Discurso durante a 141ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao centenário de nascimento do escritor Érico Veríssimo.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao centenário de nascimento do escritor Érico Veríssimo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/08/2005 - Página 28909
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, ERICO VERISSIMO, ESCRITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, LITERATURA BRASILEIRA, TRANSCRIÇÃO, OBRA LITERARIA, HOMENAGEM POSTUMA, AUTORIA, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, POETA.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o centenário do magistral escritor gaúcho Erico Verissimo, um patrimônio cultural de nosso País, nos remete ao acervo lúdico que ele nos deixou no conjunto da sua obra e nos seus personagens que povoam o inconsciente coletivo do povo brasileiro.

Erico Verissimo partiu numa sexta-feira do mês de novembro, na metade da década de setenta, sem poder concluir o segundo volume de suas memórias Solo de Clarineta.

A ausência do intelectual de refinada e lapidar capacidade de romancear a realidade é uma perda incomensurável para o ambiente literário e a própria “oxigenação das idéias”.

O escritor marcou sua estréia com o conto Ladrões de Gado, em 1928, ainda residindo na sua cidade natal, Cruz Alta, e projetou genialidade literária pelo mundo, sendo traduzido em pelo menos 12 idiomas.

O meu objetivo nesta sessão do Senado Federal destinada a homenagear Erico Veríssimo - iniciativa capitaneada pelo Senador Pedro Simon - é registrar, em nome do povo do Estado do Paraná, o reconhecimento de um escritor que é inegavelmente um dos grandes ícones da literatura brasileira, com transcendência universal.

Sr. Presidente, a tentativa de expressar qualquer visão em torno da magnitude desse romancista fatalmente nos conduzirá a repetições e empréstimos não autorizados de tudo que já foi dito sobre o autor.

Sendo assim, resolvi transcrever uma poesia de Carlos Drummond de Andrade escrita quando da morte de Erico Verissimo, a qual é tradução literal do sentimento que todos nós, seus admiradores, nutrimos:

A falta de Erico Verissimo

Falta alguma coisa no Brasil

depois da noite de sexta-feira.

Falta aquele homem no escritório

a tirar da máquina elétrica

o destino dos seres,

a explicação antiga da terra.

Falta uma tristeza de menino bom

caminhando entre adultos

na esperança da justiça

que tarda - como tarda!

a clarear o mundo.

Falta um boné, aquele jeito manso,

aquela ternura contida, óleo

a derramar-se lentamente.

Falta o casal passeando no trigal.

Falta um solo de clarineta.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/08/2005 - Página 28909