Discurso durante a 156ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do Padre Arnobio Patrício de Melo, em Aracaju, Sergipe.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do Padre Arnobio Patrício de Melo, em Aracaju, Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2005 - Página 30604
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SACERDOTE, EX VEREADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO, CIDADANIA.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, o Padre Arnóbio Patrício de Melo era uma figura conhecidíssima e querida não apenas em Aracaju, mas em todo o Estado. Era um homem identificado com as aspirações da nossa sociedade, preocupadíssimo com os problemas sociais da nossa terra. Basta dizer que ele implantou, em parceria com o Instituto Luciano Barreto, em 2003, uma escola de informática na igreja onde atuava para atender a mais de 300 jovens da comunidade, em que professava a religião católica como pároco de Orlando Dantas.

Ele sempre estava disponível e tinha uma visão muito ampla no sentido de levar educação, conhecimento e cidadania para os jovens. Sem dúvida alguma, a comunidade de Orlando Dantas, a comunidade de Sergipe vai continuar comprometida com o trabalho edificado por esse grande religioso, que deixou uma lacuna impreenchível no nosso Estado.

O Padre Arnóbio Patrício de Melo era natural de Camucim de São Feliz, em Pernambuco. Fez curso de Filosofia na Universidade Católica de Pernambuco. Em seguida, matriculou-se na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, no curso de Licenciatura Plena em Letras - Francês. Tornou-se ainda bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico Pio XI, da cidade de São Paulo.

Foi ordenado padre no dia 8 de dezembro de 1957, na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, em São Paulo. No ano seguinte, veio morar em Aracaju para desempenhar seu primeiro trabalho como padre, integrante da comunidade salesiana. Depois, morou em Recife e Salvador, voltando para Sergipe em 1966.

Na Prefeitura de Aracaju, ocupou o cargo de Secretário Municipal de Educação, na Administração do ex-Deputado Federal José Carlos Teixeira. Por dois anos, foi Secretário-Geral do Conselho de Cultura, no Governo Lourival Baptista. Foi Vereador durante doze anos na Câmara Municipal de Aracaju.

Teve também uma carreira bastante atuante como Professor, lecionando nos colégios de Aracaju: no Arquidiocesano, no Salesiano, no Colégio de Aplicação, no Atheneu, no Instituto de Educação Rui Barbosa, entre outros.

Srªs e Srs. Senadores, o jornalista e escritor Luís Antônio Barreto, um dos grandes estudiosos dos homens públicos de Sergipe disse, em síntese, num artigo que escreveu na imprensa sergipana sobre Arnóbio Patrício de Melo, quando ainda vivo:

Rotariano destacado, Arnóbio Patrício de Melo teve uma conferência, que pronunciou em Feira de Santana, na Bahia, publicada com o título de As Religiões e a Paz (Aracaju: Rotary Clube Aracaju Norte, 2003). É um texto de erudição, sem proselitismos, destinado a servir de base à reflexão sobre o fenômeno religioso, que acompanha a história humana. É, também, um texto de força didática, de leitura fácil e agradável, que não visa a converter, mas convencer com argumentos que dão à religião funções especiais, como a de prover a paz.

Quem conheceu o padre Arnóbio Patrício de Melo sabe da sua tolerância, da sua capacidade de argumentação, e das profundas bases de sua consciência moral, como homem de fé, como religioso, desdobradas nos seus trabalhos como professor, político, administrador, homem público. No Conselho Estadual de Educação, sua palavra ponderada, sua abertura para discussão do contraditório, deu oportunidades a que temas polêmicos fluíssem e tramitassem calmamente, sem vencedores e sem vencidos.

Seu livro é uma contribuição de excelência, franca e clara, que fortalece crenças e congrega crentes, de forma ecumênica, consistente, objetiva, afirmando que “a base mais consciente, o ponto de apoio mais sólido da Humanidade é a religião.” Ainda que a afirmativa possa gerar divergências de opinião, é com ela que ele dá o fecho de sua fé, evocando os cristãos dos primeiros tempos do cristianismo, diante das perseguições e das dificuldades, cantando e repetindo: “Os homens se agitam, mas Deus os conduz”.

Srª Presidente, esse foi Arnóbio Patrício de Melo, religioso, cidadão, querido e amado pelo povo de Sergipe e dos lugares por onde passou, deixando obras, trabalhos que tornaram sua passagem por este mundo um exemplo para todos os jovens de Sergipe e do Brasil.

A minha palavra, portanto, de homenagem a esse homem que congregou, em torno de si, todos os segmentos sociais e econômicos de Sergipe, que o admiravam, prestigiavam e respeitavam.

Casamentos, batizados, acontecimentos sociais sempre exigiam a presença e a palavra edificante, brilhante e corajosa, sempre alegre e oportuna, do Padre Arnóbio Patrício de Melo. A sua presença era uma verdadeira festa de alegria, que se traduzia em palavras que representavam, antes de tudo, a solidariedade humana, o jeito de conviver bem com o seu povo e o exemplo que dava aos jovens de como se portarem no dia-a-dia, na vida pública, no trabalho, no lar e na escola.

Por isso, Srª Presidente, quero deixar registrado este meu voto de pesar pelo falecimento de um homem tão ilustre e querido como foi o Padre Arnóbio Patrício de Melo, com quem convivi e de quem tive oportunidade de ser amigo.

Do seu enterro, na última sexta-feira, milhares e milhares de pessoas participaram. A Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi pequena devido à multidão que ali se concentrou para prestar a sua última homenagem ao Padre Arnóbio.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2005 - Página 30604