Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A propagação pelo Governo de números mágicos que não condizem com a realidade.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. DESEMPREGO.:
  • A propagação pelo Governo de números mágicos que não condizem com a realidade.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2005 - Página 31503
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. DESEMPREGO.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EFICACIA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, BENEFICIO, EXCLUSIVIDADE, ATENDIMENTO, INTERESSE, ESTRANGEIRO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INSUFICIENCIA, MERCADO DE TRABALHO, JUVENTUDE, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATISTICA E ESTUDOS SOCIO ECONOMICOS (DIEESE).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo petista do Presidente Lula, apesar de muito próximo do fim, ainda insiste em propagar números que não correspondem à realidade do chamado estado da Nação.

            Uma coisa é o que diz o Governo, inclusive com certa insistência aqui neste Plenário. Outra, é o reverso da propaganda de Lula, um quadro nada fácil para a população.

            Se alguém é beneficiado com os continuados recordes da balança comercial, com exportações em alta, ou com o crescimento da Bolsa de Valores, são os estrangeiros. Como aliás informa o noticiário de hoje da Folha de S.Paulo:

           MERCADO FINANCEIRO

Emissão em reais é vista com otimismo, e Bovespa avança 0,87%; dólar fecha abaixo de R$2,30.

Estrangeiro leva Bolsa a superar 30 mil pontos

FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

Para os brasileiros, nada. Principalmente para os jovens, ansiosos por uma vaga no apertado mercado de trabalho brasileiro.

É o que diz ainda a Folha de S.Paulo, que, ao contrário do Governo Lula, usa dados estatísticos confiáveis, como os do IPEA, do IBGE e do DIEESE.

TRABALHO

         Dieese diz que quadro "assusta" e vê dificuldade em absorver mão-de-obra.

Jovens entre 16 e 24 anos são 46% dos desempregados

            BRUNO LIMA

            DA REPORTAGEM LOCAL

            Na edição de hoje do Correio Braziliense, a manchete de página inteira, que desmente os róseos acenos do Governo Lula:

            GERAÇÃO SEM FUTURO

            Estudo do IPEA aponta a existência de

            11,7 milhões de jovens brasileiros

            vivem na pobreza.

            E mais:

            Estudo destaca o fracasso das políticas

            de acesso às salas de aula.

            Segundo o estudo do IPEA, que estou anexando a este pronunciamento, “para 11,7 milhões de brasileiros entre 15 e 24 anos, a juventude não é apenas a fase de transição à idade adulta, mas uma época de privações de suas necessidades mais básicas.”

            Na Folha de S.Paulo e no Correio Braziliense, a pesquisa do Dieese ganha destaque. Ela mostra que “os jovens brasileiros são os mais prejudicados pelas altas taxas de desemprego do País.”

            Os dados mostram que as pessoas com idade entre 16 e 24 anos representam 46,4% do total dos desempregados nas seis Regiões Metropolitanas mais importantes do Brasil.

            Pode-se concluir que o Governo Lula dispensa pouca atenção e quase nada em oportunidades educacionais aos jovens.

            Era o que eu tinha a dizer.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Anexos.”

TRABALHO

Dieese diz que quadro "assusta" e vê dificuldade em absorver mão-de-obra

Jovens entre 16 e 24 anos são 46% dos desempregados

         BRUNO LIMA

         DA REPORTAGEM LOCAL

            Do total de desempregados existentes no ano passado no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, 46,4% tinham entre 16 e 24 anos, revela estudo divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Trata-se de 1,6 milhão de jovens procurando trabalho em um universo de 3,5 milhões de desempregados.

            Em São Paulo, enquanto a taxa de desemprego na população total (maior de 16 anos) era de 18,1%, na faixa etária entre 16 e 24 anos o número chegava a 32,6%. Os piores índices aparecem entre os 16 e os 17 anos, com um quadro de 52,9% de desempregados.

            O maior índice de desemprego entre os jovens aparece em Salvador (42,8%), e o menor, em Porto Alegre (29,3%). Nas seis regiões, o desemprego atinge mais as mulheres -em Recife, são 48,2% das jovens (contra 36,2% deles).

            O quadro mais igualitário é o do Distrito Federal, com 39,2% de desemprego entre as mulheres de 16 a 24 anos e 34% entre os homens. A maior diferença observada aparece na capital gaúcha, dez pontos percentuais a mais na taxa feminina (34,7% contra 24,7%).

            Para o Dieese, que faz o estudo pela primeira vez, a manutenção de taxas elevadas de desemprego nessa faixa etária, particularmente entre as mulheres, evidencia a incapacidade de absorção do crescimento da oferta de força de trabalho. "Todo mundo sabe que é difícil para o jovem trabalhar. Mas, ao olhar os números, nos assustamos com o tamanho da dificuldade", diz Patrícia Lino Costa, economista do Dieese.

            Em São Paulo, segundo o estudo, 50,4% dos jovens entre 16 e 24 anos só trabalham ou só procuram trabalho. Os que estudam e trabalham ao mesmo tempo são 24,6% dos jovens entre os 25% mais ricos e apenas 6,7% entre os 25% mais pobres. "Isso significa que o jovem de baixa renda desiste de estudar e acaba reproduzindo a situação de pobreza, inserindo-se no mercado de trabalho de forma mais precária. É a retroalimentação da pobreza", afirma.

            Valor do trabalho.

            Para o professor de economia da Unicamp José Dari Krein, o desemprego e o rebaixamento no mercado de trabalho tiram do jovem a perspectiva de pensar seu futuro por meio da inserção no mercado de trabalho. "O trabalho, como valor de construção da identidade, fica questionado. É como jogar fora uma parte considerável da população que seria útil e poderia estar engajada na construção de um país melhor."

            Já o economista Hélio Zylberstajn, da USP, adverte que o estudo do Dieese de fato não questiona quantos dos jovens que não estudam (e trabalham ou procuram emprego ou nem sequer procuram) gostariam de estar na escola.

            Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Trabalho, do Ministério do Trabalho, diz que, embora não tenha havido grandes avanços do programa Primeiro Emprego, porque no país "não há tradição de estágio", há iniciativas bem-sucedidas. Ela cita os consórcios que integram jovens a ONGs, que já beneficiaram 39 mil jovens e deram trabalho a 12 mil deles. Segundo o governo, o total de beneficiados pelo Primeiro Emprego é de 360,4 mil.

            Saldo da balança já passa de US$31 bi

            DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

            Apesar da queda do dólar, as exportações brasileiras têm mantido o vigor. A balança comercial registrou superávit de US$ 1,302 bilhão na terceira semana deste mês (dias 12 a 18). Os números foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento.

            O saldo é resultado de exportações de US$2,840 bilhões e importações de US$1,538 bilhão. As vendas externas cresceram 51,7% em relação à semana anterior.

            Houve crescimento expressivo (51%) também nas compras brasileiras na mesma comparação. Embora elevado, o saldo não supera o recorde semanal da balança, que é de US$1,333 bilhão, registrado na segunda semana de julho. Com o resultado divulgado ontem, o superávit da balança comercial já supera US$31 bilhões no acumulado do ano.

            De janeiro até a terceira semana deste mês, o saldo está positivo em US$31,031 bilhões, volume 30% superior a igual período de 2004, de US$23,921 bilhões.

            As vendas ao exterior somam até agora US$81,863 bilhões, com expansão de 23% sobre o mesmo período do ano passado. Já as importações totalizam US$50,832 bilhões, apontando avanço de 19,1% na mesma comparação.

            A cotação do dólar estava em R$2,933 no início de setembro do ano passado. Ontem, a divisa fechou cotada a R$2,296, o que representa desvalorização de 21,7% em pouco mais de um ano.

            Os exportadores têm argumentado que a queda do dólar reduz a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

            MERCADO FINANCEIRO

Emissão em reais é vista com otimismo, e Bovespa avança 0,87%; dólar fecha abaixo de R$2,30.

Estrangeiro leva Bolsa a superar 30 mil pontos

            FABRICIO VIEIRA

            DA REPORTAGEM LOCAL

            A Bolsa de Valores de São Paulo superou, pela primeira vez em sua história, os 30 mil pontos. No pregão de ontem, a Bovespa subiu 0,87% e levou os ganhos acumulados no mês a 7,24%.

            A inédita captação realizada ontem pelo governo brasileiro no exterior ajudou a fazer a Bovespa se descolar do mercado acionário norte-americano, que teve um dia de baixas. Os investidores se surpreenderam com a demanda pelos títulos brasileiros em reais.

            "Foi melhor do que muitos esperavam. Os investidores demonstraram muito apetite pelos papéis brasileiros. E, ao comprarem um título denominado em reais, mostram que acreditam que o real não sofrerá nenhuma desvalorização expressiva", afirma o economista Luiz Fernando Lopes, do Pátria Banco de Negócios.

            O dólar caiu 0,13% e encerrou o dia vendido a R$2,296.

            O risco-país brasileiro desceu mais um pouco e chegou ao fim das operações de ontem a 364 pontos (1,09% abaixo do fechamento de sexta-feira).

            Virada

            A participação dos estrangeiros foi fundamental para empurrar a Bovespa a seu novo pico histórico -que passou a ser os 30.076 pontos de ontem-, avalia André Castro, gestor de renda variável da Sul América Investimentos.

            O balanço dos negócios feitos pelos estrangeiros no mês estava negativo em R$47,51 milhões -ou seja, os investidores mais venderam que compraram ações- no dia 9. Mas esse saldo virou: no acumulado até o dia 15, as compras passaram a superar as vendas em R$185,95 milhões.

            As operações feitas pelos estrangeiros representam, em 2005, 32% dos negócios realizados na Bolsa paulista e representam a principal fatia de investidores.

            Na sexta-feira, quando os analistas passaram a considerar próxima a emissão inédita do governo concluída ontem, os diferentes segmentos do mercado financeiro responderam positivamente.

            No pregão da Bovespa de ontem, a ação preferencial da Petrobras foi a mais negociada, ao movimentar R$ 193 milhões. A ação teve valorização de 2,84%.

            Com a Bolsa em um nível nunca antes atingido, fica a dúvida se este seria um bom momento para o pequeno investidor entrar em um fundo de ações.

            "Depois de um movimento forte de alta da Bolsa como o verificado recentemente e com as taxas de juros ainda muito elevadas, talvez não seja o melhor momento para entrar no mercado acionário.",


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2005 - Página 31503