Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Sauda a todos os militantes em marcha pela defesa da ética, não subsidiada pelo poder público nem pelo mensalão.

Autor
Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Sauda a todos os militantes em marcha pela defesa da ética, não subsidiada pelo poder público nem pelo mensalão.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2005 - Página 28065
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PARTICIPANTE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MARCHA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), DEFESA, ETICA, OPOSIÇÃO, CORRUPÇÃO.
  • ANALISE, POLITICA PARTIDARIA, CONTRADIÇÃO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), HISTORIA, COMBATE, CORRUPÇÃO, CRISE, ATUALIDADE.
  • PREVISÃO, RESULTADO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, OBSTACULO, CONCLUSÃO, CRIME DE RESPONSABILIDADE, DEFESA, DEMOCRACIA, CONSULTA, POPULAÇÃO.

A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Senador Siqueira, agradeço a V. Exª de coração pela generosidade. Sei que temos que entrar na Ordem do Dia, mas como são mais de vinte itens na pauta, eu não poderia deixar de fazer uma saudação a todos os militantes, às mulheres e aos homens de bem e de paz, até porque querem continuar ensinando aos seus filhos que é proibido roubar. Vieram hoje, numa marcha, a Brasília, com muita paz e carinho, uma marcha maravilhosa, não subsidiada pelo poder público nem pelo mensalão. Uma marcha muito bonita, com muitos militantes. Quero saudar a todos esses militantes.

Algumas pessoas, Sr. Presidente, imediatamente perguntaram se era a marcha pedindo o impeachment do Senhor Presidente ou qualquer uma dessas coisas. Isso nem faz parte do nosso calendário e da nossa discussão. Talvez essa angústia da base de bajulação do governo seja justamente porque nós, num passado muito recente, fazíamos muito como palavra de ordem: xô, fora isso, fora aquilo outro. Lembro com clareza que eu era parte de muitas das manifestações populares, na época eu era do PT, e nós dizíamos: Xô, Sarney. Hoje todo o grupo do ex-Presidente Sarney está dentro do Governo Lula. Dizíamos: Fora, Collor. Hoje todo o grupo do ex-Presidente Collor está dentro do Governo Lula. Dizíamos: Fora, Fernando Henrique. Muitos que lá estavam no Governo Fernando Henrique estão hoje dentro do Governo Lula.

Sim, exatamente, o Senador Leonel Pavan diz “do PMDB”. Uma banda, porque tem alguns que não querem.

Talvez, porque nós, num passado muito recente, condenássemos todos esses governos como se fossem o exemplo e o retrato da corrupção, embora devêssemos saber que às vezes também, mesmo em determinadas estruturas partidárias, não cabe a generalização, como muitos hoje pedem, de forma justa, que não haja a generalização com o PT ou com o Governo Lula, mas talvez essa angústia seja justamente por isso. Porque todos os que condenávamos no passado, gritando com palavra de ordem “fora isso, xô aquilo outro, hoje são os grupos que estão dentro do Governo Lula. Então, isso não faz parte da nossa discussão. Nossa palavra de ordem é “fora todos os corruptos”. Se é do governo passado, se é do atual governo, se é do Congresso Nacional, essa é a palavra de ordem que, definitivamente, quer a grande maioria do povo brasileiro, sem generalização perversa, entendendo as circunstâncias de cada um. Agora, já dissemos qual é a nossa posição. Acaso o relatório final da CPI indique para a necessidade da instalação de um processo de crime de responsabilidade, que ninguém está discutindo agora, a CPI sequer consegue andar para investigar, imaginem aprovar o relatório final. Depois que ela aprovar o relatório final, abrir-se-á ou não o processo de crime de responsabilidade, que poderá culminar ou não com o afastamento do Presidente. Na nossa opinião, este momento não chegará; não acreditamos que ele acabe configurando-se, até porque os banqueiros, o capital financeiro, a elite política e econômica seguram o atual governo, como seguraram governos passados. Sei que isso não se configurará, mas, caso se configure, que o povo brasileiro seja consultado sobre a antecipação das eleições. O povo, soberano, deve ser consultado. Os senadores, os deputados, todos nós perderíamos uma parte do nosso mandato, e o Presidente também. Se a população quiser eleger o Presidente Lula por mais 100 anos, terá o direito de fazê-lo. Se a população e os militantes da base bajulatória do governo quiserem, mesmo se acontecer algum problema - Deus nos livre que aconteça -, que ele fique lá, formolizado, governando, não há nenhum problema.

O que para nós é essencial é que essas decisões não sejam das cúpulas partidárias, da elite política econômica e do capital financeiro, esse é o sentido. Ninguém precisa ficar alvoroçado. Até entendo o alvoroço, porque hoje quem manda no Governo Lula são justamente aqueles ou da pocilga do capital ou da lama da corrupção, que nós, num passado muito recente, condenávamos com veemência e ferocidade.

Então, não adiantam os ataques ao P-SOL, aos outros partidos que estão envolvidos na marcha que fizemos hoje, sem subsídio e sem mensalão. Não adianta o ataque, a ameaça, a histeria e outras coisas mais sórdidas. Saibam que estamos sabendo de tudo. Portanto, sem sordidez, sem ameaça e sem histeria, façamos o debate com a sociedade.

A única coisa que queremos é que o povo brasileiro seja consultado. Se ele quiser que qualquer dirigente político permaneça no cargo ad eternum, que decida da forma mais bela, mais legítima e mais democrática que efetivamente há.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2005 - Página 28065