Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamentos sobre a visita ao Estado do Acre feita pelo Deputado Roberto Freire e os Governadores Blairo Maggi e Ivo Cassol. (como Líder)

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Questionamentos sobre a visita ao Estado do Acre feita pelo Deputado Roberto Freire e os Governadores Blairo Maggi e Ivo Cassol. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2005 - Página 33334
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • PROTESTO, VISITA, ESTADO DO ACRE (AC), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), GOVERNADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DE RONDONIA (RO), CRITICA, ALEGAÇÕES, NECESSIDADE, TRANSFORMAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, COMENTARIO, TENTATIVA, DESAJUSTAMENTO, MODELO, INVESTIMENTO, DESENVOLVIMENTO.
  • ELOGIO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DESLIGAMENTO, GOVERNADOR, ESTADO DE RONDONIA (RO), FILIAÇÃO PARTIDARIA, MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, IRREGULARIDADE, INVESTIGAÇÃO, JUDICIARIO, COMISSÃO EXTERNA, SENADO.
  • CUMPRIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), IMPEDIMENTO, FILIAÇÃO PARTIDARIA, POLITICO, ACUSADO, IRREGULARIDADE.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), APROXIMAÇÃO, AUTORIDADE PUBLICA, DIVERGENCIA, IDEOLOGIA.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Pela Liderança do Bloco/PT. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, sempre que venho à tribuna do Senado evito tratar de assuntos que considero mais de ordem local, de interesse doméstico. Porém, em alguns momentos, algumas questões extrapolam os limites do Estado, e eu acho que vale a pena tocar no assunto.

Nessa segunda-feira que passou, uma visita, no mínimo inusitada, ao Estado do Acre, foi feita pelo Deputado Roberto Freire, Presidente Nacional do PPS, pelo Governador Blairo Maggi, do Estado do Mato Grosso, e pelo Governador Ivo Cassol, do Estado de Rondônia. Estiveram lá, até então, no meu entendimento, fazendo uma visita política de seu Partido, conversando com as lideranças locais. Se não fosse pelo que consideramos uma afronta ao nosso perfil de Governo, à nossa metodologia de trabalho, às coisas em que também acreditamos e temos o direito de acreditar, eu não viria aqui hoje a esta tribuna para fazer também alguns comentários, Sr. Presidente.

Devo dizer que o Deputado Roberto Freire, ao abdicar de pessoas como o Ministro Ciro Gomes, como a Senadora Patrícia Saboya, e procurar, num ato de filiação, o Governador Ivo Cassol... devo dizer a V. Exª não compreendi absolutamente mais nada!

Nesse ínterim, eu preciso parabenizar a atitude do PSDB por ter promovido a desfiliação do Governador Ivo Cassol, tal é o grau de acusações, de problemas por que passa o Governador atualmente, não só por conta das investigações da Comissão Externa do Senado Federal, mas principalmente por atitudes promovidas pelo próprio Poder Judiciário, no qual responde já a processos, desde que foi Prefeito em um dos municípios do Estado, e assim por diante.

Pesa contra o Governador Blairo Maggi a acusação de ser o campeão do uso da motosserra em seu Estado, embora, pelo que parece, começam a haver mudanças nesse cenário. Mas são dois parâmetros completamente distintos daquilo que é o perfil da história do nosso Estado.

Então, Sr. Presidente, foram lá e desafiaram o nosso modelo de investimento, o nosso modelo de desenvolvimento. Eles têm o direito até de desafiar, mas devo dizer que têm de ter um pouco mais de respeito com a história de nosso povo e de nossa gente.

A visita dos dois Governadores e do Deputado nos provocou um alerta, e esse alerta é: foram lá dizer que precisam transformar o nosso Estado, o Estado do Acre. Transformar em que direção, Sr. Presidente? É uma pergunta que eu faço. Se fizerem oposição daquela maneira, com certeza, nós haveremos de revidar à altura.

Eu faço esta pergunta: mudar para onde? Mudar em que direção o nosso Estado? Se for na direção do que foi no passado, de trinta anos do Estado do Acre, então haverá resistência, como houve nas quatro fases da história do nosso Estado. Haverá resistência, sim. Estamos dispostos ao debate em qualquer nível que for colocado. Se for uma antecipação do processo eleitoral, muito bem. Teremos, com segurança, o momento em que a sociedade do Acre vai poder nos julgar. Vai julgar os oito anos de investimento, de trabalho do nosso Estado, do nosso Governo; vai poder julgar e escolher outro caminho.

Então, devo dizer, Sr. Presidente - pediria a V. Exª a complacência de dois minutos -, que, ao longo desse período, a primeira fase do Acre foi a luta para anexar aquele território ao Território nacional, ao Território brasileiro. Isso é algo que pedimos todas as vezes que subimos a esta tribuna. E nós subimos com emoção para bradar o que foi o heroísmo daquelas pessoas. A segunda fase foi quando o governo central da época negou ao Estado do Acre o direito de ser Estado e implantou lá o sistema de território federal. Houve uma luta de mais de cinqüenta anos para transformar o Acre em um Estado independente. Depois, veio a luta de resistência dos bravos moradores da floresta, a luta de resistência contra o modelo da economia. Eles queriam a floresta em pé. E atualmente, como resultado disso tudo, há a marca do nosso Governo, que chamamos florestania. Portanto, temos um bom debate.

Digo, com toda tranqüilidade, que os extremos se encontram - essa é máxima da matemática. E saúdo aqui os líderes do PFL, que tiveram uma atitude elogiosa, Senador José Jorge. Eu já disse em off, e vou dizer agora de público: a atitude do PFL do nosso Estado foi elogiosa, porque negou filiação a algumas pessoas que só têm causado prejuízos, danos morais e econômicos, todas as outras formas de dano ao Estado do Acre. Essas pessoas foram rejeitadas pelo PFL local. Parabenizo V. Exª pela decisão do seu Partido, Senador José Jorge.

A atitude do PSDB, da mesma forma, foi também elogiosa. Foi fazer oposição ao nosso trabalho, mas uma oposição que respeitamos, pelo tratamento que é dado.

Sr. Presidente, pessoas nefastas do passado - agora eu me assusto de ver - estão ao lado de figuras do PPS, que sonham com o socialismo. E eu não posso mais entender, não entendo mais nada de tudo o que li sobre sistema socialista, sistema capitalista, ou coisa parecida.

Nesse caso, devo apenas alertar que, se o debate for nessa linha, o Estado do Acre e nós estamos dispostos a enfrentar qualquer adversidade, da forma que já fizemos ao longo destes últimos 20, 30 anos. Com o vigor e com o rigor da energia do que foi a história de luta do nosso povo.

Sr. Presidente, gostaria apenas de fazer este desabafo e este alerta. Se o Governador Blairo Maggi e o Governador Ivo Cassol pensam que podem entrar no Estado do Acre para desfazer um trabalho árduo de 20 anos, de muito suor e sacrifício, estão redondamente enganados. Estou disposto agora a entrar nos Estados deles também e fazer um debate à altura do que quiserem tratar daqui para frente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2005 - Página 33334