Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a manifestação do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) cobrando do Presidente Lula providências sobre a crise.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Comentários sobre a manifestação do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) cobrando do Presidente Lula providências sobre a crise.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2005 - Página 29987
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • REGISTRO, REMESSA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CARTA ABERTA, AUTORIA, ENTIDADE, AMBITO NACIONAL, EMPRESARIO, ENCAMINHAMENTO, CONGRESSO NACIONAL, COBRANÇA, MOBILIZAÇÃO, CHEFE DE ESTADO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PAIS.
  • LEITURA, TRECHO, RELATORIO, FALTA, CONCLUSÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), PAGAMENTO, MESADA, CONGRESSISTA, CONFIRMAÇÃO, EXISTENCIA, PROPINA, BANCADA, APOIO, GOVERNO, DESVIO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, SETOR PRIVADO, FINANCIAMENTO, CORRUPÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, RELATOR, COMENTARIO, AUSENCIA, LEGITIMIDADE, MANDATO PARLAMENTAR, RECEBIMENTO, DINHEIRO, TRANSAÇÃO ILICITA.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a carta aberta do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) ao presidente Lula cobrando providências sobre a crise pede a ele que "fale" o que sabe das denúncias de corrupção.

É sintomática a manifestação do PNBE, uma entidade que congrega pequenos e médios empresários e é reconhecidamente formadora de opinião. A correspondência foi enviada ao Palácio do Planalto no dia 29 último e encaminhada ontem ao Senado e à Câmara dos Deputados.

A carta aberta do PNBE ressalta a estupefação da sociedade brasileira em face da alienação do presidente Lula ao demonstrar o mais absoluto desconhecimento de fatos tão gritantes e impossíveis de esconder e complementa afirmando que essa postura aumenta a perplexidade e a dúvida da população.

Como tão bem destaca o PNBE um comandante, mesmo que se negue a admitir, não pode desconhecer fatos graves ocorridos na sua seara.

Hoje é um dia especial no calendário da atual crise político-institucional e particularmente importante para o Parlamento. A apresentação do relatório parcial das CPIs dos “Correios” e do “Mensalão” confirma a existência do "mensalão", e classifica a versão de que o dinheiro se originou de empréstimos bancários como "desculpa esfarrapada" e afirma que não há legitimidade em mandatos financiados com caixa dois.

O teor do relatório desmonta todas as especulações de que haveria conivência da comissão com os atos praticados pelos parlamentares envolvidos. “O que resta inconteste é o recebimento de dinheiro por parlamentares e dirigentes de partidos que integram a base de sustentação do governo na Câmara dos Deputados", diz o relatório.

O relatório rechaça a versão de que o publicitário Marcos Valério de Souza tomou empréstimos bancários e os repassou ao Partido dos Trabalhadores "apenas em nome da amizade" com o então tesoureiro daquele partido, Delúbio Soares.

Não há pretensão de que as investigações conduzidas no âmbito das CPIs sejam exaustivas. Temos plena consciência de que o Ministério Público poderá aprofundar a apuração dos ilícitos.

A densidade do relatório está consubstanciada, entre outros pontos, quando os relatores reconhecem que recursos públicos também abasteciam a rede sistêmica e organizada de corrupção:

“Caixa dois, enquanto não contabilização de recursos advindos de empresa privada, que tenha vínculo contratual com a administração pública, é ainda muito mais grave do que caixa dois que tenha como fonte empresa privada", diz o relatório.

As agências do Sr. Marcos Valério, como as Srªs e os Srs. Senadores, devem se recordar, prestaram serviços para os Correios e o Banco do Brasil.

Um aplauso vigoroso aos relatores deve ser registrado no trecho em que eles rejeitam a tese de que o caixa dois é uma prática recorrente em todos os partidos: "Não há legitimidade em mandato financiado com caixa dois".

A propósito, o próprio presidente da República defendeu essa nefasta tese, em público.

            Na clareza solar que pauta cada uma das CPIs buscando elucidar os caminhos e descaminhos percorridos pelos artífices desse gigantesco esquema de corrupção, estou convencido, senhor Presidente, de que vamos edificar um novo tempo, em pesem as seqüelas e traumas que deverão ser administrados.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2005 - Página 29987