Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a crise política do país. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre a crise política do país. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2005 - Página 30965
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ANUNCIO, REALIZAÇÃO, VOTAÇÃO, CASSAÇÃO, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, ACUSADO, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, REGISTRO, APRESENTAÇÃO, EMPRESARIO, CHEQUE, PROVA, PAGAMENTO, PROPINA, CONGRESSISTA.
  • REGISTRO, DECISÃO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, CONTRATAÇÃO, EMPRESA, INVESTIGAÇÃO, APURAÇÃO, COMPRA E VENDA, TITULO DA DIVIDA PUBLICA, FUNDOS, PENSÕES, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, IDENTIFICAÇÃO, REMESSA, DINHEIRO, BANCO ESTRANGEIRO.
  • COMENTARIO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, EMPRESA DE SEGUROS, ESTADO DE GOIAS (GO), ACUSAÇÃO, FAVORECIMENTO, LICITAÇÃO, VINCULAÇÃO, DESVIO, DINHEIRO, SETOR PUBLICO, UTILIZAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SOLICITAÇÃO, CONVOCAÇÃO, IRMÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ESCLARECIMENTOS, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje é mais um dia pesado. Hoje, Senador João Batista Motta, é um dia particularmente pesado porque se vota a cassação do Deputado Roberto Jefferson e hoje finalmente apareceu o cheque, o cheque que é o gran finale de uma novela anunciada. Não é a exibição de um cheque que teria sido endossado pela secretária do Presidente da Câmara, mas de um cheque que foi anunciado há algum tempo como existente, contestado pelo Deputado Severino Cavalcanti, e que finalmente foi exibido. Não sei qual vai ser a atitude do Presidente da Câmara, se será sensata, altiva - isso diz respeito a S. Exª -, mas alguma coisa tem que acontecer e vai acontecer.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos passando o tempo e vivendo dias pesados um após o outro. É um dia pesado após o outro. Anteontem estive, nesta mesma tribuna, falando sobre a paralisação do País. O País está parado, anestesiado pela crise que o Governo impôs, uma crise provocada pela ação aética do próprio Governo e do seu Partido. Estamos mergulhados em investigações e denúncias uma atrás da outra.

O caso do Deputado Severino - e eu falava sobre isso segunda-feira - desviou o foco do fato maior, que é a investigação do que está sendo observado na CPI dos Bingos, na CPI do Mensalão, na CPI dos Correios, que é o que a sociedade brasileira realmente deseja ver investigado.

O caso Severino tem que terminar. Penso que esse cheque seja a peça definitiva. De alguma forma vai ter que terminar e terminar logo, para que voltemos ao assunto principal, que é a investigação da probidade no serviço público brasileiro, do Governo do PT, que traiu a confiança do povo, que enodoou a administração pública do Brasil.

Ontem, fiz uma reunião na Liderança do PFL com Deputados e Senadores membros das três Comissões. Preocupados que somos com o pragmatismo das investigações, tomamos uma série de deliberações, como fazemos toda semana: a contratação, que tem que acontecer esta semana, de especialistas para que, feita a quebra do sigilo bancário da Leão&Leão, se possa oferecer os indícios que o Sr. Buratti disse que existiam na quebra do sigilo bancário da Leão&Leão e com as quais chegaríamos aos culpados. Era só seguir.

Como o nosso pessoal está assoberbado, decidimos, ontem, pedir ao Presidente da Casa e ao 1º Secretário a imediata contratação de uma empresa, cujo nome já identificamos, para que o trabalho técnico seja feito e para que possamos chegar às provas, às tão demandadas provas.

Decidimos também pela contratação de uma empresa que fará a investigação das operações de compra e venda de títulos públicos entre os fundos de pensão e as instituições financeiras, para que outras provas também possam ser produzidas a partir de um trabalho operado por políticos, parlamentares, com embasamento técnico dessas empresas, Sr. Presidente.

O terceiro ponto - o Senador Rodolpho Tourinho já está com esse trabalho todo esboçado - é a contratação, também, de uma empresa técnica de suporte internacional para identificação do trajeto do dinheiro remetido para os paraísos fiscais. Aí entra a importância da convocação, tão discutida, tão questionada, do doleiro Toninho da Barcelona. Ele vai ter que vir, sim, senhor. Pode ser bandido, pode não ser, ele tem coisa a dizer e vai ter que vir aqui dizer.

Faço este desabafo, Sr. Presidente, porque cada dia é mais pesado do que o outro. E hoje é outro dia pesado, porque estamos investigando uma série de fatos que começaram com a denúncia de Roberto Jefferson, envolvendo José Dirceu e Marcos Valério.

Pois estamos agora, a esta altura dos acontecimentos, Sr. Presidente, com outro affair José Dirceu-Marcos Valério, que é o assunto da Interbrazil. É outro. Todo dia que passa acontece um fato novo no campo do padrão ético quebrado pela corrupção. Agora, o assunto que começou com Roberto Jefferson, Marcos Valério, José Dirceu e Genoino evolui para o caso da Interbrazil.

Segundo denunciado pela imprensa, a Interbrazil é mais uma “fabriquinha”. Usando o quê? Uma estatal. A estatal pertence a quem? Ao País, ao contribuinte brasileiro. A Interbrazil é uma empresa particular que presta serviços no campo de seguros e que não existia praticamente até o ano de 2002. Senadora Iris de Araújo, ela é de Goiás, do Estado de V. Exª. Ela teve um lucro, em 2002, um ou dois anos depois de fundada, um lucro de R$24 milhões. Em 2003, teve um lucro de R$35 milhões e, em 2004, teve um lucro de R$62 milhões. Sr. Presidente, para uma empresa lucrar R$62 milhões, haja porte! O porte dessa Interbrazil - a Senadora Iris, que é de Goiás, deve poder testemunhar isso - é pouco mais do que nada. Na verdade, ela mexeu com dinheiro público. Isso vai ser investigado, e tem de ser feito oficialmente. A empresa fazia contratos claramente facilitados por empresas estatais. Foram mais de R$4 bilhões de seguros, que poderiam ter sido pagos ou feitos por R$3 bilhões ou por R$3,5 bilhões. Uma parte desse dinheiro público de estatais era desviado para campanhas do PT ou para satisfazer às exigências de um cidadão chamado Ademar Palocci, que foi Secretário da Prefeitura de Goiânia, petista, que era quem, segundo o Sr. Hélio Moreira Borges, também petista, também funcionário do Governo Municipal de Goiás, colega do Sr. Ademar Palocci, ordenava a quem o dinheiro da Interbrazil deveria ser pago, a quem deveria chegar o dinheiro da Interbrazil, que tinha origem em estatais, em seguros de estatais.

Sr. Presidente, chega de “fabriquinha”! Chega de tanto uso do patrimônio público em benefício de uma causa, que é a causa do PT! É uma boa causa? Creio que seja a pior das causas.

O Sr. André Marques é o Presidente da Interbrazil. Eu aqui queria só fazer uma ilação. Vejam como as coisas se repetem. Falamos no esquema de lixo que vem desde Santo André, Araraquara...

(Interrupção do som.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Já vou terminar.

Vem de Ribeirão Preto, vem de longe.

Agora o caso de Goiás. Vejam a similitude. O Sr. André Marques era o empresário que produzia o dinheiro a partir da sugação de dinheiro das estatais que segurava. O Sr. Ademar Palocci era o homem que dizia a quem deveria ser pago o dinheiro produzido pelos contratos do Sr. André Marques, e o Sr. Hélio Moreira Borges foi quem denunciou. O Sr. Hélio Moreira Borges foi o Roberto Jefferson da história. O Sr. André Marques é o Marcos Valério, o operador, e o Sr. Ademar Palocci é um misto de José Dirceu com Delúbio Soares. Ele tanto mandava, porque era diretor de uma estatal, da Eletronorte, que operava seguros e que contratava seguros, como mandava pagar. Ele contratava e mandava pagar.

Sr. Presidente, quero dizer a V. Exª que...

(Interrupção do som.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - ... manifestei, na reunião de ontem, minha posição contrária à convocação imediata do Ministro Palocci para depor na CPI dos Bingos. Até que a cadeia da quebra de sigilo bancário insinuada pelo Sr. Buratti seja feita, acho que não se deve convocar o Dr. Palocci, Ministro da Fazenda. Mas o irmão dele, não.

O Sr. Ademar Palocci é irmão de pai e mãe do Ministro da Fazenda. Não acredito que o Sr. Ademar Palocci fosse o que é, dirigente de uma estatal, se não carregasse esse sobrenome, se ele não fosse irmão do Ministro da Fazenda. Acho que ele não cometeria o dolo que se supõe está sendo cometido, e, para que se esclareça, sugiro aos meus companheiros, membros da CPMI dos Correios, que chamem o Sr. Hélio Moreira Borges, o Sr. André Marques e o Sr. Ademar Palocci para que esse caso a mais seja esclarecido, a bem do interesse nacional.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2005 - Página 30965