Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

O desgaste da imagem do Congresso Nacional perante a opinião pública. (como Líder)

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.:
  • O desgaste da imagem do Congresso Nacional perante a opinião pública. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2005 - Página 31742
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
Indexação
  • GRAVIDADE, PREJUIZO, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, CONGRESSO NACIONAL, NECESSIDADE, RECUPERAÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, COMPROMISSO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
  • REGISTRO, SESSÃO CONJUNTA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), MESADA, OCORRENCIA, AGRESSÃO, MULHER, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, HELOISA HELENA, SENADOR, HOMENAGEM, LEITURA, TRECHO, OBRA LITERARIA.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Com revisão do orador.) - Muito obrigado.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as instituições públicas, os Partidos políticos e os políticos de forma geral estão tremendamente desgastados. A imagem do Congresso Nacional está no chão. Temos essa tarefa essencial de recuperação da credibilidade perdida. É evidente que uma manifestação como a da Senadora Ideli Salvatti nos anima a acreditar que as nossas convicções políticas, divergentes, que se opõem no legítimo terreno da disputa política, não podem, de forma alguma, sustentar a inverdade, sobretudo quando ela compromete a imagem de pessoas de bem.

Confesso, Sr. Presidente, não vou obviamente perder tempo com essa questão já esclarecida pela Senadora Ideli Salvatti, mas confesso a minha preocupação em relação ao ocorrido ontem na CPMI dos Correios e na do Mensalão. É fundamental que uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito adquira e se sustente com credibilidade para alcançar os seus objetivos definidos. Ontem, as duas Comissões reunidas - aliás, é bom que o exemplo nos ensine: não devemos mais reunir conjuntamente -, proporcionaram um espetáculo da imaturidade política. Venho à tribuna, em nome do PSDB, para condenar aquele espetáculo de imaturidade política e, sobretudo, para condenar a agressão à mulher. Agressão que, lamentavelmente, de forma despropositada, revelando mediocridade política, atingiu a Senadora Heloísa Helena. Não apenas agressão verbal, agressão física, se ela não se consumou, tentou-se partir para a agressão física, como forma de calar a brava Senadora Heloísa Helena. Certamente S. Exª vive momentos de constrangimento, foi exposta. Obviamente, foi utilizada, para que se submetesse o Parlamento a mais um desgaste de imagem. Mas estamos aqui exatamente para preservá-la e defendê-la diante desse constrangimento.

Concluímos que a agressão, além de atingir uma Parlamentar que cumpre o seu dever com estoicismo, atinge a mulher brasileira, aqui representada, com tanto valor, brilho, inteligência e ousadia, pela Senadora Heloísa Helena.

Até peço licença poética a dois grandes vultos da poesia: Cora Coralina e Manoel Bandeira, para reverenciar a Senadora Heloísa Helena, vítima dessa agressão sem precedentes.

Inegavelmente, a Senadora sabe dignificar a condição de mulher. E busco esse escrito de Cora Coralina para afirmar que a Senadora se fez pedra de segurança “dos valores que vão desmoronando”. Não aceitou as contradições, lutas e pedras, transformou-as em lições de vida.

E há um poema de Manuel Bandeira que traduz bem o sentimento, Senador Geraldo Mesquita Júnior, dos amigos da Senadora Heloísa helena, de seus admiradores pelo País afora. E peço permissão ao Presidente para fazer a leitura de alguns trechos desse poema denominado “Em estrela da vida inteira”, de 11 de junho de 1920:

(...)

O que eu adoro em ti,

Não é a tua inteligência.

Não é o teu espírito sutil,

Tão ágil, tão luminoso,

Nem a tua ciência

Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,

Não é a tua graça musical,

Sucessiva e renovada a cada momento,

Graça aérea como o teu próprio pensamento,

Graça que perturba e satisfaz.

O que eu adoro em ti,

Não é a mãe que já perdi.

Não é o irmão que já perdi.

E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,

Não é o profundo instinto maternal

Em teu flanco aberto como uma ferida.

Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!

O que eu adoro em ti, é a vida.

É a homenagem do PSDB à Senadora Heloísa Helena.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2005 - Página 31742