Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudação ao governador da Bahia, Paulo Souto, bem como ao vice-governador, que se encontram neste momento no Plenário do Senado. Reação em nome dos amigos do Presidente Juscelino Kubistchek, citado indevidamente pelo Presidente Lula, em recente discurso. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Saudação ao governador da Bahia, Paulo Souto, bem como ao vice-governador, que se encontram neste momento no Plenário do Senado. Reação em nome dos amigos do Presidente Juscelino Kubistchek, citado indevidamente pelo Presidente Lula, em recente discurso. (como Líder)
Aparteantes
Almeida Lima, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 01/09/2005 - Página 29560
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PERIODO, GOVERNO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ELOGIO, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ACUSAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONHECIMENTO, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, desejo saudar o Governador da Bahia, nosso Senador permanente Paulo Souto, em nome da Casa, em que deixou tantos amigos, e o Vice-Governador Eraldo Tinoco, que estão presentes neste momento.

Sr. Presidente, o que me traz à tribuna hoje é uma reação em nome dos amigos do Presidente Juscelino Kubitscheck. Sou talvez um dos raros ainda vivos amigos de Juscelino Kubitscheck e não posso permitir que o Presidente Lula esteja a usar o nome de JK indevidamente, erradamente, mentindo em relação à figura do grande estadista. Juscelino realizou, ele sim, em cinco anos, um governo de cinqüenta, enquanto Lula, em quase três, não fez absolutamente nada por este País. Portanto, é uma diferença tão grande que qualquer pessoa, por mais política que seja e por mais que esteja a favor do Presidente Lula, há de dizer que ele está inteiramente fora do ar, está com a cabeça fora do lugar.

Juscelino foi o construtor de Brasília, mas não foi apenas isso. Juscelino foi o homem que fez as grandes estradas neste País. Juscelino recuperou a nossa economia. Juscelino foi o homem da indústria automobilística, foi inclusive quem deu emprego a Lula quando ele chegou do Nordeste. Juscelino era um homem sem ódios, sem rancores. Juscelino foi, sem dúvida, o grande Presidente do Brasil contemporâneo. Conseqüentemente, qualquer semelhança que o Senhor Presidente Lula queira apontar é ofensiva à memória do grande Presidente Kubitschek. E seus amigos, entre os quais me incluo - desde aquela época até a sua morte fui seu amigo, com muita intimidade aliás -, querem protestar e dizer ao Lula que respeite a memória do homem público que foi Juscelino Kubitschek. Juscelino era alfabetizado, e o Lula, infelizmente, não quis se alfabetizar. Isso é o mínimo que eu vou dizer, mas poderia dizer muito mais.

Ele fala de Juscelino como se fosse ladrão, dizendo que Juscelino foi atacado como ele é hoje. Mentira! Somente a Tribuna da Imprensa e Carlos Lacerda atacavam assim Kubitschek, mas ninguém, nenhum jornal dizia o que se diz hoje deste Governo irresponsável. Hoje, em todos os setores, há realmente uma ladroagem completa, com a conivência do Presidente da República, que não explica sequer a situação da Telemar que empregou o seu filho e deu R$5 milhões a uma empresa dele; que até hoje não explicou os mensalões por que é responsável; que até hoje não explicou o dinheiro que diz ter tomado emprestado do seu Partido - é incrível! -, mas que foi pago pelo Sr. Okamotto no Banco do Brasil, depois, no seu Governo. Essas coisas não aconteciam no Governo de Kubitschek. E o Lula não pode querer tisnar a memória desse grande homem público que o Brasil reverencia, querendo igualar-se ou comparar-se a essa grande figura.

Ouço o aparte do nobre Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Antonio Carlos, queria apenas lembrar a V. Exª, que conheceu, que conviveu com o ex-Presidente Kubitschek, que Juscelino era principalmente a alegria de viver e a auto-estima brasileira. O povo tinha orgulho de ser brasileiro. Naquela época, todos os brasileiros achavam que o Brasil realmente era o melhor país do mundo. A personalidade do Juscelino, a alegria, a facilidade de convivência criou no País aquele clima de otimismo. Hoje o clima é justamente oposto: decepção, vergonha, desilusão, desesperança; o momento oposto, o anticlímax do momento Juscelino. Preocupa-nos um pouco o Presidente. Ele fala, com erros históricos gravíssimos, de tentativa de assassinato de Juscelino e de curto mandato. Dá-nos a impressão de que o Presidente não se está conectando aos fatos e à vida pública real, o que é muito preocupante.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - V. Exª tem absoluta razão, nobre Senador Tasso Jereissati. Nem a história contemporânea o Presidente Lula conhece, porque, se a conhecesse, não erraria tanto ao falar sobre a vida de Juscelino Kubitschek. V. Exª lembrou-me de um traço da personalidade de JK, de que me esquecera de falar, mas é muito importante: Juscelino trazia alegria para o Brasil. A exuberância do seu temperamento causava na população a vontade de trabalhar e de ter um Brasil novo, e ele fez um novo Brasil. Depois dele, o País não teve um presidente que fosse igual a ele, nem no regime militar nem fora dele. Juscelino era um homem - posso testemunhar isso - que sentia grande amor pela administração pública, tinha bom senso político, sabia governar, mas sabia, sobretudo, agradar o povo brasileiro com as medidas corretas e sérias que tomava.

Dou um aparte a V. Exª.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Nobre Senador Antonio Carlos Magalhães, é evidente que eu não posso me incluir, como o senhor, entre aqueles amigos do ex-Presidente Juscelino Kubitscheck. Mas tenha certeza V. Exª de que, neste País, não há um outro cidadão que tenha mais admiração por JK do que este que vos fala neste instante. E eu, particularmente, considero uma agressão à história de Juscelino Kubitscheck a comparação feita pelo Presidente Lula. Ele não sabe, por não conhecer a História Contemporânea do nosso País, que Juscelino Kubitscheck foi um grande estadista e que essa comparação, sem dúvida alguma, mancha a biografia do então Presidente. Muito obrigado. Quero me somar a V. Exª.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agradeço o aparte de V. Exª e digo que, tendo em seu governo duas revoluções, perdoou a todos que delas participaram. Fosse Jacareacanga ou Aragarças, Juscelino foi o mesmo homem, de modo que eu pude ouvir de militares: “este merece o nosso aplauso, porque este até nos perdoou nos nossos erros”. Ouvi de alguns militares essa declaração, e essa declaração é hoje de todo o povo brasileiro, que tem na figura de JK um exemplo de construtor de Brasília, mas sobretudo do homem que quis o Brasil grande, o Brasil grande que ele fez, o Brasil grande pelo qual ele lutou internacionalmente, o Brasil que, afinal de contas, cresceu graças às indústrias que Juscelino trouxe para o nosso País.

Estou feliz de, em nome dos amigos de Juscelino, repelir as declarações do Presidente Lula, que não conhece a História do Brasil e não pode macular uma figura digna, séria, competente e que fez deste País a Nação que hoje todos admiram.

Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/09/2005 - Página 29560