Pronunciamento de Alvaro Dias em 24/08/2005
Discurso durante a 141ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração ao centenário de nascimento do escritor Érico Veríssimo.
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Comemoração ao centenário de nascimento do escritor Érico Veríssimo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/08/2005 - Página 28909
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, ERICO VERISSIMO, ESCRITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, LITERATURA BRASILEIRA, TRANSCRIÇÃO, OBRA LITERARIA, HOMENAGEM POSTUMA, AUTORIA, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, POETA.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o centenário do magistral escritor gaúcho Erico Verissimo, um patrimônio cultural de nosso País, nos remete ao acervo lúdico que ele nos deixou no conjunto da sua obra e nos seus personagens que povoam o inconsciente coletivo do povo brasileiro.
Erico Verissimo partiu numa sexta-feira do mês de novembro, na metade da década de setenta, sem poder concluir o segundo volume de suas memórias Solo de Clarineta.
A ausência do intelectual de refinada e lapidar capacidade de romancear a realidade é uma perda incomensurável para o ambiente literário e a própria “oxigenação das idéias”.
O escritor marcou sua estréia com o conto Ladrões de Gado, em 1928, ainda residindo na sua cidade natal, Cruz Alta, e projetou genialidade literária pelo mundo, sendo traduzido em pelo menos 12 idiomas.
O meu objetivo nesta sessão do Senado Federal destinada a homenagear Erico Veríssimo - iniciativa capitaneada pelo Senador Pedro Simon - é registrar, em nome do povo do Estado do Paraná, o reconhecimento de um escritor que é inegavelmente um dos grandes ícones da literatura brasileira, com transcendência universal.
Sr. Presidente, a tentativa de expressar qualquer visão em torno da magnitude desse romancista fatalmente nos conduzirá a repetições e empréstimos não autorizados de tudo que já foi dito sobre o autor.
Sendo assim, resolvi transcrever uma poesia de Carlos Drummond de Andrade escrita quando da morte de Erico Verissimo, a qual é tradução literal do sentimento que todos nós, seus admiradores, nutrimos:
A falta de Erico Verissimo
Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.
Muito obrigado.
Era o que eu tinha a dizer.