB - AM. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Senadores mais velhos e Srªs e Srs. Senadores mais novos, olhem que eu, tanto quanto o Senador Ney Suassuna, me surpreendi muito com o que vi e ouvi aqui.

Em primeiro lugar, Senador Paim, fica desmentido que o povo brasileiro não aprecia a política. Pode não apreciar os maus políticos, quem não se porta com correção, quem não se porta com seriedade, quem não é respeitador do dinheiro público, quem não é respeitador da lealdade, quem não é respeitador das melhores regras para termos um País justo. Mas dizer que o nosso povo não gosta de política não é verdadeiro, porque vejo todo mundo presenciando pela TV Senado o que a gente faz aqui e estou vendo um plenário com senadores mirins da maior inteligência, dizendo coisas profundas, alguns revelando cultura. Eu ouvi uma pessoa falar assim, Senador Valadares: racismo é crime inafiançável. E o Senador Luiz Felipe traçou uma inteligentíssima e culta comparação entre raça e etnia, mostrando que, na verdade, está estudando, que ele tem bons professores e tem um grande futuro.

Anotei vários Senadores aí falando: vi a Senadora Yasmim, que falou por mais de uma vez, demonstrando desembaraço; vi o Senador Luiz Felipe, tão pequeno no tamanho e tão grande na sua capacidade de compreender o que se passa no seu País; eu estimulei bastante o Senador Marcos Barros a falar e pensei que ele fosse só ficar na frase pequena que eu tinha sugerido a ele e ele acabou fazendo um discurso; o Senador Mateus também foi muito bom. Eu vi todos vocês, enfim, falarem e chego a dizer que temos que traçar uma certa meta.

Não sei se hoje merecemos que vocês digam assim: quando crescermos, queremos ser iguais a eles. Tomara que mereçamos isso. Tomara mesmo. De minha parte, esforço-me muito e sei que muitos Colegas meus se esforçam também para merecermos que vocês digam: no futuro, queremos ser iguais a eles. Agora, nós é que haveremos de querer um dia, e quem sabe já, um Senado com a pureza que vocês representam, porque idade não é justificativa para alguém deixar de ser puro, para alguém deixar de ser honesto, para alguém deixar de ser amante da verdade o tempo inteiro.

Portanto, que o Senado aprenda a ser criança, no sentido da pureza da alma, da beleza do coração, do sentimento de justiça. Não pensem que não sei que criança não faz as suas maldadezinhas. Eu já fui criança e sei disso, porque já sofri e já fiz. Criança faz, às vezes implica, às vezes é um pouco cruel com o companheiro, com a coleguinha, enfim. Mas há algo que a criança tem e que alguns perdem: a criança é honesta o tempo inteiro, é sincera o tempo inteiro, não tem dificuldade de dizer aquilo que ela tem no coração, aquilo que ela pensa, aquilo que ela quer, aquilo que ela imagina que seja o correto.

Então, eu gostaria de dizer que temos de brigar pela pureza, pela sinceridade. Eu fiquei tão feliz! Tenho quatro filhos de dois casamentos. Um grande, que tem 26, do primeiro casamento, um de catorze, do segundo casamento. A mais velha do primeiro casamento tem vinte anos, e mais nova do segundo casamento tem dez anos e está nos ouvindo agora. Pedi que ligasse a TV Senado para nos assistir, porque o outro foi para uma aula. Eu até a teria trazido aqui para que pudesse estar com vocês e, quem sabe apartear, porque é uma coisa muito bonita.

Vou concluir, mas antes darei um aparte à senadora Jéssica, da Escola Classe 316 Norte. Eu queria que a senadora Jéssica falasse em primeiro lugar, e quero dar um aparte a quem mais pretenda.

Jéssica Barros - Bom, com relação aos tratados da Agenda 21, tem as propostas. Quero saber quando as propostas serão cumpridas.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ok, senadora. Aqui nós temos que lutar para fazer as opiniões ficarem juntas umas das outras. O Senado e a Câmara dos Deputados são Casas bonitas porque, diferentemente do Executivo, que tem o seu valor - e quem governa é o Executivo e prepondera a palavra do prefeito, do governador, a palavra do Presidente -, aqui eu entro com um projeto, tenho que saber se os meus companheiros concordam. Depois que eles concordarem, e dificilmente vão concordar com tudo que eu disse, então, vão modificar o meu projeto, e vai sair uma coisa melhor do que eu queria. Vai demorar um pouco, mas sai melhor do que eu queria, porque a minha cabeça não é melhor que a de meus colegas em conjunto.

Então, nós vamos dizer para você que é nosso dever lutarmos pelo cumprimento da Agenda 21. É um compromisso nosso.

            Aparte concedido ao Senador Lucas. Qual é a sua escola?

Lucas Gabriel - Eu sou Lucas, da Escola 304 Norte.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Lucas, muito prazer. Concedo um aparte a V. Exª, Senador.

Lucas Gabriel - Eu queria dizer sobre a água. Que muitas pessoas, ainda sabendo disso, jogam coisas e deveriam estar cientes disso. Também muitos países já estão sem água. E aqui, no Brasil, ainda tem muita e é uma das nossas maiores riquezas. Mas, do mesmo jeito, não devemos desperdiçar água, como desperdiçaram em lugares onde não tem mais água.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu respondo ao Senador, antes de conceder um aparte aos demais senadores, à senadora e ao senador, dizendo o seguinte: senador, olhe só: água será o petróleo do século XXI, na segunda metade do século. Cerca de 3% das águas do mundo são de água doce, água doce potável. Desses 3%, uma boa parte não é de fácil extração; elas estão em lugares difíceis de serem extraídas. O grosso da água potável do mundo está na Amazônia, e eu represento o Amazonas. Então, nós temos que saber dar o melhor aproveitamento à água, porque já existem países que já estão vendendo um barril de água mais caro do que um barril de petróleo. Você sabia disso? Estão vendendo um barril de água mais caro do que um barril de petróleo. Então, o Brasil é um país feliz potencialmente, porque o Brasil tem a água que falta para outros países.

E nós temos que, amanhã, trabalhar no aproveitamento desse recurso sempre poupando, sempre procurando investir da melhor maneira. Mas trabalhar isso de maneira que a nossa água também sirva à humanidade, porque eu sonho com uma humanidade feliz. Não quero viver em um país que se cuida, mas que deixa os outros se lascarem. Quero que o Brasil seja solidário com os demais países. Você tem razão com sua preocupação em relação à água.

Senadora, é uma honra conceder um aparte a V. Exª. Como é o seu nome, Senadora?

Sarah Aparecida Sobrinho Silva - Meu nome é Sarah. Estou representando a Escola Classe 316 Norte. Quero falar sobre a água. Acho que os países desenvolvidos podem fazer com que a água dos mares, como a França, seja potável, doce. Acho que os países menos desenvolvidos não têm essa condição. Os países deveriam ter a solidariedade de emprestar água para outros países, de emprestarem esse desenvolvimento para os outros países. Os outros países não têm condições de fazer com que a água seja potável.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senadora Sarah, tenho duas coisas para dizer a V. Exª. O que V. Exª chama de transformar a água do mar em água potável é dessalinizar a água. É caro, não custa barato. É muito mais fácil trabalhar bem os veios de água doce.

A outra coisa que queria dizer é que V. Exª é uma gracinha.

Tenho autorização da mesa para conceder mais um aparte. Concederei à Senadora e ao Senador que está pedindo há tempos. Como é o seu nome, Senadora?

Paola Damasceno - Senador, boa tarde, meu nome é Paola eu já falei sobre as...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senadora Paola, muito bem.

Paola Damasceno - Eu gostaria de falar que deveríamos pensar não só em preservar a água mas como usá-la. Assim porque, por exemplo, eu não vou escovar os dentes e deixar a torneira aberta, porque isso não é necessário, não estou tendo que utilizar aquela água. Mas, por exemplo, para eu fazer um remédio para uma pessoa que está doente e precisar daquela água, se eu continuar escovando os dentes com a torneira aberta, gastando aquela água, acho que não vai ter mais água para fazer o remédio para essa pessoa.

Então era isto que queria falar, que deveríamos pensar sobre como utilizamos a água e não só preservá-la. 

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Tem razão, Senadora. E a sua preocupação com a água é fantástica porque mostra a preocupação da sua geração. É exatamente a sua geração que vai poder ter um mundo com mais água ou com menos água a depender da forma como a gente saiba tratar esse recurso, que é um recurso maravilhoso, que valerá tanto, ainda neste século, ou mais que o petróleo hoje.

O último aparte é ao Senador que está em pé. Excelência, por favor, o seu nome. Pois não, Senador, seu nome.

Igor Carvalho - Meu nome é Igor e estou representante aqui a Escola Classe 316 Norte. Os Srs. Senadores não falaram sobre a prostituição. São as mulheres, e os homens também, que estão se prostituindo. Eles procuram garotas e garotos. Os mais velhos os procuram porque eles não são amados. Essas garotas que são prostitutas também não são amadas, estão procurando dinheiro ou fazendo outra coisa para se divertirem.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Olha, Senador, V. Exª toca nos problemas mais graves. Prostituição sempre houve em todas as sociedades do mundo. Não podemos evitar. É algo tipo corrupção. Queremos que não exista nenhuma, mas sempre existe alguma. Agora, Senador Igor, veja bem: um país desenvolvido, que tem emprego e escola para todos, tende a reduzir esse problema ao mínimo. Na verdade, temos que lutar para que as pessoas tenham direito a estudar para se empregarem. Isso vai evitar em muito que pessoas caiam numa das piores degradações, que é a prostituição.

Senador Igor, quero dizer algo a V. Exª: tem que ficar muito atento a algo que tem passado na novela América que aí está, que é o problema da pedofilia. Pedofilia é gente mais velha que gosta de se utilizar sexualmente de crianças. Aparece lá um menino que estava quase caindo na esparrela do pedófilo. Então, muito cuidado com gente estranha que se aproxima com uma conversa que não é aquela... Conta tudo para o pai, a mãe, o irmão mais velho. Tenha muito cuidado com isso, porque a pedofilia termina sendo irmã da prostituição. Mas é muito bom, Senador Igor, V. Exª ter trazido à baila aqui um tema tão importante e que mostra a sua inteligência.

Não tenho mais autorização do Presidente para continuar a ceder aparte para os nossos Senadores. Na outra sessão, cederei para todos os meus colegas mais jovens.

Eu queria apenas dizer a vocês que fiquei surpreso. Saio aqui de coração aquecido porque percebi, primeiro, que vocês entendem de política sim; segundo, que estão preocupados com o futuro; terceiro, que vocês têm grandes professores e estão em boas escolas; quarto, que vocês têm sensibilidade e estão antenados ao que se passa no mundo; e, quinto, que foi uma grande honra para nós. Diria que o Senado deveria fazer mais contato desse tipo com a sociedade. Às vezes, ficamos aqui para dentro, um olhando para a cara do outro e, talvez, ignoremos que lá fora tem uma vida pulsando tão forte quanto essa de vocês.

Ao invés de vocês aprenderem conosco, nós, Senadores, é que aprendemos hoje uma senhora lição de vida com os “Senadores por um dia”, jovenzinhos, que vieram aqui nos dizer que vocês são uma razão para nós acreditarmos no Brasil porque vocês são o melhor que poderá acontecer no Brasil no futuro.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer. (Palmas.)

Igor Carvalho - Senador, eu queria falar só mais uma coisa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pois não, Senador Igor.

Igor Carvalho - Muitos pais e muitas mães, quando os filhos mais pequenos ou maiores estão na Internet ou no computador, como se diz aí, não prestam atenção no que os filhos fazem, e acaba nisso que eu falei agora: os pedófilos conseguem a atenção das crianças, falam para não falarem para os pais para eles não ficarem sabendo, para poder fazer essa coisa que não devia acontecer no Brasil e em nenhum lugar do mundo.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Exato, Senador Igor. É o caso do Rique, da novela, com aquele safado que inventou que o nome do filho era Bill*, enfim, é aquilo. Muita atenção com isso.

Mas muito obrigado, porque volto a dizer: vocês eu não sei o que aprenderam aqui. Talvez tenham mostrado para vocês mesmo que vocês são capazes de expor suas idéias com clareza. Agora, nós aprendemos muito. Eu saio daqui feliz da vida e confiante em lutar por este Brasil porque vale a pena. Se o Brasil é vocês, o Brasil vale a pena porque vocês valem a pena.

Muito obrigado. Um grande beijo a todos os que compareceram aqui neste momento e a todas as crianças do Brasil. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2005 - Página 28712