O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, parece que, agora, a chamada CPMI dos Correios vai entrar nos eixos. O Governo precisa tirar o cavalo da chuva quanto a ir ganhando tempo, acreditando que, ao chegarmos em outubro, acabará a CPMI e não se concluirão grandes fatos. Tire o cavalo da chuva! Não será assim.

Vamos mexer em fundo de pensão, sim, porque a opinião pública vai exigir isso. Vamos abrir aquela caixa-preta da Petrobras também, pois a sociedade exige isso. Vamos fundo na investigação dos casos de corrupção que têm assolado a Nação brasileira.

Mais ainda, tenho ouvido conversas em tom de desculpa - fiada - do tipo: “Toninho da Barcelona é um bandido”. Acredito que sim, senão não estaria numa cela de segurança máxima, conversando com um besouro que passe pela sua frente. Falam também: “Mas ele pode chegar e acusar quem quiser irresponsavelmente”. Não, pois ele não terá direito aos benefícios da delação premiada se chegar aqui acusando qualquer um sem provas. Ele deve, depois, ver comprovada a acusação que fez, sob pena de não ter direito a prêmio nenhum. Ele fica apenas com a delação em falso. Então, não há como deixar de ouvir o Sr. Toninho da Barcelona, ainda que em sessão secreta, urgentemente, na CPMI dos Correios, até porque esta é matéria do Correio Braziliense do último domingo: “Barcelona entrega lavanderia”. Peço que se insira nos Anais todo esse organograma da lavanderia bem como as empresas prestadoras de serviço, os bancos e os laranjas.

Chegamos a uma matéria que é absolutamente estarrecedora, sob o título: “Marido de Marta seria o operador”. Ela se refere ao cidadão Felipe Belisário Wermus - ele tem mais de um nome. Trata-se de cidadão de passaporte argentino que também atende pelo nome de Felipe Belisário Wermus Dit. Eu vim a saber que não é Favre, pois este é apenas um codinome. Mas o fato é que ele é acusado de ser o operador dessa lavanderia vinculada ao PT e a todos esses malfeitos que têm colocado no banco dos réus esse Governo.

Aqui está. Diz o artigo que esse mesmo cidadão é o conhecido Luis Favre*, dirigente petista e marido da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.

Favre não foi encontrado para comentar as acusações - como, aliás, é hábito neste País. Quem é acusado de algo grave nunca é encontrado, sempre está com o celular fora de área, não tem pressa em dizer, em dar a sua resposta, a sua satisfação à sociedade, o que já é uma prova de que não anda tão bem das pernas a convicção a respeito dele próprio.

Sou a favor de que o Sr. Favre venha aqui, para também.depor na comissão parlamentar de inquérito.

Então, aqui está toda a descrição do caminho, das contas-ônibus direto ao MTB Bank, através do Trade Link Bank, operado pelo passaporte francês de Felipe Belizário, envolvendo a “versão luxemburguesa da Empire State Scorpus, operada pelo passaporte argentino”.

São dois passaportes visando ao mesmo fim, que seria o fim da corrupção, o fim da evasão de divisas, o fim de caixa dois em dólar no exterior.

Temos aqui uma denúncia, e diz o jornalista Hugo Braga:

Por intermédio de quatro pequenos bancos de Miami - Barnet, First Union, Commercial e Republic - e por contas numeradas no JP Morgan, BankBoston e Citibank, a OBHC também disparava ordens de crédito destinadas ao MTB de Nova York, onde uma conta numerada recebia ordens somente de três figuras: Delúbio [Delúbio Soares], Dirceu [suponho que seja José Dirceu] e o atual chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

Isso é de uma gravidade enorme, e não há como não apurarmos esse caso até o final.

Ouço o aparte do Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Arthur Virgílio, essa denúncia que V. Exª traz aqui neste momento é da maior gravidade, e é necessário urgentemente que o Sr. Luís Favre venha a esta Casa explicar-se, não sei se por meio de alguma CPI ou de uma Comissão permanente do Senado. É evidente que, dessa maneira como a matéria descreve - e V. Exª está apresentando o caso em detalhes -, isso pode ser falso. Mas não me parece que um esquema desse de envio e remessa de dinheiro ilegal para o exterior, com nome das empresas, nomes falsos e quase codinomes que chegam a uma pessoa só, possa ter sido inventado simplesmente pela cabeça de um jornalista. A denúncia está muito detalhada e, coincidentemente, fecha um esquema de corrupção, que fica redondo: um envio de dinheiro desviado irregularmente daqui do Brasil, provavelmente de empresas do Governo ou do próprio Governo, gerenciado no exterior, praticamente documentado por quem o gerenciava no exterior, com os nomes das empresas, passaporte argentino, passaporte francês. Depois de gerenciado, coincide também o fato de que são as mesmas empresas que pagaram ao publicitário Duda Mendonça, revelando ainda como esse dinheiro voltava ao Brasil para, possivelmente, pagar algumas despesas do PT e dos seus aliados. Isso é muito grave! Está muito redondo. Isso requer de nós um esclarecimento imediato, tanto do Luís Favre quanto em relação à origem das denúncias feitas nesse artigo. Pediria que V. Exª, com essa iniciativa, também fosse mais adiante e verificasse o mecanismo pelo qual podemos chamar quem denunciou e o Sr. Luís Favre aqui para explicar o caso.

O SR. ARTHUR VÍRGILIO (PSDB - AM) - Sr. Presidente, peço mais um minuto para concluir e concluirei exatamente em um minuto.

Não me venham dizer - porque essa desculpa está cansativa - que o Sr. Barcelona é uma pessoa desonesta. Disso eu tenho convicção, porque, se não o fosse, não estaria envolvido em tudo isso, e seria uma injustiça brutal ele estar preso em uma cela de segurança máxima.

No entanto, é evidente, também, que, primeiro, é possível se aferir se é verdade ou não o que ele diz. Não adianta ele chegar aqui e dizer assim: “Senador Reginaldo Duarte, eu conheço o senhor”. Se ele não conhece, vai ficar claro que não conhece. Ou, então, à Senadora Iris, por exemplo. Ele vai dizer que não conhece a senhora. Ele não vai poder mentir; não se sustentará a mentira dele.

Os que têm medo dele talvez pensem que dá para engodar o Senado desse jeito, mas algo tem que ser dito: só quem sabe desse tipo de trapalhada é gente como ele. Dom Hélder Câmara não saberia; Madre Teresa de Calcutá não saberia; Dom Cláudio Hummes não saberia; minha mãe, com 90 anos de idade, enferma, decente como sempre foi, não saberia. Ou seja, quem sabe desses esquemas de rapinagem é precisamente quem possa...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VÍRGILIO (PSDB - AM) - ...quem possa tê-los visto, quem possa tê-los operado, quem possa deles ter participado. Então, não vamos desqualificar o testemunho de alguém só porque supostamente seria uma pessoa de vida irregular, de vida equivocada. Essas pessoas são úteis, sim. É daí que saem, em todo mundo, as denúncias que desmantelam as organizações criminosas.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Marido de Marta seria o operador”; e

“Barcelona entrega a lavanderia”.