Pronunciamento de Serys Slhessarenko em 31/08/2005
Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Manifestação sobre o pronunciamento do Senador Siqueira Campos a respeito da revista Veja.
- Autor
- Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
- Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
- Manifestação sobre o pronunciamento do Senador Siqueira Campos a respeito da revista Veja.
- Publicação
- Publicação no DSF de 01/09/2005 - Página 29555
- Assunto
- Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
- Indexação
-
- PROTESTO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUPERIORIDADE, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMENTARIO, FALTA, INTERESSE, ORGÃO DE PUBLICAÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, ANALISE, SITUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
- REGISTRO, DISPONIBILIDADE, ORADOR, DIALOGO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), BENEFICIO, JUSTIÇA, DEBATE, CRISE, GOVERNO FEDERAL, IMPRENSA.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Para uma explicação pessoal. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.
Sr. Presidente, antes de prosseguir nesta discussão, gostaria de agradecer a participação ao Senador Eduardo Siqueira Campos, que sabe também do respeito e da admiração que tenho por S. Exª. Nossas relações aqui dentro são de primeira qualidade.
Senador Eduardo Siqueira Campos, V. Exª não tenha preocupação. Estamos discutindo uma questão referente a um órgão de comunicação de fora do Congresso Nacional. Não se trata de uma questão pessoal absolutamente. Ao contrário, elogio a sua postura. V. Exª é uma pessoa ponderada, fez as observações que a revista lhe enviou e, de forma calma, tratou do assunto.
Precisamos deixar isso bem claro. Nesta Casa, o respeito continua exatamente o mesmo entre nós. Não se trata de uma discussão minha e do Senador Eduardo Siqueira Campos.
Realmente gostaria de deixar bem claro, para começar a conversa, que não é meu interesse, em momento algum - não me dirijo somente ao Senador Eduardo Siqueira Campos, mas ao nosso Presidente e aos demais Senadores presentes -, construir polêmica a respeito dessa menina, da Hannah. É uma garota de 16 anos, que está começando a sua vida, em termos de mobilização, de participação, e não quero que ela sofra nenhuma decepção. Nesse sentido, tenho o maior respeito por ela, pela sua família, e não queremos envolvê-los nesta polêmica, que é nossa com o meio de comunicação, que achamos que vem agindo de forma politicamente incorreta. Que esse meio de campo fique bastante claro, como costumamos dizer, para que não se envolvam as pessoas da família de Hannah, nem a própria. Foi citada porque foi citada ontem, porque estava citada na matéria da Veja.
Estranho realmente o fato de a revista Veja - fui eu quem falei semana passada e ontem sobre a Veja - não ter vindo falar comigo. Por que a Veja não me enviou esses dados, Sr. Senador Eduardo Siqueira Campos? Causa-me uma estranheza gigantesca. Preocupação, medo? Medo de quê? A Senadora Serys Slhessarenko é uma Senadora, assim como o Senador Eduardo Siqueira Campos, que recebe e conversa com todas as pessoas. E eu diria, desta tribuna, que a Veja não tem a preocupação de conversar comigo. Parece que está amedrontada! Assim como aquelas pessoas que ousam fazer alguma crítica.
A Veja é uma revista extremamente crítica. Aliás, excessivamente crítica, em determinados aspectos. Às vezes, coloca apenas uma versão dos fatos. E esse é o tipo de “crítica” que, do meu ponto de vista, deixa a desejar, mas ela o faz. Se é uma revista que se diz imparcial, crítica, etc, deveria dialogar com a minha pessoa. Deveria enviar a mim os documentos que enviou a V. Exª. Deveria fazer as colocações que fez a V. Exª para a minha pessoa, em meu gabinete, com minha Assessoria.
Deixo, desta tribuna, um recado para a revista Veja: estou totalmente aberta ao diálogo. Quero entender o porquê de determinados procedimentos da revista que - disse ontem, e hoje repito - deixam muito a desejar. E poderia elencar um sem-número de ações da Veja de forma absurda e politicamente equivocadas. Não quero com isso atingir este ou aquele. Muito menos os que trabalham na revista. De jeito algum. Não é nada disso. Até porque sei do posicionamento do jornalista diante da empresa. Sei como essas coisas acontecem.
Portanto, deixo claro, desta tribuna, que estamos totalmente...
(Interrupção do som)
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Sr. Presidente, peço mais um minuto.
O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senadora, V. Exª terá mais dois minutos.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Sim, até porque o Senador Eduardo Siqueira Campos teve mais seis minutos, e penso que tenho o mesmo direito que S. Exª, já que fui citada.
O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Senadora, V. Exª está usando da palavra pelo art. 14.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Está certo. Então, vamos descontar esse tempo, Sr. Presidente.
Diria que o que foi divulgado pelo Observatório da Imprensa, em que há o depoimento do fotógrafo da Agência Preview, é muito sério, inclusive porque outros órgãos da imprensa escrita do Rio Grande do Sul, como Zero Hora e Correio do Povo, e a Folha de S.Paulo, de São Paulo, também mostraram que a mesma manifestação tinha o objetivo inverso daquele divulgado pela Veja. Só a Veja viu de determinada forma aquele movimento em que a menina apareceu naquela foto e a legenda embaixo, isso totalmente de forma contrária ao que os jornais citados publicaram. A Veja está realmente vendo as coisas de forma totalmente errada, politicamente tendenciosa. Não tenho dúvida disso.
Apresento uma outra questão que condiz com o que venho dizendo. Na edição do Observatório da Imprensa de 20 de maio de 2000, depois que a revista Veja escandalizara o País manipulando uma foto de João Pedro Stédile, líder do MST, colocando-o com uma pistola na mão e transformando-o em uma ameaça armada contra a tradição, a família e a propriedade brasileira. O respeitado e aclamado jornalista Alberto Dines a esse respeito publicou uma série de artigos. E eu teria uma série de citações para ler nesta tribuna, ditas não por mim, mas por alguém que está por dentro do jornalismo brasileiro, alguém extremamente respeitado, como é esse jornalista.
Ao concluir, Sr. Presidente, já que V. Exª não me concede o mesmo tempo que concedeu ao Senador Eduardo Siqueira Campos...
O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Ainda concedi mais um minuto a V. Exª, Senadora Serys Slhessarenko.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Está certo.
Sugiro que a revista nos procure e converse conosco. Não tenha medo. Vamos discutir abertamente. Farei todas as colocações. Mas se pensa que esta Senadora é muito pequena para a discussão, tudo bem. Se for o caso, vamos continuar discutindo nesta tribuna. Sempre que a revista resvalar, que der seus escorregões com relação àquilo que eu avaliar como politicamente incorreto, discutirei sim. Ontem, disse que defendo a imprensa investigativa, a imprensa que vai às últimas conseqüências. Defendo sim. O que estou fazendo aqui é a defesa da imprensa que faz isso, que trabalha sério. Quanto àquela que distorce os fatos e que não tem coragem de vir discutir com quem a critica, é difícil a situação.
Ao encerrar, pois me restam quinze segundos, digo, mais uma vez, ao Senador Eduardo Siqueira Campos que, se houver outros percalços, estaremos aqui discutindo e, de bom grado também com V. Exª, fazendo a defesa da revista Veja.
Muito obrigada.