Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de despedida de seus pares, em razão do término da licença do titular, Senador João Ribeiro.

Autor
Nezinho Alencar (PSB - Partido Socialista Brasileiro/TO)
Nome completo: Manoel Alencar Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Discurso de despedida de seus pares, em razão do término da licença do titular, Senador João Ribeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 01/09/2005 - Página 29559
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • DISCURSO, DESPEDIDA, ORADOR, ATUAÇÃO, CARGO PUBLICO, SENADOR, AGRADECIMENTO, APOIO, CONGRESSISTA.
  • COMENTARIO, HISTORIA, ESTADO DO TOCANTINS (TO), ELOGIO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ECONOMIA, AGROPECUARIA, INDUSTRIA, TURISMO.

O SR. NEZINHO ALENCAR (Bloco/PSB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao se aproximar o término da licença do Senador João Ribeiro, titular do mandato conferido pelo povo tocantinense, que hora exerço, na condição de seu primeiro suplente, assomo a esta honrosa tribuna para me despedir dos meus Pares e agradecer a todos aqueles com quem me relacionei política e profissionalmente nesses últimos quatro meses.

Durante esta minha curta estada de trabalho na Capital Federal, pude experimentar um dos momentos de maior satisfação na carreira de um homem público, que exerço desde os idos de 60, quando participei dos movimentos estudantis pelas liberdades democráticas.

Ao tornar-me colega de tão ilustres brasileiros e brasileiras que compõem o Plenário do Senado Federal, vi-me na especial condição de poder trazer a visão do homem simples do campo, dedicado à produção rural, sobre os temas da maior significância para o País, dando, portanto, Sr. Presidente, humílima colaboração para o fortalecimento das instituições republicanas e o avanço na direção do progresso que todos nós desejamos para esta grande Nação.

Mas não posso me furtar, pela oportunidade, de deixar registrada a minha visão de futuro para o Estado do Tocantins, que, de acordo com a sua posição geopolítica, encravado que está no coração do Brasil, promete muitos bons frutos para a crescente economia do País e o conseqüente reforço do tecido social brasileiro, sobretudo dos povos e dos sertões de minha terra natal.

A vocação do meu Estado para a concretização do sonho de tornar o Brasil o celeiro do mundo se evidencia desde os primeiros assentamentos humanos registrados na região. Sua história está repleta de exemplos de desbravadores que, muito cedo, ao se fixarem na terra, descobriram a sua grande potencialidade agrícola. Entretanto, como não dispunham de muitos recursos, tentavam, a duras penas, convencer os homens da sua época sobre essa realidade. Mas não logravam êxito muito em função da interioridade da região, que, junto com os aspectos socioeconômicos próprios da época, aliados à pujança mineral do território, dificultavam qualquer investimento na agricultura.

Como conseqüência das diferentes visões sobre as potencialidades e a vocação do então norte goiano, desde o século XVIII, ouvem-se narrativas sobre a emancipação daquela região, então pertencente a Goiás. Propósito que era reivindicado. Não! Digo melhor. Propósito que, na verdade, era objeto de luta daqueles que conheciam as qualidades locais, as quais iam além da curta visão de serem aqueles rincões apenas um grande campo de mineração.

Tempos depois, a escassez natural de minérios, provocada pela sanha da exploração desregrada, mudou o curso da história e deu oportunidade para que a parte centro-norte de Goiás passasse a explorar a lavoura e a criação de gado e, assim, se pudesse dar, naquelas vigorosas terras, os primeiros passos na direção do desenvolvimento da aptidão agrícola que já estava reservada ao futuro Estado do Tocantins.

Portanto, Sr. Presidente, não sabia a elite do sul goiano que, ao manter suas fazendas ao norte isoladas do resto do mundo, ajudavam a forjar o espírito de independência do povo moreno, que há muito desejava decidir sobre seu próprio destino.

E foi assim que, passado mais de um século de refregas entre milícias e de graves embates políticos, surge no cenário da região um grande político, nossa inconteste liderança, o ex-Governador Siqueira Campos, que, vindo do vizinho Ceará, iria ajudar o sofrido povo do Nortão a fazer a sua emancipação e criar o que é hoje a maior promessa de desenvolvimento entre as unidades federativas brasileiras, o Estado do Tocantins.

Sei que há quem não queira reconhecer, Sr. Presidente, o seu trabalho como sendo de fundamental importância para a construção do Tocantins. Mas os fatos que hoje já estão escritos na história do Brasil não deixam dúvidas quanto ao importante papel que Siqueira Campos desempenhou em todo o processo moderno de emancipação da região norte de Goiás e a conseqüente criação do Estado do Tocantins.

Por essa razão, sinto-me na obrigação, neste momento, de citá-lo com todo o destaque que merece e aqui prestar minha homenagem pessoal ao verdadeiro patrono do nosso Estado, Siqueira Campos. Esse incansável articulador do vigoroso futuro tocantinense continua sua batalha e haverá de proporcionar muitas outras vitórias para o povo de sua terra. Afirmo isso com a convicção de quem sempre ombreou com esse homem, que se tornou um verdadeiro mito para o povo mais humilde do Tocantins.

Sr. Presidente, atualmente, os dados oficiais sobre os exuberantes índices econômicos do Tocantins e a determinação de seus governantes em investir maciçamente em infra-estrutura, na busca da promoção das grandes iniciativas do agronegócio - com a inclusão do minifúndio no processo, como já defendi noutras oportunidades e devo continuar defendendo até que isso se torne realidade -, mostra que o futuro do Estado está na alavanca da produção e dos negócios agrícolas, em que se desenvolva, dentro do próprio Estado, toda a cadeia produtiva, o que fará do Tocantins um forte exportador agrícola.

A expansão dos projetos de criação de distritos industriais regionais, como estratégia de fortalecimento das diferentes cadeias produtivas, em face da facilidade de acesso a matérias-primas básicas, junto ao promissor portal de exportação representado pela Ferrovia Norte-Sul, cria uma importante alternativa ao atual eixo logístico brasileiro.

Por outro lado, Sr. Presidente, esses projetos associados aos investimentos na auto-suficiência em energia elétrica formam um delta onde se assentam inúmeras oportunidades.

Seja na pecuária, na agricultura ou na agroindústria, como defendo, os projetos do Tocantins também permitem que se desenvolvam outros setores promissores como a indústria do turismo, tendo em vista as inigualáveis belezas do Tocantins, tal como o Jalapão e outras tantas regiões que guardam riquezas naturais.

Tudo isso transforma as iniciativas tocantinenses em investimentos seguros, com níveis de retorno que não se encontram em outros Estados brasileiros.

O fato, Srªs e Srs. Senadores, é que o Estado do Tocantins tem concentrado seus esforços e ações na implementação de condições ideais para promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável de seu povo e território, reservando ao setor privado um lugar de destaque para que atue na condição de parceiro primeiro desse desenvolvimento.

Seja por qual ângulo de análise que se queira fazer, o Tocantins reúne as melhores condições da Região Norte no que diz respeito ao avanço dos ganhos socioeconômicos sustentáveis.

É por essa razão que, na quadra final desta suplência, desejo estimular meus conterrâneos a continuarem a luta pelos recursos necessários à concretização do sonho de um Tocantins grande.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao terminar este pronunciamento, deixo registrado que retorno ao Tocantins com a certeza de que nesta Casa Legislativa se encontram em permanente labuta grandes companheiros de luta pelo desenvolvimento não só do meu Estado, mas também pelo engrandecimento de nosso País.

Aprendi, nesta curta temporada, a admirar ainda mais figuras importantes do cenário nacional, distintos brasileiros e brasileiras com quem dividi preocupações e partilhei atitudes na busca do melhor para o Tocantins e para a Nação brasileira.

Por fim, concluo com o mais profundo agradecimento a todos os que, de alguma forma, colaboraram para que eu pudesse desincumbir-me desta magnânima tarefa de servir ao Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/09/2005 - Página 29559