Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade à Senadora Heloísa Helena por dissabores enfrentados ontem em sessão conjunta de duas CPMIs. (como Líder)

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.:
  • Solidariedade à Senadora Heloísa Helena por dissabores enfrentados ontem em sessão conjunta de duas CPMIs. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Mão Santa, Sibá Machado, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2005 - Página 31746
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, HELOISA HELENA, SENADOR, VITIMA, AGRESSÃO, SESSÃO CONJUNTA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), MESADA, AGRADECIMENTO, APOIO, CONGRESSISTA, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC. Pela Liderança do P-SOL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estava atento ouvindo o primeiro pronunciamento do Senador Alvaro Dias, que não me surpreendeu, diga-se de passagem, em se tratando de S. Exª , um Senador correto, distinto e educado, que aqui declinou sua solidariedade e fez uma espécie de desagravo ao ato de provocação perpetrado ontem por um Parlamentar cuja estatura é do nível de um meio-fio. O Senador solidarizou-se com uma Parlamentar que, mesmo de outro partido que não o dele, respeita como uma pessoa aguerrida, correta, séria e compenetrada com as suas obrigações.

Enquanto o Senador Alvaro Dias pronunciava seu discurso, liguei para a Senadora Heloisa e disse: “Senadora, seu companheiro Alvaro Dias está falando a seu respeito”. Ela disse: “Peça desculpas pela minha ausência, estou na Comissão Parlamentar de inquérito inquirindo um dos diretores dos Correios” e mandou um abraço de agradecimento às palavras do Senador Alvaro Dias, algumas das quais pude reproduzir pelo telefone. Da mesma forma, também não me surpreendeu o que disse há pouco o Líder, Senador José Agripino, grande amigo da Senadora Heloísa Helena, de partido diverso, é claro, mas de convívio harmonioso, respeitoso, no campo pessoal e político nesta Casa.

Portanto, em nome do P-SOL, em nome da Senadora Heloísa Helena e em meu próprio nome, quero...

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Geraldo Mesquita, V. Exª me permite um aparte?

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Eu gostaria de me associar a todos esses Senadores. Apesar de apenas alguns se expressarem, é unânime na Casa um sentimento de revolta e de solidariedade à Senadora Heloísa Helena. Com certeza, as idéias de S. Exª nem sempre coincidem com as minhas e com as de outros Senadores que aqui se manifestaram, mas a sua personalidade, a sua dignidade e a sua atitude e respeitabilidade não estão, em momento algum, em jogo em toda essa questão; pelo contrário. Por mais ferrenhas e profundas sejam as diferenças, o respeito que temos pela figura dessa guerreira é muito grande. Confesso que vi a discussão pela televisão, mas, hoje pela manhã, quando li no jornal a agressão que S. Exª tinha sofrido, realmente minha revolta foi profunda. Até pensei se não seria o caso de esse Parlamentar, cujo nome não vale a pena citar aqui... Aliás, falo também em nome do Senador Arthur Virgílio que já deve ter se manifestado pessoalmente, mas que me ligou de Manaus, absolutamente revoltado, mandando mencionar a atitude covarde do Deputado, que a agrediu de forma violenta e baixa; e que, em determinado momento da reunião da CPI dos Bingos, quando quis provocá-la e teve um revide à altura, não teve a mesma coragem nem a mesma audácia, mostrando outra faceta de covardia, o que é realmente lamentável. Portanto, desculpe-me por interromper sua palavra, mas eu não poderia deixar de falar também e deixar aqui a minha palavra de solidariedade à nossa querida Senadora por essa agressão realmente inaceitável dentro desta Casa.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Senador Tasso Jereissati, por mais que me esforçasse aqui não diria, acerca da Senadora Heloísa Helena, o que V. Exª acaba de dizer: da pessoa que é, da pessoa íntegra, da pessoa correta, da política dedicada a seus afazeres - tanto assim que está lá na CPI neste momento. S. Exª saberá, com certeza, de sua palavra, bem como das palavras do Senador José Agripino. Já reportei, inclusive, as palavras gentis e carinhosas do Senador Alvaro Dias.

E concordo com o que V. Exª diz: em se tratando da Senadora Heloísa Helena, o sentimento aqui é geral. Não se podem admitir mais comportamentos dessa natureza, com Parlamentares desesperados, aqueles que perderam o rumo, envolvidos na sua própria incompetência, na sua própria alopração, adentrando pela área da corrupção, metendo a mão no dinheiro público. É o caso do Parlamentar autor da agressão pessoal à Senadora Heloísa Helena. O Senador José Agripino tem razão quando diz que foi agressão à mãe, à mulher. Mal sabe que correu um sério risco. Equivocado como estava, na vã suposição de que poderia tripudiar sobre S. Exª, por ser mulher, correu sério risco de sair machucado e chamuscado. A Senadora Heloísa Helena, assim como é valente na política, é valente também pessoalmente - e, quanto a isso, ninguém pode tirar as suas razões.

Agradeço, portanto, sensibilizado as manifestações de apreço e carinho e de solidariedade para com a Parlamentar, de quem tenho a honra de me perfilar como companheiro de Partido.

Ouço o aparte do meu querido companheiro Sibá Machado e, também, do Senador Eduardo Suplicy, que, lá do fundo do plenário, acena para se manifestar.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador, terei de prorrogar, porque eu gostaria...

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Com a grandeza e a benevolência do Presidente, esse grande representante do Estado de São Paulo, Senador Romeu Tuma, que tem o coração maior que ele próprio.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Antes de V. Exª conceder o aparte, vou prorrogar. Ontem ouvi a CBN noticiando o entrevero, mas, quando cheguei, já havia terminado; a Deputada Laura Carneiro já havia retirado a Senadora Heloísa Helena do local. Depois conversamos. À noite, ouvi o noticiário com mais tranqüilidade e calma.

Há uma angústia profunda, mais do que revolta pela indelicadeza, pela falta de dignidade e de respeito com que aquele Deputado ofendeu moralmente a Senadora, que é uma pessoa doce, amável, amiga, que nos trata com muito carinho. Queixei-me ontem de dores no joelho, e S. Exª disse-me: “Não se esqueça de que sou uma boa enfermeira”. É uma enfermeira da alma.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - É verdade.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Minha mulher ligou, chorando vigorosamente, em protesto ao que tinha acontecido. Não podemos mais admitir nem aceitar que essas coisas se repitam nesta Casa! Esse Deputado tem de ser processado, como disse o Senador Tasso Jereissati. Não há que se tolerar atitudes como essas dentro deste Parlamento. V. Exª desculpe-me a emoção.

Continua V. Exª com a palavra.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Senador, agradeço, sensibilizado, a sua manifestação. Muito obrigado.

Concedo um aparte ao Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Geraldo Mesquita, também agradeço a tolerância da Mesa. O assunto foi iniciado desde ontem e, acredito, ainda não está concluído. Volto a dizer que não participei das reuniões da CPI nesta semana. Não tive possibilidade, mas ouvi a respeito pela televisão. Hoje, ouvi comentários no rádio, pois tenho a mania de ouvir rádio. Acompanho quase diariamente o jornal da CBN, de manhã cedo. É a primeira coisa que faço quando acordo, e os comentários são os mais variados possíveis. Sou uma pessoa que não viu e que não ouviu, mas quero acreditar nas palavras da Senadora Ideli Salvatti, que travava naquele momento um debate político. S. Exª sentiu-se agredida por um Parlamentar do PSDB, que também estava até aquele momento: embora tenha baixado o tom, não melhorou a qualidade do tratamento, segundo pude interpretar. Naquele momento, não havia necessidade alguma, conforme a própria Senadora Ideli Salvatti relatou, de terceiras intervenções. Quero crer tenha havido um exagero de parte de um Parlamentar. Senador Geraldo Mesquita, não pode ser tratado esse assunto como uma regra por parte de nossa Bancada. Há um exagero. Também acho que a temperatura das reuniões da CPIs em alguns momentos tem se elevado, exaltando os ânimos de algumas pessoas. Inclusive eu, no começo, exaltei-me um pouco. Tenho procurado manter-me sereno, porque não é do meu jeito de ser agir daquela forma. Tenho procurado permanecer como realmente sou. Vou tentar procurar o Líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados, vou ouvir o que estão pensando, como vai ser, assim como vou procurar o Deputado Eduardo Valverde. É uma pessoa que conheço há algum tempo, foi sindicalista no Estado de Rondônia quando eu também o era no Estado do Acre, e sei que não é esse o comportamento do Deputado. Porém, não podemos deixar essas coisas virarem uma normalidade, porque depõem demais, pesam demais contra um relacionamento qualquer. Aqui, há o debate de idéias, e as pessoas podem expor-se como quiserem. No entanto, baixar para outro rumo desqualifica, não pega bem para ninguém, e não podemos deixar que isso aconteça. O compromisso que posso assumir com V. Exª, com a Senadora Heloísa Helena é de que esse tratamento não pode ser regra absolutamente. Comprometo-me a procurar o Líder de nossa Bancada na Câmara para ouvir que procedimentos e tipos de entendimentos podem ser adotados com relação a esse episódio.

            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Muito obrigado, Senador Sibá Machado.

            Vou conceder um aparte ao Senador Eduardo Suplicy e, em seguida, ao Senador Mão Santa. Depois vou encerrar, Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, embora eu estivesse ontem no recinto da CPMI, eu estava relativamente longe de onde ocorreu aquela discussão, aquela troca rápida de ofensas e até quase um início de tapas entre o Deputado Eduardo Valverde, a Senadora Heloísa Helena e o Deputado João Fontes e não pude perceber o conteúdo ofensivo de palavras que hoje surgiram na imprensa. Quero aqui externar, como V. Exª e os demais, solidariedade à Senadora Heloísa Helena, porque não considero próprios os termos usados pelo Deputado Eduardo Valverde para referir-se a uma Parlamentar, que, em tendo sido do nosso Partido e em sendo hoje do P-SOL, não poderia ser tratada daquele modo. Podemos debater aqui as matérias e às vezes até divergir, mas sempre em termos elevados. Nenhuma pessoa, mulher ou homem, poderia ser colocada naqueles termos. E aqui, no Parlamento, nenhuma mulher, diz o Senador Tasso Jereissati, e também nenhum homem poderiam ser objeto de uma referência ofensiva como aquela, ainda mais porque não há sentido, não há veracidade naquela afirmação ofensiva. Sou testemunha dos episódios que aqui ocorreram à época da cassação do Senador Luiz Estevão e pude testemunhar a seriedade de propósitos e de ação da Senadora Heloísa Helena, que, naquela ocasião, era do Partido dos Trabalhadores. Quero também dialogar com o Deputado Eduardo Valverde sobre os procedimentos. Avalio que todos nós aqui devemos ter a atitude de apurar inteiramente a verdade dos fatos. Ontem, houve exageros de ambas as partes. Alguns Parlamentares divulgaram suas conclusões sobre aquilo que ainda é objeto da averiguação. A prudência e a responsabilidade a todos nós é recomendável.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Muito obrigado, Senador Eduardo Suplicy.

Para não abusar da paciência do Presidente Romeu Tuma, concedo um aparte ao Senador Mão Santa para que encerremos esse episódio.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Sr. Presidente Romeu Tuma e Senador Geraldo Mesquita Júnior, eu não poderia deixar de trazer minha solidariedade e a de todo o Piauí a esta mulher batalhadora, Heloísa Helena. Serei muito breve. Em um momento como esse, só imitando Cristo, que disse: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”, nem o que dizem. A Senadora Heloísa Helena não só conquista todos nós como também o povo brasileiro, tanto que, em quase todos os e-mails que recebo, as pessoas elogiam a sua conduta, a sua luta e os seus sentimentos. Quis Deus que eu estivesse aqui, Senador Tuma. E peço a Ele que o proteja dos malfeitores desta República. Que São Francisco o proteja, já que V. Exª combina tanto com a Senadora Heloísa Helena. Ontem, tive o prazer de assistir a uma reportagem da Rita Lee, em que ela enaltece o nome da Senadora Heloísa Helena e o meu também. Penso que o problema da Senadora Heloísa Helena está resolvido, porque, como todo cristão, ela reza o Pai-Nosso, que diz: “Perdoai as nossas ofensas”... Essas são as palavras de solidariedade do Piauí. Entendo que V. Exª falou muito bem dos sentimentos e que V. Exª representa, sem dúvida nenhuma, o símbolo da ética no Senado, portanto, saberá encaminhar os trabalhos para que isso não se repita.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Estou grato, Senador Mão Santa.

Para encerrar, Senador Romeu Tuma, quero registrar um apelo, de forma bem clara, no sentido de que situações como essa não ocorram mais. Esse comportamento não nos intimida. O Senador Sibá tem razão. Acredito em S. Exª, que é uma pessoa séria, um Senador correto. Não posso crer que isso seja fruto de uma orientação partidária, não quero crer, não posso crer em uma coisa dessas.

Mesmo que outros pitbulls aqui, avulsos ou não, continuem provocando, tentando mudar o foco das investigações, tentando nos afastar do caminho correto da investigação e da apuração desses fatos escabrosos que estarrecem o País, não vão nos intimidar. Esses pitbulls terão os dentes arrancados e serão colocados no seu devido lugar. Querem intimidar, Senador Romeu Tuma, os Parlamentares do P-SOL, Parlamentares sérios desta Casa, que participam das CPIs e querem investigar com seriedade os fatos denunciados. O PT e outros Partidos participaram dessa tramóia toda, passaram um tempão urdindo, planejando e agora pretendem que, em um piscar de olhos, apuremos as responsabilidade e punamos quem deve ser punido.

Vamos levar o tempo que precisarmos para apurar as denúncias, porque essas pessoas não podem continuar impunes.

Senador Romeu Tuma, peço desculpas por ter me estendido tanto e agradeço a tolerância de V. Exª, que é sensível ao tema.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2005 - Página 31746