Discurso durante a 152ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas às declarações do Presidente Lula, sobre a intenção de se candidatar na eleição de 2006, para defender o PT. Comentário sobre o programa de rádio do Presidente Lula, "Café com o Presidente".

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas às declarações do Presidente Lula, sobre a intenção de se candidatar na eleição de 2006, para defender o PT. Comentário sobre o programa de rádio do Presidente Lula, "Café com o Presidente".
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2005 - Página 30187
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANUNCIO, CANDIDATURA, REELEIÇÃO, DEFESA, REPUTAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREVISÃO, ORADOR, INSUCESSO, PROTESTO, PARALISAÇÃO, GOVERNO.
  • CRITICA, PROGRAMA, RADIO, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, DADOS, INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, COMPARAÇÃO, AMERICA LATINA, CONTESTAÇÃO, RELATORIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nos últimos dias, tivemos a infelicidade de ouvir do Presidente Lula algo sinceramente inadequado, mas, não obstante, ratificado pelo Ministro Jaques Wagner em entrevista ao jornal O Globo.

O que vi e ouvi estarrece a Nação, diante do estado de coisas que nos infelicita: é a intenção do Presidente Lula de se candidatar novamente, na eleição de 2006, a mais um mandato. Quer se reeleger. Mas os brasileiros não o querem.

            Nada contra a iniciativa do Presidente e de seu Ministro, até porque essa idéia pouco feliz tem respaldo em todos os dispositivos legais, garantida, inclusive, na nossa Constituição.

O que surpreendeu, na verdade, foi o fato que motivou o presidente a tomar tal decisão.

Disse o Presidente na última sexta-feira: “Se o PT estiver muito mal, se o governo estiver apanhando de tudo quanto é lado, vou ser candidato para defender o PT e o meu Governo. Aí não tem jeito”. Abilolou geral!

Ora presidente!

Seus eleitores e o povo brasileiro não agüentam o repeteco. Repeteco, só uma vitória na Copa do Mundo. Pára de demagogia! Governe! Tire o País do marasmo. Ao menos conduza o País com alguma paz até o dia do seu adeus. Ademain, Lula! O dia 31 de dezembro de 2006 vai chegar logo.

Vossa excelência venceu o pleito de 2002 graças a uma estratégia de Marketing de Duda Mendonça que, acreditamos, não mais o acompanhará no próximo ano. E as novas alterações não vão permitir presepadas.

A não ser que sejam buscadas novas fontes para financiamento de campanha, pois não acredito que o Duda Mendonça aceitará embarcar novamente na canoa furada do Caixa Dois de Delúbio, Marcus Valério, PT etc... pagos no exterior por fontes desconhecidas, como revelou o próprio Duda Mendonça em depoimento na CPI.

Depois de 32 meses de Lula no comando da Nação, vemos, um País parado, com o nível de execução do orçamento de investimentos não superior a 50%, apesar de termos ultrapassado mais de dois terços do ano. É evidente o imobilismo do governo petista e do presidente Lula em função da falta de projetos e do lamaçal de corrupção.

Portanto, Sr. Presidente, Vossa Excelência até pode ser candidato sim, mais uma vez, mas com um programa que o senhor ainda não apresentou a nação apesar dos 32 meses de governo.

Ser candidato apenas para defender o PT é muito pouco. Tenha dó! O povo brasileiro não merece isso. Plagiando Vossa Excelência, nunca se viu nesse país proposta tão desonesta. Tão indecorosa.

Apresente um projeto para o país e seja candidato mais uma vez, Presidente.

Se bem que no lamaçal de irregularidades que está envolvido seu governo, duvido muito que Vossa Excelência tenha tempo suficiente para pensar num programa de governo para o Brasil.

            Como bem denunciou a Revista Veja desta semana, as reuniões matinais no Palácio do Planalto, instituídas depois da mini-reforma ministerial, somente conseguem reunir energia para tentar combater as denúncias. Se conseguir.

Sr. Presidente, Srªs e Srs.Senadores, eu gostaria também de dizer que o Presidente Lula tem um programinha de rádio, acho que semanal. Hoje, foi dia do Café com o Presidente, que sempre é mais doce do que o café amargo da realidade vivida pelos seus ouvintes Brasil adentro.

            No programinha ou fora dele, Lula é useiro e vezeiro em mexericadas, sempre que vem a público, como esta manhã. Sem nada para anunciar, sem projetos, sem planos, mistura tudo na tentativa de proclamar que as coisas vão vem. Não vão bem. Nem há o que comemorar.

Lula acha que está tudo cor de rosa e, como se tivesse um baita bule de café, festejou o crescimento da economia brasileira, demonstrado pelo aumento de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto), que se registrou no segundo semestre de 2005.

Neste mesmo 2005, segundo a Unctad, que é o órgão que analisa o crescimento e o comércio da ONU, as cifras são desoladoras.

Em 2005, explica a Unctad, o Brasil será a economia com o menor crescimento entre os principais países da América Latina e um dos piores entre os países emergentes.

Isso alegra? Claro que não. Mas claro que isso é real. Não vamos, pois, dar uma de avestruz e fingir que a nossa economia está ótima.

O Presidente apregoa um mundo Brasil maravilho sempre que destrava a torneira da falação, misturando vários objetos, de animais e coisas, uma verdadeira balbúrdia que não resiste a uma análise mais séria.

Piores que os arreganhos de Lula são as tentativas de seus Ministros da área econômica, que preferem dançar a música do Presidente, renegando os dados de organismos sérios como os da ONU.

A Unctad vem e diz: o Brasil vai crescer só 3% em 2005. O Ministro Luiz Fernando Furlan, da Indústria e Comércio Exterior, vem e corrige: O Brasil vai crescer mais de 4%.

Difícil é imaginar que o povo possa acreditar mais no que o Governo daqui apregoa do que nos dados mais confiáveis, como os da ONU/Unctad.

Mesmo que o Ministro tivesse razão, ainda assim, as projeções da ONU não tiram o Brasil do Governo Lula da triste posição que lhe reserva o balanço final de 2005, o do País que terá o menor crescimento da América Latina.

Os dados não nos alegram, mas não há como fugir dessa realidade. A realidade é a do bule furado. O Brasileiro vira, vira, se vira, e nada!

Enquanto a previsão coloca o Brasil com os 3% da ONU ou mesmo no índice mais otimista do Ministro Furlan, a Argentina aparece com um crescimento previsto de 7,5%, o dobro do esperado para nós. A Venezuela figura com 8% e o Chile com 6%. Superiores ao Brasil aparecem o Uruguai, Peru, Bolívia e Paraguai.

Por que então acenar para o virtual?

Sr. Presidente, estou anexando a este pronunciamento o noticiário sobre o Café do Presidente, para que o historiador do amanhã tenha elementos para avaliar o real e o virtual desse Governo do Quatriênio Perdido.

Era o que eu tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Lula comenta resultados positivos da economia.”

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta segunda-feira, durante o programa de rádio "Café com o Presidente", transmitido pela Radiobrás, o crescimento da economia brasileira, demonstrado pelo aumento de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre de 2005.

"Nós estamos vivendo um momento muito bom na economia. Apesar da turbulência política, a sociedade brasileira compreende que a economia precisa dar certo porque, dando certo a economia, vai dar mais certo ainda a vida dos 186 milhões de brasileiros", disse Lula.

O resultado do PIB foi divulgado na última quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Lula comentou ainda os resultados favoráveis da balança comercial, também divulgados na semana passada, cujo saldo positivo (superávit) cresce ao ritmo de 29,5% ao ano.

"Nós tivemos um crescimento extraordinário na nossa balança comercial desde maio, quando nós chegamos a US$ 9,8 bilhões, depois nós fomos a US$ 10 bilhões em junho, US$ 11 bilhões em julho repetimos US$ 11,348 bilhões em agosto, numa demonstração de que valeu a pena a gente fazer todas as viagens que fizemos", afirmou o presidente.

O presidente disse que é preciso convencer os empresários brasileiros a viajarem e convidar mais empresários estrangeiros para viajar pelo Brasil, a fim de aumentar as relações comerciais do país.

Os resultados positivos da balança comercial, segundo Lula, podem significar maior produção industrial e um crescimento do nível de emprego, comércio e da distribuição de renda.

"Só para se ter uma idéia, o poder de compra do povo mais pobre também tem aumentado. Há um ano, o trabalhador precisava de 67% do salário mínimo para comprar uma cesta básica, hoje ele está comprando uma cesta básica por 54% do salário mínimo, o que é um ganho efetivo para o trabalhador brasileiro. A inflação está controlada e o que é mais importante: o emprego está crescendo", disse Lula.

O presidente falou ainda das políticas sociais de seu governo, como a alfabetização de pessoas e o programa Bolsa Família, que deverá alcançar a marca de 8,7 milhões de pessoas atendidas.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2005 - Página 30187