Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à execução orçamentária do Programa Primeiro Emprego, do Governo Federal.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE EMPREGO.:
  • Críticas à execução orçamentária do Programa Primeiro Emprego, do Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2005 - Página 31404
Assunto
Outros > POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATISTICA E ESTUDOS SOCIO ECONOMICOS (DIEESE), GRAVIDADE, DESEMPREGO, JUVENTUDE, REGIÃO METROPOLITANA, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, FAMILIA, BAIXA RENDA, PROTESTO, NEGLIGENCIA, GOVERNO FEDERAL, INFERIORIDADE, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), PROGRAMA, INCENTIVO, EMPREGO, FAIXA, IDADE, COMPARAÇÃO, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, PUBLICIDADE, BUROCRACIA, REGISTRO, DADOS.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, levantamento realizado pelo Dieese aponta que, no ano de 2004, brasileiros na faixa etária entre 16 e 24 anos representavam quase metade dos desempregados nas seis maiores regiões metropolitanas do País: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Essa situação é ainda pior nas capitais do Nordeste e, sobretudo, entre as famílias de baixa renda.

Essa pesquisa mostrou a faceta mais dramática do desemprego no Brasil: a taxa de desocupação do jovem é quase duas vezes maior do que a taxa de desocupação da população em geral. Estima-se que, entre os 3,5 milhões de desempregados existentes no ano de 2004, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, 1,6 milhão estavam entre 16 e 24 anos.

            É bom verificar a resposta do Governo para essa dramática situação: o Programa Primeiro Emprego, que lamentavelmente apresenta uma execução orçamentária sofrível e desastrosa, no exercício financeiro de 2004, no âmbito do Ministério do Trabalho, sob qualquer ângulo de gestão. Na ação "estímulo financeiro ao empregador para geração do primeiro emprego destinado a jovens", de um total autorizado de R$62.810.079,00, foram empenhados apenas R$2.257.036,47 e pagos apenas R$248.174,47. Portanto, Sr. Presidente, de R$62,8 bilhões consignados no Orçamento para a geração de emprego, por meio do Programa Primeiro Emprego, apenas R$248 mil foram disponibilizados.

Na ação "Publicidade de Utilidade Pública Nacional" observa-se a eficiência do Governo. Em matéria de publicidade, o Governo é eficiente demais - que o diga Duda Mendonça, com os seus milhões de dólares em um paraíso fiscal. Nessa ação, de um total de R$1.077.341,00 autorizados, foram empenhados e pagos R$592.775,13. Portanto, R$592 mil foram empenhados e pagos. Em matéria de execução orçamentária, na área de publicidade, o Governo é eficiente. A propaganda, é claro, é a alma do negócio na Gestão Lula.

Na ação "Gestão Administrativa do Programa Nacional", de caráter eminentemente burocrático, de um total autorizado de R$18,1 milhões, foram empenhados e pagos R$4,6 milhões. Em matéria de burocracia, também, o Governo é mais eficiente do que na área social, sobretudo na área de geração de empregos.

Na ação "Concessão de Auxílio Financeiro a Jovens Habilitados ao Primeiro Emprego Inseridos no Serviço Voluntário Nacional", de um total autorizado de R$30.320.243,00, foram empenhados R$11.261.400,00 e pagos apenas R$6,249 milhões.

No balanço da execução orçamentária do Programa Primeiro Emprego, em 2004, do total autorizado (R$160.626.710,00) apenas 20% foram efetivamente pagos (R$32.608.145,46). Portanto, apenas R$32 milhões de R$160 milhões. Isso revela a incompetência de execução orçamentária, resultante da incompetência administrativa desse Governo.

Além disso, apenas 0,39% do que foi autorizado como dotação para a principal ação do Programa Primeiro Emprego (Estímulo Financeiro ao Empregador) foi pago. O autorizado era R$62,81 milhões e foram pagos apenas R$248 mil.

A execução orçamentária do Programa Primeiro Emprego, no exercício financeiro de 2005, continua claudicante. Não há avanço algum, não melhorou o desempenho do Governo. A execução orçamentária continua um desastre. Repetindo o mesmo erro cometido em 2004, a execução da principal ação do Programa, Estímulo Financeiro ao Empregador, de um total autorizado de quase R$60 milhões, foram pagos apenas R$471.650,00 até o último dia 17 de setembro.

Na ação "Qualificação e Assistência Técnica ao Jovem", de um total autorizado de mais de R$15 milhões, apenas R$53 mil foram pagos. Até o dia 17 de setembro, apenas 13,9% do total autorizado foram pagos.

Portanto, Sr. Presidente, essa é a justificativa para esse caos, em matéria de geração de emprego, pelo Governo Lula. E nós somos obrigados a ouvir constantemente comemorações indevidas e aplausos ao Governo, que estaria gerando empregos. É evidente que não estamos cobrando a promessa de campanha do PT de gerar dez milhões de empregos, mas o que não podemos admitir é que o Governo seja tão incompetente, tão ineficaz, em matéria de aplicar recursos disponibilizados no Orçamento, em uma área essencial ao desenvolvimento econômico do País, com justiça social, que é a área de geração de empregos, sobretudo para os jovens. Daí a importância do Primeiro Emprego e dos recursos disponíveis, que lamentavelmente entra em contradição com um desempenho deprimente, medíocre mesmo, do Governo Lula em matéria de geração de emprego nessa faixa etária.

Muito obrigado, Sr. Presidente.  


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2005 - Página 31404