Discurso durante a 160ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamenta a presença do Presidente Lula representando o Brasil na ONU, e critica a proposta que apresentou para acabar com a fome. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Lamenta a presença do Presidente Lula representando o Brasil na ONU, e critica a proposta que apresentou para acabar com a fome. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 16/09/2005 - Página 31085
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), NEGOCIAÇÃO, ACORDO, DESAPROPRIAÇÃO, REGISTRO, TENSÃO SOCIAL, ESTADO DA BAHIA (BA), INVASÃO, SEM-TERRA, PROPRIEDADE PRODUTIVA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, FAVORECIMENTO, MOVIMENTO TRABALHISTA, BUSCA, VOTO.
  • CRITICA, DESCRIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPRESENTAÇÃO, BRASIL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), FALTA, ASSESSORIA, PROPOSTA, TAXAS, PASSAGEM AEREA, AMBITO INTERNACIONAL, COMBATE, FOME, PROTESTO, INEFICACIA, PROPOSIÇÃO.
  • SUGESTÃO, COMBATE, FOME, RETIRADA, RECURSOS, LUCRO, BANCOS.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, aproveitando o discurso do Senador Suplicy, quero dizer que esta prática realmente seria útil se ocorresse no Brasil inteiro e se os juizes agissem como o Juiz Luiz Fux no caso que S. Exª apontou. Mas, na realidade, o que existe hoje no Brasil é a inquietude do Movimento dos Sem Terra, principalmente no sul da Bahia, invadindo fazendas produtivas e até fazendas clonadas há pouco tempo a fim de tumultuar o homem do campo, o agricultor que produz, enfim, tumultuar a vida do País e, mais ainda, ajudado por um Governo que quer pegar a sua base na CUT e no Movimento dos Sem Terra, sem falar nas benesses que produz para a UNE, a fim de que esta se junte ao grupo nesse confronto.

Mas, Sr. Presidente, o que me traz à tribuna é principalmente lamentar a presença do Senhor Presidente da República representando o Brasil na ONU. Que tristeza assistir à fala do Presidente da República, que, como solução, propôs US$2,00 nas passagens internacionais para acabar com a fome no mundo. Isso seria irrisório no Brasil, avaliem no mundo inteiro!

Que ridículo! Que falta de assessoria! Que tristeza para o País no maior fórum internacional do planeta! Por tudo isso, como brasileiro, fico sentido ao ver o ridículo em que está levando a Nação, no meio da ONU e de todos os países, o Presidente da República, pela sua incompetência e pela falta de conselheiros e até mesmo, e sobretudo, pela sua falta de consciência cívica.

Se ele quer acabar com a fome assim, ele que nada fez ainda por isso, porque o projeto de acabar com a fome no País e de diminuir a pobreza é de minha autoria, e nunca foi aplicado devidamente. Por isso, tenho autoridade para, neste instante, dizer que é ridículo o Presidente da República ir às Nações Unidas propor US$2,00 nas passagens aéreas internacionais para acabar com a fome. Com essa quantia, não acaba com a fome nem no Guará, quem dirá no Brasil inteiro!

Ora, Sr. Presidente, V. Exª, que é um quase companheiro de Partido do Presidente da República, poderia aconselhá-lo. V. Exª é um homem que tem boa inteligência e, sobretudo, amor às causas nobres, que representa e defende, não me deixe o Presidente da República sair assim. O Sr. Celso Amorim não tem força com o Presidente da República para dizer: “Não faça isso, Presidente, o senhor vai cair no ridículo”. Os outros ministros e presidentes da República estão rindo. Avalio o Presidente Bush, vendo esses US$ 2,00 nas passagens internacionais resolverem o problema da África. Não falo sequer do Brasil, mas essa é a proposta que sai da cabeça do Presidente da República.

Por tudo isso, quero, neste instante, lançar um protesto veemente. Nós, que lutamos para terminar com a fome, nós, que queremos que todos os recursos sejam empregados, inclusive com honestidade e seriedade, acabando com os Marcos Valérios, os Delúbios, etc., entendemos que esse dinheiro seria mais do que os US$2,00 da passagem.

Portanto, Sr. Presidente, já que o Presidente Lula não se aconselha com aqueles que podem lhe dar a oportunidade de dizer coisas sérias, por favor, que evite ir a esses fóruns internacionais, porque o Brasil não pode continuar passando o ridículo por que passa hoje, ao se apresentar na ONU.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Antonio Carlos Magalhães?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Permito, sim.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Magalhães, sabe V. Exª que a proposição que o Presidente Lula citou ontem leva em consideração o apelo que fez aos diversos chefes de Estado no sentido de que se empenhassem no combate à fome e à pobreza absoluta, objetivo que inclusive levou V. Exª a apresentar, aqui, o Fundo de Combate à Pobreza, objeto de atenção de nossa parte, inclusive na Comissão Especial formada pelo Congresso Nacional com essa finalidade. O Presidente Jacques Chirac anunciou iniciativa nesse sentido, para que todas as viagens internacionais realizadas pelos franceses passem a ter agora uma taxa com o objetivo de ajudar no combate à pobreza do mundo. Ora, o Presidente Lula, ao se solidarizar com esse objetivo, que também foi expresso e anunciado como lei pelo Presidente do Chile, Ricardo Lagos, dá mais um passo não para resolver o problema inteiramente. Eu gostaria que nós estivéssemos dedicando muito mais do nosso tempo e energia a esse tema do que o que temos feito em função de estarmos com as energias aqui voltadas tanto para apurar problemas. Mas isso também é nosso dever. O que quero salientar, Senador Antonio Carlos, é que o propósito do Presidente Lula guarda relação com o propósito de V. Exª...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Eduardo Suplicy, neste momento da sessão, na fala da Liderança, não seria permitido aparte. Eu permiti, atendendo ao apelo de V. Exª. Como se esgotou o tempo, vou dar mais dois minutos para que o orador conclua.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Agradeço a oportunidade, Senador Antonio Carlos.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Quero dizer ao Senador Eduardo Suplicy que nessa reunião não estava presente o Sr. Jacques Chirac. Não estava na ONU. Graças a Deus. Seria um a menos a rir do Brasil. Mas V. Exª ficaria muito mais satisfeito, e eu também, se ele tirasse dos lucros dos bancos que chegam a perceber R$3 bilhões num semestre; que tirasse daí pelo menos R$1 bilhão para dar ao combate à fome. Era por aí que iria fazer; se tirasse dos Ministros, se tirasse de nós, Parlamentares, uma quantia por menor que fosse em vez desses US$2 da passagem internacional. Isso só se for para fomentar as viagens dos Parlamentares ao exterior pelas comissões de turismo que até hoje, lamentavelmente, ainda infelicitam o nosso Parlamento. Talvez seja por aí. Mas que, pelo menos, nessas, tirem US$100.00.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/09/2005 - Página 31085