Discurso durante a 151ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores-PT.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores-PT.
Publicação
Publicação no DSF de 03/09/2005 - Página 30078
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, AUSENCIA, ETICA, CONDUTA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMPARAÇÃO, IDONEIDADE, ATUAÇÃO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, SIMON BOLIVAR, VULTO HISTORICO, LUTA, DEFESA, LIBERDADE, DEMOCRACIA, AMERICA LATINA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Srªs e Srs. Senadores presentes na Casa; brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação da Casa; Senador Wellington Salgado, de Minas Gerais - o Estado do Libertas Quae Sera Tamen -, aqui estamos nós.

Senadora Iris de Araújo, feliz do governante que não precisa buscar exemplos em outros países ou na história longa do passado, que possa buscá-los aqui mesmo. O Presidente Lula tem essa grande oportunidade, mas o impacto foi tão grande, Senadora Heloísa Helena, que ele não resolveu se inspirar nos governantes que tivemos. Ele caiu na vaidade. Está no Livro de Deus que, sob os céus, tudo é vaidade. E o Lula caiu nessa. Antes de se inspirar na experiência da história e do passado, ele quer se assemelhar aos grandes, aos bons. Vem e se iguala a Getúlio Vargas.

Senadora Iris, V. Exª é muito novinha, mas eu queria dizer que Getúlio Vargas - ó Lula, aprendei -, 15 anos depois de governar esta Pátria, saiu por um problema mundial, porque o País se aliou aos democratas, Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill, para vencermos os ditadores Hitler e Mussolini. Então, os generais, aqui chegando, mostraram que não seria justo para a história a luta pela vitória democrática e nós não exercitarmos a democracia. E assim ele saiu. Ele saiu e foi para São Borja.

Senador Wellington Salgado, V. Exª tem fazenda no Piauí. Getúlio não tinha luz e energia na sua fazenda. Ele ganhou uma geladeira Electrolux, de um empresário e admirador de São Paulo, e não quis receber, pela ética. Mas os amigos insistiram para que recebesse. E ele, na sua humildade, recebeu e depois comentou que até tinha gostado, porque de noite ele tomava um sorvete. Quinze anos de Presidência, Lula, e Getúlio não tinha uma geladeira Electrolux, aquelas a querosene. O meu avô tinha três, Senadora Heloísa Helena, na mesma época, no Piauí: tinha uma na sua empresa, na sua indústria, tinha uma na sua casa na cidade e uma na praia. E meu avô, o Dindim, mandava que eu acendesse, porque era a querosene, tinha um espelho metálico, uma chama, e a gente tinha que se abaixar. Getúlio não tinha nenhuma. E esse PT descarado, ladrão... Nunca se roubou tanto em tão pouco tempo neste País. Com tantos famintos e desempregados no Brasil, eles estão aí ostentando riqueza.

Senadora Heloísa Helena, aqui está o atestado. Não se compare Lula com Getúlio, um estudioso. Tenho o Diário de Getúlio, com volumes extensos. Senadora Iris de Araújo, em 7 de setembro, quando terminava o desfile - gosto de ler todo dia, 7 de setembro, no Natal, no Ano Novo -, Getúlio se recolhia para estudar, para ler. Daí o progresso que ele trouxe e o respeito que ele merece. Mas Sua Excelência, o Lula, não gosta de estudar. Não gosta.

Lembre-se da honra de Getúlio. Com quinze anos de Presidência, ele não tinha uma geladeira. Aqui está o atestado.

Quanto aos dezoito acusados, vamos resolver.

Jobim vem e diz que o Congresso... Calma, dá um freio. Vai para lá, porque aqui nós temos moral. Esta é a Casa de Rui Barbosa, esse, sim, defensor da lei e da justiça. Jobim tem de vir é se defender. Ele foi julgado e condenado por Leonel Brizola. A fraude de Nelson Jobim foi um dos últimos artigos do tijolaço. Nós estamos aqui, e o que nos fez chegar aqui foi a crença no estudo e no trabalho.

Senadora Heloísa Helena, está aqui a prova. Dos dezoito acusados do Congresso, do Congresso de Rui, do Congresso do Senado da República... Senador Wellington Salgado de Oliveira, qual é o partido de V. Exª?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - PMDB.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ah, é o PMDB! V. Exª é do nosso Partido. V. Exª é suplente, chegou agora, mas nunca se viu tanta atuação em tão pouco tempo, fazendo jus à grandeza do povo mineiro.

Senadora Heloísa Helena, são trinta partidos no Brasil, trinta. Dos dezoito envolvidos, sete são do PT do Lula paz e amor. É o Partido campeão da corrupção, da malandragem, da safadeza, do mal exemplo. De dezoito, sete estão no PT. E Lula continua com sua vaidade, comparando-se a Juscelino Kubitschek.

Presidente Lula, a sua desgraça foi pensar que aquele povo que estava na Esplanada era propriedade privada de Vossa Excelência, que não lê nem a Bíblia. Peço que Vossa Excelência medite em Cristo, o maior líder da história da humanidade. Não é assim, Senadora Heloísa Helena? Domingo de Ramos, Cristo e o povo: estou com Cristo e não abro. Domingo de Ramos, e Ele chegando. Sexta-feira da Paixão, esse mesmo povo... Mas, Lula, Cristo era diferente, pois tinha uma missão.

Shakespeare ficou célebre porque escreveu Júlio César. Júlio César, Senadora Íris de Araújo, por Shakespeare: “Até tu, Brutus?” Brutus é consagrado pelo povo. Ele disse que ia acabar com os impostos. Devia estar igual ao PT, o Partido do Tributo lá, com imposto alto e todo mundo “Brutus! Brutus!”, e quase Marco Antonio não fala.

As exéquias começam devagar, sem o povo querer deixá-lo falar. Ele vai vencendo a hostilidade e diz: “Júlio César era bom. Estou aqui com um testamento. Permitam-me ler o testamento?” E ele foi dizendo: “Para quem ele deixou o seu palácio?”

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - V. Exª dispõe de mais cinco minutos

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu não queria o tempo do Senador José Maranhão, mas um tempo do tamanho do Paraná.

Pois aí o povo, que era todo Brutus, volta-se e relembra Júlio César e Brutus. Então, o povo muda, Senadora Heloísa Helena.

Aqui mesmo, no Brasil, nós tivemos o povo Collor, o povo anti-Collor e, hoje, o povo Lula...

Senadora Heloísa Helena, Juscelino chamava os seus companheiros lá no Alvorada e dizia: “José Maria Alckmin, Israel Pinheiro, como vai o monstro?” O monstro era o povo.

Lula, o monstro está enfurecido, o monstro está decepcionado, o monstro está constrangido, e nós, o Senado, somos ainda essa esperança, porque nós representamos o nosso símbolo, Rui Barbosa, que disse: “só tem uma saída: a lei e a justiça”.

Pois esse é o Juscelino que eu vi. Eu vi na saída, Senador Delcídio. V. Exª está com um grande Partido. V. Exª se diferencia. V. Exª pode renascer, e nós queremos ver o PT voltar a brilhar, porque uma democracia se faz forte com partidos fortes, mas queremos punir o PT da corrupção. De dezoito acusados, a medalha de ouro é do PT, Senador Delcídio Amaral.

Mas V. Exª, Senador Delcídio Amaral, lembra o Juscelino Kubitschek, que ficava atento ao povo e dava essa esperança. E o Lula, na sua vaidade, se compara ao Juscelino. Em quê? Qual a semelhança?

E mais, Senador Alvaro Dias, Senador Delcídio Amaral - há que se dar um freio -, comparou-se a Simón Bolívar. Era o que faltava. Ao Chávez... Mas ao Simón Bolívar?

Oh, Lula, a história é diferente.

Na nossa história do Brasil, Senadora Heloísa Helena, Dom João VI disse ao filho que colocasse a coroa na cabeça antes que qualquer aventureiro o fizesse. Esse aventureiro, Lula, esse aventureiro a que ele se referia era Simón Bolívar, porque ele estava atento à história do povo que foi às ruas e gritou “liberdade, igualdade e fraternidade”. Fez nascer o governo do povo, pelo povo, para o povo, assim definido por Abraham Lincoln. Ele amou a liberdade e estava fazendo a liberdade dos países escravizados pelos espanhóis na nossa América Central e do Sul.

Mas, Lula, me permita, serei breve, para ao menos saber o que significava Simón Bolívar.

            Ele diz que é igual porque está dando dinheiro do BNDES para todo mundo. Não, não foi isso. Simón Bolívar não fez isso. Deu sentido de liberdade, de igualdade, de fraternidade. Ele não saiu fazendo cortesia com o chapéu alheio, porque o dinheiro que Vossa Excelência está dando não é seu, é o dinheiro tragado pelos banqueiros, esses parasitas que exploram os que trabalham.

            Essa é a diferença. Simón Bolívar nasceu na Venezuela, mas em Bogotá há uma estátua dele. O Presidente Lula viaja tanto, tanto, tanto, por que não foi olhar, pelo menos, essa estátua?

            Como Cristo, em um minuto, fez o Pai-Nosso, com 56 palavras, vou terminar.

            Lá está escrito, Senadora Iris: “Simón Bolívar, libertador das Américas”. Ele não foi um mentiroso. Simón Bolívar disse: “Eu fui tudo. Eu tive muitos títulos importantes: soldado, cabo, sargento, tenente, capitão, major, coronel, general, marechal, Presidente, ditador e libertador. Abdicaria todos os títulos, mas não abdicaria o título de bom cidadão”.

            Vossa Excelência, Lula, não está sendo um bom cidadão, porque está contra o livro de Deus, em que há a frase: “Dize-me com quem andas que eu te direi quem és”. Esse é o conceito.

Há ainda um tempo, um tempo de buscarmos, e a saída está aqui. Rui Barbosa disse: “Só há um caminho e uma salvação: lei e justiça”. Cristo disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Então, que V. Exª se inspire em Cristo, para dar e levar a sua missão, como Cristo, com sacrifício até o fim, salvaguardando aquilo que não tem relação com a corrupção do PT, que é uma democracia nossa, e o Senado saberá preservá-la aprimorá-la.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/09/2005 - Página 30078