Pronunciamento de Jefferson Peres em 14/09/2005
Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre a possibilidade de afastamento do Deputado Severino Cavalcanti do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)
- Autor
- Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
- Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Considerações sobre a possibilidade de afastamento do Deputado Severino Cavalcanti do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/09/2005 - Página 30972
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
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- CRITICA, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, DENUNCIA, RECEBIMENTO, PROPINA, SUGESTÃO, AFASTAMENTO, CARGO PUBLICO, BENEFICIO, INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, como salientou o Senador Arthur Virgílio, desta tribuna, a vida política brasileira atravessa dias ominosos. Estamos em um momento muito ruim da história republicana, com o Presidente de uma das Casas do Congresso envolvido em um episódio vexaminoso, que lhe custará certamente o mandato. Não me lembro de outro Presidente, em pleno exercício das suas funções, que tenha vivido um episódio semelhante, Senador Tião Viana. Oxalá ele tenha bom senso, pelo menos - parece que não tem- de ou se afastar imediatamente do cargo até o final da investigação a ser feita pelo Conselho de Ética, ou mesmo renunciar, porque a posição dele insustentável.
Lamento que um político como ele tenha sido, Senador Gilberto Mestrinho, estimulado a ficar no cargo, segundo noticiário dos jornais, pelo Palácio do Planalto. Diz o noticiário de hoje que, ainda em Nova Iorque, Severino, por conselho de familiares, teria decidido pedir o afastamento e, depois de uma conversa com o Ministro Jacques Wagner, teria voltado atrás e decidido permanecer no cargo.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Jefferson Péres, dez segundos.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Pois não, Senador Arthur Virgílio.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu estava em Nova Iorque, e é verdade isso.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - É verdadeiro?
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - É verdade.
O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Então, Sr. Presidente, V. Exª que é uma das figuras respeitáveis e honradas do Partido dos Trabalhadores, é profundamente lamentável que, numa hora como esta, em que, acima de questões partidárias de Governo e Oposição, a sociedade brasileira exigia o afastamento do Presidente da Câmara, ele receber o socorro do Palácio do Planalto apenas para, talvez, desviar o foco de atenção da crise e, quem sabe, evitar a ascensão de alguém à Presidência, alguém que não fosse do agrado do Planalto. Mas, nessa ocasião, tivesse o Brasil um estadista à frente, teriam prevalecido os interesses do País. Não era o momento de sustentar o Sr. Severino Cavalcanti.
Espero, Sr. Presidente, que realmente a agonia do Presidente da Câmara seja abreviada e ele se afaste, porque, se ele permanecer no cargo, eu até convidaria o Senador Arthur Virgílio...
Senador Arthur Virgílio, se o Deputado Severino Cavalcanti teimar em permanecer no cargo, creio que é hora, sim, de, lembrando uma sugestão de V. Exª, nós, eu, V. Exª e outros, coletivamente, devolvermos ao Itamaraty a Ordem de Rio Branco. Severino nunca deveria tê-la recebido. Aliás, a dele em grau superior à minha.
Se ele se afastar, se ele tiver um final melancólico, Sr. Presidente, não seria um gesto nobre de minha parte devolver a medalha. Seria um homem vencido, caído. Mas se ele, arrogantemente, desafiar o Congresso e permanecer, é o que eu vou fazer, porque o mal que ele está causando a esta instituição e à classe política de todo o País, que já está ferida por essa crise, Sr. Presidente, o que ele está fazendo, realmente, é algo indesculpável.
Ele parece não ser um homem muito inteligente, certamente não tem preparo intelectual, mas não ter ao menos bom senso para presidir uma Casa e um mínimo de sensibilidade política para perceber o momento grave que estamos atravessando? Nós não podemos suportar isso, Sr. Presidente!
Vai ser necessária uma medida, um movimento coletivo, em massa até, de Senadores, mas ele não pode continuar à frente da Câmara dos Deputados. Isso é inadmissível para a sociedade brasileira!