Discurso durante a 153ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre as comemorações pela passagem do Dia da Pátria, amanhã, 7 de setembro.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.:
  • Reflexões sobre as comemorações pela passagem do Dia da Pátria, amanhã, 7 de setembro.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/2005 - Página 30323
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, SEMANA DA PATRIA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, SENADO, EXPECTATIVA, MELHORIA, FUTURO, PAIS, SOLUÇÃO, CRISE, POLITICA NACIONAL, ANALISE, HISTORIA, BRASIL, LUTA, INDEPENDENCIA, EXCESSO, TRIBUTAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ATUALIDADE, PERDA, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, FALTA, ETICA, DEPENDENCIA, MISERIA, POPULAÇÃO.
  • PROTESTO, REAJUSTE, SALARIO, JUDICIARIO, INJUSTIÇA, POLITICA SALARIAL, TRABALHADOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, Senadoras e Senadores aqui presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes, os que nos assistem pela televisão, nos ouvem pelas rádios AM/FM do Senado e que nos acompanham pelo Jornal do Senado, Senador Paulo Paim, V. Exª representa o Rio Grande do Sul, que simboliza muitas grandezas neste Brasil. Bastaria a Farroupilha, o primeiro grito de anseio democrático.

Estamos aqui, hoje, véspera do dia 7 de Setembro. Suplicy, desligai o telefone e atentai bem! Estamos na véspera da Semana da Pátria. Nunca dantes, acho, consultem os Anais, isto ocorreu: dia 6 de setembro e o Senado da República em reunião. É uma reunião de vigília. Os filósofos disseram e nós aprendemos: o preço da liberdade é a eterna vigilância. Assim, estamos aqui de vigília. Nós somos hoje a esperança da preservação e do aprimoramento democrático.

Senadora Serys, ontem, trouxe uma revista para esta Casa e, com vergonha, quero dizer-lhe que, segundo essa revista, só 8% dos brasileiros acreditam nos políticos. Olhe onde o PT nos meteu, Serys!

Mas não vamos baixar a cabeça. A aceitação do Poder Judiciário, no Brasil, também é uma lástima. Atentem bem aqueles que ainda ousam ter influência quando escreveram, muitos deles, páginas vergonhosas aqui. Aí está o Brasil. Mas nós somos a esperança. E eu ia buscar, Senador Rodolpho Tourinho, o livro Dom Quixote de La Mancha, em que Dom Quixote resolve premiar seu companheiro, Sancho Pança, dando-lhe uma ilha para governar: Bravataria. Ele disse que não tinha sabedoria, era analfabeto. Dom Quixote, então, afirmou: “Não; tenho-lhe observado e és temente a Deus. Isso é uma sabedoria, e quem tem sabedoria resolve as coisas”. E ensinou Sancho Pança a governar, ter coragem, arrumar uma esposa com dotes e virtudes, ser honesto, não comer em demasia, não beber e, quando ele ia saindo, voltou e disse: “Sancho Pança, esqueci do último ensinamento: só não tem jeito para a morte”.

É a lição que quero tirar para o Brasil. Este Brasil tem que ter jeito. Essa é a esperança que temos aqui. Meu patrono, Francisco, Senadora Íris de Araújo, diz no seu cântico: “Onde houver desespero, leva a esperança”. Nós somos a esperança. Isso tem que melhorar, e estamos aqui para isso.

Nesse emaranhado de coisas, quanta saudade de minha infância, quando aprendíamos, nas boas escolas, dos nossos mestres que nos educaram, Olavo Bilac, Patrono do Exército Brasileiro:

Ama, com fé e com orgulho, a terra em que nasceste!

Criança! não verás nenhum país como este!

Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!

A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,

É um seio da mãe a transbordar carinho.

Vê que há vida no chão! vê que vida nos ninhos,

Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!

Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!

Vê que grande extensão de matas, onde impera,

Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha

O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,

Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:

Imita a grandeza a terra em que nasceste!

Senador Rodolpho Tourinho, se Olavo Bilac vivesse nos dias de hoje escreveria essa beleza de versos? Ah, vergonha!

Então, na Semana da Pátria, Senador Romero Jucá, V. Exª tem que se lembrar da luta deste País em que sempre houve patriotas e traidores. Senadora Serys Slhessarenko, patriotas e traidores! Sempre houve partido dos patriotas e partido dos traidores. Pode ser até um destino irônico: partido dos traidores e partido dos patriotas. Pode ser uma ironia do destino esse PT, mas todos sabemos, Senador Eduardo Suplicy, que essa independência começou, quando éramos explorados por imposto. Era imposto, Senadora Íris! Aquela novela, “O Quinto dos Infernos”, da Rede Globo, em que cada produção brasileira de pau-brasil, de ouro, um quinto era destinado para o português. Mas piorou com esse Partido, no momento em que os partidos traidores chegaram ao Governo.

E um patriota foi sacrificado na terra do lema libertas quae sera tamen, o Tiradentes, o Joaquim. Mas comandando o PT da época tinha o Silveira. Mas atentai bem, brasileiros! Esse ideal, a forca, a luta, a democracia eram pela derrama, era um quinto que os portugueses cobravam. Agora, o Partido dos Traidores cobra dois quintos! Não tem brasileiro que pague menos de 40% de sua renda em impostos, são 76. Cada brasileira e brasileiro, de doze meses no ano, cinco trabalha para o Governo. E para quê? Para “mensalão”, para “bandejão” que descobriram agora, para a corrupção, para a farra, para passeio, para injustiça. Senador Romero, meditai! Era o quinto dos infernos, agora são dois quintos. Piorou! Que independência!

Ontem, eu trouxe a sinopse de todas as revistas, Senadora Íris. Que vergonha! Que vergonha! Então, tive que buscar um autor do passado para trazer uma mensagem otimista. Mas somos essa esperança. Esta Pátria que está aí nasceu com o partido dos patriotas e dos traidores. Patriotas somos nós, que estamos aqui de vigilância, patriota é o trabalhador enganado, é aquele que está na fila do hospital, esperando o Governo, patriotas são os militares, que não tiveram o aumento, e, quando viram, estava acontecendo a maior imoralidade já feita neste País: o Poder Judiciário consegue fixar em R$27 mil seus salários para o próximo ano. Está garantido!

E como o mal nunca vem só, nós sucumbimos pela guilhotina das medidas provisórias, Senadora Heloisa Helena. Sucumbimos! Fomos cortados! Isso se transformou em lei, lei da injustiça.

Num país civilizado e organizado, o maior salário é dez vezes o valor do menor. A globalização é de direito, é de justiça, é de vergonha e é de Cristo. Não existe mais isto: pressão aqui. E é a maior vergonha essa injustiça salarial!

Rui Barbosa disse que justiça tardia é uma injustiça desqualificada. Essa é a justiça do Brasil. Justiça salarial não existe, Senadora Íris de Araújo. Não se criou um Ministro do Supremo Tribunal com seis estômagos e o trabalhador com um. Não foi assim que Deus fez.

A democracia, atentai bem, começou com um grito de liberdade e igualdade. Que igualdade é essa! Uns trabalham muito e não conseguem uma aposentadoria cem vezes menor do que as maiores.

Fraternidade! Foi esse o grito que o povo deu, buscando um regime melhor. E nasceu o governo do povo, pelo povo e para o povo.

Amanhã é sete de setembro, e eu trouxe Olavo Bilac: “Criança! não verás nenhum País como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste!”

Nós, 183 anos depois, somos dependentes dos credores. Este País tem um déficit, e não se pode alvoroçar de independência e comemorar, quando, ontem, o Senador do PT - e o PT tem gente que presta, poucos, muito poucos, mas tem, “em verdade em verdade vos digo” - Cristovam Buarque, olha o que S. Exª disse: “Temos 70 milhões vivendo de exclusão e na pobreza. É triste ver que, na véspera de completar 183 anos de independência, essa continue incompleta.”, frisou Cristovam Buarque. E diz S. Exª: “Quinze milhões não sabem ler.” É com isso que devíamos nos preocupar...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador, cinco minutos pelo Regimento e outros cinco pela bondade e a grandeza do Paraná, que V. Exª representa.

Então, o próprio Senador do PT reconhece:

Enquanto tivermos 15 milhões de adultos que não sabem ler, apenas um terço dos jovens ingressando no ensino médio e as Forças Armadas incapazes de garantir a segurança de uma nação, com uma das maiores extensões territoriais do mundo, não há como ter uma independência completa.

E aí todos nós recordamos determinados conceitos dessa luta de pátria. Senadora Iris, meditando ali, peguei um livro de antologia de frases sobre o poder. São autores desde Maquiavel, que foi o primeiro autor da época do Renascimento, escreveu o livro O Príncipe, um gênio que conviveu com Leonardo da Vinci, com Rafael, com Miguelangelo, com Dante Alighieri, e transformaram o mundo, fizeram renascer o mundo, foram eles que criaram a pólvora, a bússola para a globalização, a imprensa para a comunicação, então o reconhecimento.

São frases desde Maquiavel até o último presidente. Selecionei uma que ele escolheu sobre o Brasil, de Capistrano de Abreu, um homem muito conhecido que, em um dos seus pronunciamentos de que nunca me esqueci, disse que, na época dele, a saúde pública no Brasil era feita pelo sol e pela chuva. E ele dá um conceito sobre o Brasil: “Devia haver uma lei, apenas uma lei.”

A nossa Constituição, Senador Alvaro Dias, que é rasgada a cada instante, tem 250 artigos e Capistrano de Abreu sugere apenas um artigo, que acho resolveria o problema do nosso País, Senadora Iris.

Art. 1º Todo o brasileiro deve ter vergonha na cara.

Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.

Capistrano de Abreu.

Isso aqui é justamente o que falta no nosso Brasil e na nossa política, que apelidamos hoje de ética. Mas eu entendo que ética - e faço minha as palavras de Capristrano de Abreu - é vergonha na cara.

E eu faria uma emenda inspirada em Jesus Cristo, Senador Eduardo Siqueira Campos, uma emenda inspirada na Sagrada Escritura, que é o Livro de Deus que diz: “A quem tem muito, muito lhe é cobrado.”

Então, atentai bem! É para todo mundo ter vergonha na cara, e está no Livro de Deus, da Constituição de Deus: “A quem muito lhe é dado, muito lhe é cobrado.” E muito nos é dado. Atentai bem! Nós, Senador Edson Lobão, somos privilegiados, bem pagos, não tão bem pagos como o Poder Judiciário - o Brasil precisa saber a verdade -, não tão bem pagos. Uma das maiores vergonhas que o Poder Judiciário impingiu ao Presidente da Câmara foi humilhar-se e ceder a essa injustiça salarial.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Atentai bem! Peço um minuto de tolerância.

O povo do Brasil tem que cobrar muito mais a quem muito lhe é dado, muito lhe é exigido. São palavras da Sagrada Escritura. O povo brasileiro tem que cobrar muito mais de nós, do Congresso e dos Parlamentares.

Este País, que é cristão, deve se lembrar do Simbolismo: premiar os bons, simbolizando o céu; punir os maus, simbolizando o inferno.

Acho que esses privilegiados aqui, que se corromperam, que corromperam, que envergonharam, que rasgaram a Constituição, que nodoaram o Brasil, devem ser cassados e ameaçados pela verdade bíblica: “O inferno os espera.”

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, agradecendo pela sua generosidade em relação ao tempo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/2005 - Página 30323