Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, no Maranhão, da primeira Conferência Estadual de Cultura.

Autor
Ribamar Fiquene (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: José de Ribamar Fiquene
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Registro da realização, no Maranhão, da primeira Conferência Estadual de Cultura.
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2005 - Página 31767
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • ELOGIO, GOVERNADOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA), INICIATIVA, CONFERENCIA, CULTURA, AMBITO ESTADUAL, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, ARTISTA, PRE REQUISITO, PARTICIPAÇÃO, CONFERENCIA NACIONAL, ELABORAÇÃO, POLITICA NACIONAL.
  • DETALHAMENTO, RIQUEZAS, CULTURA, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. RIBAMAR FIQUENE (PMDB - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero externar minha satisfação e explicitar meu aplauso ao Governador em exercício do meu Estado do Maranhão, Dr. Jura Filho, pela decisão de assinar decreto pelo qual determina a realização da 1ª Conferência Estadual de Cultura. A Conferência deverá realizar-se no dia 30 de novembro do corrente ano. O gesto do Governador traduz a sensibilidade e a compreensão do que a cultura representa na vida de um povo. A assinatura do decreto é também o resultado do apelo feito ao jovem Governador por um grupo de artistas e militantes culturais com quem o Governador se reuniu. Sem essa iniciativa, o Maranhão corria o risco de não participar da 1ª Conferência Nacional de Cultura, a acontecer em Brasília, no período de 13 a 16 de dezembro próximo. Como conseqüência, o Maranhão também ficaria fora da Política Nacional de Cultura e dos financiamentos do Governo Federal para o setor.

Seria efetivamente lamentável o Maranhão ficar fora de um programa nacional de incentivo e valorização da cultura, pois deixaria de explorar e desenvolver o rico cabedal de cultura do povo maranhense, cuja história está repleta de tradições, de costumes, de folclore, valores brotados da miscigenação do negro, do índio, do português e de tanta gente que, desde o início da colonização, demandou o Maranhão, penetrando no seu interior coberto de florestas, recortado de rios caudalosos, distante dos centros mais desenvolvidos, plantando civilização e progresso na robustez da vontade determinada para o crescimento, no peito e na raça, como diria a criatividade popular.

A cultura consiste de comportamentos explícitos e implícitos, adquiridos e transmitidos mediante símbolos e constitui o patrimônio singularizador dos grupos humanos, incluída sua plasmação em objetos.

São as idéias tradicionais como núcleo essencial, historicamente geradas e selecionadas, são os valores a elas vinculados, produtos da ação humana, de uma parte, e, de outra, elementos de interpretação da realidade presente e condicionantes da ação futura.

Cultura são os tipos de comportamento que distingue o homem das demais espécies: linguagem articulada, instituições, códigos de ética e de etiqueta, ideologias, um desenvolver-se contínuo, progressivo e cumulativo do processo de criação de instrumentos para a construção da vida e do desenvolvimento humano em sociedade.

A cultura faz do homem um ser único, enquanto somente ele tem a capacidade de simbolizar, de atribuir significado, de forma livre e arbitrária, às coisas e aos acontecimentos, aos objetos e às ações.

O Maranhão, em nenhuma hipótese, poderia ser privado do evento da I Conferência Estadual de Cultura. O Maranhão é terra de cultura que embelezou o Brasil e forma, com o Nordeste, um celeiro de criação e de beleza literária.

Nesse celeiro, vicejaram a inspiração e a verve de um Gonçalves dias, o vigoroso indianista dos Timbiras; Aluísio Gonçalves de Azevedo, membro fundador da Academia Brasileira de Letras e iniciador, entre nós, da chamada Escola Realista de nossa literatura, cujos romances são páginas de viva e segura observação social, onde se desenham com amplitude e exatidão os costumes do povo; Ferreira Gullar, com sua poesia exuberante, surpreendente e moderna; José Sarney, o cantor da realidade e da fabulação, da Saraminda, do Dono do Mar, dos Sinos de São José de Ribamar, cujo som silencia mergulhando nas ondas do Atlântico que lhe banha os pés; Coelho Neto, o príncipe dos prosadores brasileiros, segundo seus contemporâneos. São estrelas a compor a constelação de escritores e poetas do Nordeste. Uma constelação feita de José de Alencar e de Rachel de Queiroz, do Ceará; de José Américo de Almeida, da Paraíba; de Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, de Pernambuco; de Graciliano ramos, de Alagoas; de Rui Barbosa, Castro Alves e Jorge Amado, da Bahia. E tantos outros, Srªs e Srs. Senadores, todos brilhantes, brilhantes estandartes da prosa e da poesia, da beleza e da estética, da sutil sensibilidade do povo e de uma região, protótipos do bom gosto, a sublimar inteligências e corações e a dar lenitivo ao povo que se alegra e conta na vivacidade, na jovialidade de folguedos e de criações culturais.

Daí o meu aplauso, o meu reconhecimento, minha solidariedade, ao jovem Governador Jura Filho. Por meio do brilhante decreto de S. Exª, o Maranhão se recompôs em sua estrutura mais autêntica, cujo embelezamento fez o relicário maior do sentimento poético e prosaico da literatura nacional.

Congratulo-me com a Mesa, representada pelo grande conterrâneo e educador que é o Senador Mauro Fecury, secundado por outro educador, Senador Mão Santa. 

Por que não terminar o meu discurso dizendo que o Piauí também floriu a literatura nacional com um cabedal poético maior na vida emblemática preparada para os folguedos da inteligência com Costa e Silva, o poeta da saudade.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2005 - Página 31767