Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de tristeza ante a grave crise que assola o país após 1000 dias do governo Lula. A eleição para presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Manifestação de tristeza ante a grave crise que assola o país após 1000 dias do governo Lula. A eleição para presidente da Câmara dos Deputados. (como Líder)
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2005 - Página 33344
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, CRISE, NATUREZA POLITICA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, CONDUTA, GOVERNO, LIBERAÇÃO, EMENDA, CONGRESSISTA, TENTATIVA, APOIO, CANDIDATO, ALDO REBELO, SENADOR, DISPUTA, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • PROTESTO, FALTA, COMPROMISSO, ETICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pela Liderança do PDT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, após os pronunciamentos dos Senadores Antonio Carlos Magalhães e Arthur Virgílio Neto, vou dizer o quê? Este Governo afundou num atoleiro do qual não vai sair mais. O Governo atual perdeu, definitivamente, a compostura.

Sr. Presidente, no momento em que o País vive, há três meses, uma grave crise, uma crise também moral, que atingiu profundamente o Governo e seu Partido, esperava-se uma mudança brusca de comportamento da parte de todos eles. Ao invés, voltam a repetir as mesmas práticas de antes.

A eleição de hoje na Câmara dos Deputados é um episódio vexaminoso. Todos esperavam, naquela Casa, uma reação cívica no sentido da escolha consensual de um nome capaz de resgatar a credibilidade da instituição. E o Governo deveria ter sido o primeiro a contribuir para isso. Diferentemente, ele lança o Sr. Aldo Rebelo e apela, de forma despudorada, para os mesmo métodos que o PT sempre condenou: com a liberação de um bilhão em verbas, para comprar votos de Deputados, sem nenhum critério de prioridade dessas emendas e com a promessa de cargos no segundo e terceiro escalões do Governo.

O Presidente da República não se peja, Senador Pedro Simon, de chamar ao Palácio, para negociar, o Presidente de um desses partidos, um ex-Deputado, que renunciou para não ser cassado por quebra de decoro. Ele é chamado pelo Presidente da República ao Palácio do Planalto para negociar votos e dar a vitória ao candidato oficial.

Mil dias de Governo Lula! Mil dias de um governo que 53 milhões de brasileiros elegeram para começar o processo de transformação deste País.

A vergonhosa compra de votos na Câmara, professores federais em greve por reajuste de salários, Prefeitos desesperados invadindo o Congresso porque o Governo não cumpriu compromissos assumidos, o Senador Arthur Virgílio à espera da resposta aos seus requerimentos a respeito dos cartões corporativos. Quando vier à tona este escândalo, ele não vai apenas chegar perto, mas vai atingir o Presidente da República. É este o Brasil novo que este Governo nos prometia.

Sr. Presidente, digo isso...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - ... com muita tristeza. Pela primeira vez na vida votei no Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Eu receava um pouco que Sua Excelência fosse destrambelhado e irresponsável na política econômica, mas tinha certeza de que faria um governo firmado em compromissos éticos. Enganei-me. O Governo está sendo responsável, graças, talvez, à atuação isolada, quase heróica, do Ministro Antônio Palocci, na condução da política macroeconômica, mas, ao reverso do que eu imaginava, o Governo mergulha fundamente numa crise moral da qual ele não vai mais se levantar.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Jefferson Péres?

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Seja qual for o resultado dessa eleição na Câmara dos Deputados, o Governo já perdeu. O Governo, moralmente, está morto, Senador Mão Santa.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Para concluir, ouço o aparte de V. Exª, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Jefferson Péres, V. Exª é um homem muito inspirado e iniciou suas palavras dizendo que faltava compostura. Quis Deus que eu tivesse às mãos uma nota de Cláudio Humberto, publicada no Jornal de Brasília, que tem o seguinte título: “Tá feia a coisa”. Diz a nota: “Lula foi a São Paulo, nas asas do Erário, para votar na eleição do PT. Mas não apareceu. Constrangidos, auxiliares próximos revelam o segredo: Sua Excelência não foi votar porque não se agüentava em pé. Não era cansaço.” Era aquela cachacinha. Ah, se ao menos fosse a mangueira do Piauí!

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Obrigado, Senador Mão Santa.

Encerro aqui o meu pronunciamento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2005 - Página 33344